Barcelona
altera lei do alojamento para travar turismo
Em
2016, os 1,6 milhões de habitantes de Barcelona foram ultrapassados
pelos 32 milhões de turistas que começam a "sobrecarregar a
cidade".
Joana Rebelo Morais
27.01.2017 / 12:44
A cidade de
Barcelona deve aprovar esta sexta-feira uma lei para reduzir a
afluência de turistas, noticia o The Guardian. A nova lei, conhecida
como “plano urbano especial para a acomodação turística”,
pretende limitar o número de camas disponíveis nos hotéis e no
alojamento local e impõe uma moratória sobre a construção de
novas unidades hoteleiras e uma suspensão da emissão de licenças
para apartamentos turísticos. Em 2016, Barcelona recebeu 32 milhões
de visitantes. Os 1,6 milhões de habitantes foram “largamente
ultrapassados” pelos turistas, que, de acordo com o jornal
britânico, começam a “sobrecarregar a cidade”. É este o
resultado de mais de 25 anos de grande promoção da cidade como
destino turístico. À aprovação da lei segue-se um protesto na La
Rambla, no sábado. A célebre rua, que para muitos simboliza o
número excessivo e insustentável de turistas, vai ser ocupada por
mais de 40 associações de comunitárias e de moradores, sob as
palavras de ordem “Barcelona não está à venda”. Em causa estão
a especulação imobiliária e o consequente aumento de preços que
está a obrigar os residentes a deixar a cidade. Os protestantes
contestam ainda os baixos salários pagos no setor dos serviços
turísticos, que correspondem a metade do salário médio. “O setor
turístico e da restauração é o mais mal pago em Barcelona”,
explicou ao The Guardian Martí Cusó, membro da Assembleia de
Moradores para o Turismo Sustentável. Atualmente, há 75 mil camas
de hotel e 50 mil em apartamentos turísticos, mas estima-se que a
estas se somem mais 50 mil ilegais. As associações de moradores de
Barcelona estimam que perto de 17 mil apartamentos tenham sido
convertidos em alojamento turístico. A redução da oferta para os
residentes levou a que as rendas sejam agora as mais elevadas em todo
o país. Contudo, porque já há projetos em curso, o plano
contemplado pela nova lei só terá impacto depois de 2019. A
indústria turística opõe-se à nova lei, que diz “demonizar os
turistas”. Além disso, as entidades acreditam que limitar o
crescimento do turismo só pode ser prejudicial para a economia já
enfraquecida. Manel Casals, diretor-geral da Associação de
Hotelerios de Barcelona diz que o enfoque do plano está mal
direcionado: “Dos 32 milhões de pessoas que visitaram Barcelona no
último ano, apenas oito milhões ficaram hospedados em hotéis. 23
milhões são excursionistas que gastam muito pouco dinheiro na
cidade. Não vamos regular a afluência de turistas ao limitar o
número de camas. Vamos regular apenas o local onde dormem.”
Barcelona
cracks down on tourist numbers with accommodation law
Spanish
city expected to pass law to limit number of beds on offer and impose
moratorium on building new hotels
Stephen Burgen in
Barcelona
Friday 27 January
2017 07.00 GMT
The city of
Barcelona is expected to pass a law on Friday to curb tourism as
visitors have begun to overwhelm the city and anger local residents.
Last year the city’s
1.6 million residents were heavily outnumbered by an estimated 32
million visitors, about half of them day-trippers.
The new law comes
after more than 25 years of relentless promotion of the city as a
tourist destination, and coincides with a planned “occupation” on
Saturday of La Rambla, a street that has come to symbolise what many
view as the excessive and unsustainable number of tourists.
The occupation has
been organised by SOS Barcelona, an umbrella group for some 40
residents and community associations.
Under the slogan
“Barcelona isn’t for sale” the protesters are calling for an
end to property speculation, which is pricing residents out of the
city, and to low-wage jobs in tourist service industries.
“The tourist and
restaurant sector is the worst paid in Barcelona,” says Martí
Cusó, a member of the group. “They earn half the average salary.”
The new law, known
as the special urban plan for tourist accommodation, seeks to limit
the number of beds on offer from hotels and tourist apartments. It
imposes a moratorium on building new hotels and a halt in issuing
licences for tourist apartments.
However, as a number
of projects are already in the pipeline, the plan is not expected to
have an impact before 2019.
There are currently
75,000 hotel beds in the city and about 50,000 beds in legal tourist
apartments, plus an estimated 50,000 illegal ones. Residents’
associations calculate that some 17,000 flats are now tourist
apartments and that the resulting shortage has driven up rents that
are now the highest in Spain.
The proposal has met
fierce opposition from the tourism industry, which claims the law
demonises tourists and says that limiting growth can only hurt an
already weak economy in a city where tourism accounts for about 12%
of the city’s €72bn (£61bn) GDP, according to figures for 2014.
“The focus of the
plan is wrong,” insists Manel Casals, director general of the
Barcelona hoteliers association. “Of the 32 million people who
visited Barcelona last year, only 8 million stayed in hotels.
Twenty-three million were day-trippers who spend very little money in
the city. You’re not going to regulate tourism by limiting the
number of beds. They’re not regulating tourism, they’re only
regulating where people sleep.”
Daniel Pardo, a
member of SOS Barcelona who describes the group’s negotiations with
the city over the plan as “frustrating”, says that while it
doesn’t go far enough, it’s a start. “What’s positive is
there’s a plan to tackle this problem, however flawed that plan is.
No one has even considered doing this until now. Before the only plan
was more, more, more.”
In a survey carried
out by the city council in October on what residents perceived the
city’s biggest problems, tourism was second only to unemployment.
Jordi Ferrer, an
economist who specialises in the hotel sector, estimates that the
city will face a claim of €400m in compensation for projects
paralysed by the moratorium.
Sem comentários:
Enviar um comentário