quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Obras de recuperação do claustro da Sé de Lisboa serão adjudicadas este ano


Obras de recuperação do claustro da Sé de Lisboa serão adjudicadas este ano
Intervenção orçada em cinco milhões de euros será feita com recurso a fundos europeus e a um investimento da Direcção-Geral do Património Cultural e do Cabido da Sé de Lisboa.

LUSA e PÚBLICO 25 de Janeiro de 2017, 11:07

A adjudicação das obras de recuperação do claustro da Sé de Lisboa, um investimento de cerca de cinco milhões de euros, "deverá ocorrer durante o segundo semestre de 2017", adiantou à Lusa fonte oficial.

Até 15 de Fevereiro estará concluída a "revisão do projecto por uma entidade independente", um procedimento obrigatório tendo em conta o valor do investimento, disse à agência Lusa fonte da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

"Conforme o previsto, estará o lançamento do concurso público para as obras de 'Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal de Lisboa' durante o primeiro trimestre de 2017 e a adjudicação deverá ocorrer durante o segundo semestre de 2017", disse a mesma fonte, acrescentando que "o prazo de execução da obra é de 18 meses após a adjudicação".

O investimento total é 4.998.472 euros, sendo dois milhões suportados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), e "a restante verba assegurada pelo orçamento da DGPC e do Cabido da Sé de Lisboa, de acordo com protocolo celebrado entre as partes", em Setembro de 2010, e cuja adenda foi assinada em Julho de 2015 pelo então secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e pelo deão da Sé, Carlos Paes.

“Temos neste espaço um repositório único das nossas sucessivas povoações, povos e culturas”, disse na altura D. Manuel Clemente, justificando a necessidade de investir no património da Sé com a urgência de “recuperar a memória do edifício” e, com ela, “recuperar a memória da cidade e, até, do país”.

Também na ocasião, o arquitecto Adalberto Dias, responsável pelo projecto, explicou que o plano de reabilitação prevê o encerramento do átrio do claustro com uma laje, a musealização do espaço arqueológico em cripta e o acesso por elevador a partir da rua das Cruzes, lateral ao templo, no bairro de Alfama.

Está também prevista a conclusão dos trabalhos arqueológicos (iniciados em 1990, interrompidos em 2004 e retomados em 2011) e a elaboração do programa museológico de valorização dos bens patrimoniais identificados no referido contexto.

As escavações arqueológicas realizadas no claustro revelaram vestígios de ocupação humana com cerca de 2700 anos, desde a Idade do Ferro (século VII a.C.) à Idade Média, explicou o cónego Lourenço, à margem da cerimónia. A arqueóloga Alexandra Gaspar afirmou por seu turno, que naquele espaço encontram-se vestígios neolíticos, fenícios, romanos, visigodos, islâmicos e medievais.

Entre os despojos foi encontrado um conjunto de moedas de ouro islâmicas e algumas cristãs anteriores à chegada dos árabes, em 711, e uma ânfora romana.


Em 2015 estava prevista a abertura de três concursos públicos para a execução das obras de construção civil - uma empreitada de contenção periférica e escavação arqueológica, a construção do museu e fecho do claustro - e o restauro do espólio, segundo a mesma fonte, tudo se realizará "num único concurso, por razões administrativas, à excepção do restauro do espólio a ser exposto que integrará outra fase a desenvolver após a finalização da obra".

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