Câmara de Lisboa
está a estudar solução para evitar o fim do Lusitano Clube
POR O CORVO • 3
JANEIRO, 2017
Apesar do aproximar
do prazo para o cumprimento da ordem de despejo das históricas
instalações que ocupa há mais de um século em Alfama, o Lusitano
Clube ainda tem esperança de poder vir a encontrar uma solução
para um problema que ameaça de forma decisiva a sua sobrevivência.
Uma hipótese aberta pelo aparente interesse pelo assunto
demonstrado, nas últimas semanas, pela Câmara Municipal de Lisboa,
através do departamento de desporto. Os seus responsáveis estão a
analisar o dossiê, contando ainda com a colaboração dos
departamentos de urbanismo e de cultura.
“Uma delegação
de três pessoas visitou-nos, no início de dezembro, para conhecer
melhor a colectividade e se inteirar da nossa situação. Foram muito
atenciosos, demonstraram interesse genuíno e prometeram analisar a
questão com toda a atenção”, conta ao Corvo David Costa,
presidente da direcção do clube, que, na tarde desta segunda-feira
(2 de janeiro), anunciou o adiamento, em pouco mais de um mês, no
prazo para o abandono do rés-do-chão do 81 da Rua São João da
Praça – prédio para o qual está agora prevista a transformação
num conjunto habitacional de luxo.
A data que estava
originalmente fixada para à saída do Lusitano das instalações
onde funciona há muitas décadas era a do próximo dia 15 de
janeiro, como foi tornado público em setembro passado. “Por
questões logísticas relacionadas com a obra, e por cortesia do
senhorio, será possível prolongar a nossa permanência até, em
princípio, final de Fevereiro”, dá conta o comunicado de ontem,
que explica no ponto seguinte: “este prolongamento apenas nos dará
mais alguns dias para procurar e encontrar um novo espaço”.
O texto recorda
ainda que, recentemente, foi entregue na Assembleia Municipal de
Lisboa o resultado de uma petição apelando ao encontrar de uma
solução para o clube, lançada a 5 de dezembro e que reuniu mais de
um milhar de assinaturas. “Aguardamos da parte da CML novidades
sobre esta procura”, refere a nota, antes de apelar a todos os
sócios e simpatizantes a ajudarem na “procura e identificação de
espaços adequados e disponíveis para receber a nova sede do
Lusitano Clube”.
A direcção da
colectividade fundada há 111 anos pretende assim esgotar todas as
vias possíveis – oficiais e oficiosas – para salvar a própria
existência, que se torna quase impossível sem um espaço onde possa
desenvolver as suas actividades – as quais conheceram um forte
incremento nos dois últimos anos, através de uma renovação dos
corpos sociais, através da entrada em funções de um colectivo de
jovens pelos quais David Costa dá a cara e que insuflou de vida uma
agremiação até então entregue a uma existência timorata.
O presidente do
clube tem esperança num desenlace feliz, seja através da ajuda de
alguém da sociedade civil ou, como poderá vir a ser o caso, através
do poder autárquico. Depois das queixas de menosprezo do problema
por parte da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e da Câmara
Municipal de Lisboa, o auxílio poderá chegar desta última. No
seguimento da visita dos responsáveis do departamento de desporto da
câmara, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, terá mesmo tentado
sensibilizar o senhorio para a necessidade de encontrar uma solução
que não passe pelo despejo do Lusitano. Sem resposta positiva, os
responsáveis camarários estudam agora outras hipóteses.
Texto: Samuel Alemão
Fotografia: Hugo David
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