Taxa
de reprovação de Dilma Rousseff bate recorde histórico
RITA SIZA 06/08/2015
- 13:46
Últimos
dados da Datafolha mostram que 71% dos brasileiros consideram o
desempenho da Presidente "mau ou péssimo".
A taxa de reprovação
do desempenho da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, bateu este mês
o recorde histórico de 71%, um valor superior àquele que o antigo
Presidente Fernando Collor de Mello registou antes de ser forçado a
demitir-se em 1992, no meio de um escândalo de corrupção.
A queda abrupta da
popularidade da Presidente, avaliada mensalmente pelo instituto de
sondagens Datafolha, coloca o seu Governo numa posição ainda mais
frágil para conter o fogo cerrado da oposição, que exige nas ruas
e no Congresso a resignação de Dilma Rousseff.
As sucessivas
revelações do mega-escândalo de corrupção em torno da Petrobras;
a recessão económica e o impopular programa de ajuste fiscal
desenhado para reequilibrar as contas públicas e a revolta da base
aliada no Congresso, que deixou o Governo e o Partido dos
Trabalhadores isolados na defesa das suas políticas, têm tido um
efeito devastador na governação.
De acordo com os
números da Datafolha, 71% dos brasileiros qualificam o Governo de
Dilma Rousseff como “mau ou péssimo” (em Junho, essa era a
apreciação de 65% dos inquiridos), contra apenas 8% que consideram
o desempenho da Presidente como “bom ou óptimo” (e que eram 10%
há um mês).
Quanto à eventual
demissão da Presidente, a Datafolha mostra que 66% dos entrevistados
concordam com a abertura de um procedimento formal para o afastamento
de Dilma Rousseff do cargo. E independentemente das opiniões sobre
os argumentos para a sua saída ou as dúvidas sobre a sustentação
jurídica do processo, 38% dos brasileiros acreditam que a Presidente
será destituída pelo Congresso – em Junho, só 29% diziam que
Dilma seria impedida de cumprir o mandato até ao fim.
Foi o que aconteceu
com Collor de Mello em 1992: o Presidente, enredado numa trama de
corrupção, acabou por se demitir do cargo na véspera da votação
de uma acção de destituição no Congresso (que veio a ser
aprovada, mesmo se apenas simbolicamente). Em Setembro desse ano,
quando abandonou a presidência, Collor tinha uma taxa de reprovação
de 68%, a mais alta desde que a Datafolha iniciou as pesquisas, em
1990.
Como revela o
director da sucursal de Brasília da Folha de São Paulo, Igor
Gielow, na capital do país o ambiente está ao rubro: de um lado da
trincheira, a oposição já está a contar espingardas para um
derradeiro assalto ao poder; do outro, as forças do Governo começam
finalmente a montar barricadas e planear a sua defesa à investida
anunciada. “Embora o palácio do Planalto mantenha um ar de
distanciamento que corresponde pouco com a realidade, três dos
principais actores políticos do Governo Dilma Rousseff foram a campo
na quarta-feira admitir com franqueza o óbvio: é grave a crise, e
no momento, incontrolável”, escreve.
O analista refere-se
às declarações do vice-presidente do país, Michel Temer, a quem
foi entregue a articulação política entre o Governo e o Congresso,
e que perante o avanço da votação de uma série de propostas
legislativas destinadas a lançar a confusão no executivo (já
chamadas de “pauta-bomba”) veio apelar à “união nacional”
para resolver a “difícil situação política e económica.
Além de Temer,
cujas palavras também foram lidas como um sério aviso para o seu
PMDB (o maior partido no Congresso e principal aliado do PT na base
que suporta o Governo), também o ministro da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, referiu a necessidade de firmar “acordos
suprapartidários” que permitam ao Governo atacar a crise económica
– uma mensagem repetida no mesmo dia pelo ministro das Finanças,
Joaquim Levy, que dramatizou a posição assumida pelos aliados no
Congresso para insistir que não será pela acção do Governo que se
verificará uma “ruptura” política.
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