Pleasing news: The
estimated 100 billion euros Angela Merkel's government has saved
since 2010, as a direct result of the Greek financial crisis,
accounted for over three per cent of GDP
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EDITORIAL/ PÚBLICO
Agradar
a gregos, a troianos e a alemães
DIRECÇÃO EDITORIAL
11/08/2015 - PÚBLICO
Alemanha
diz que não tem pressa para fechar um acordo. E tem 100 mil milhões
de razões para não a ter
Os gregos finalmente
chegaram a acordo com a troika para que esta possa dar luz verde ao
terceiro resgate financeiro. "Finalmente há fumo branco",
anunciava o ministro das Finanças Euclides Tsakalotos ao final de
mais uma maratona de 23 horas de negociações num hotel em Atenas.
Resumindo a reunião através da frieza dos números, é um cheque de
85 mil milhões de euros em troca de 35 medidas, muitas delas de
austeridade, que não fazem adivinhar um futuro risonho para um país
que esteve seis anos consecutivos com a economia em recessão.
Os responsáveis da
Comissão Europeia apressaram-se a vir dizer que o que se tinha
conseguido era apenas uma base técnica para o acordo, sendo que
ainda faltava o “consentimento político”, que é como quem diz,
o OK da Alemanha e da França. E o que diz a Alemanha? Um porta-voz
do Ministério das Finanças alemão veio dizer que a libertação
das tranches do empréstimo deveria ser proporcional ao ritmo de
implementação das reformas, que é o mesmo que dizer que não
acredita muito na boa vontade do Governo grego em implementar as
medidas. Juerg Weissegerber afirma que a Alemanha está pronta para
avaliar o terceiro resgate grego, “mas que a qualidade vem antes da
velocidade", ou seja, sem grandes pressas.
Pressa foi aliás
coisa que a Alemanha nunca mostrou nos últimos anos para resolver a
crise das dívidas soberanas, e essa postura não é alheia ao facto
de a própria economia germânica, pelo menos no presente, estar a
beneficiar imenso dessa mesma crise. Ainda esta semana um estudo
publicado pelo Instituto de Investigação Económica Leibniz conclui
que a Alemanha já “lucrou” mais de 100 mil milhões de euros com
a crise da zona euro. Como? Beneficiando da procura anormalmente
elevada por parte dos investidores que fugiam das obrigações dos
países periféricos para investir nas bunds alemãs, um activo de
refúgio em tempos de turbulência dos mercados. E se calhar o
arrastar da agonia europeia tem tido muito que ver com esta falta de
incentivos da Alemanha para colocar um ponto final na crise.
Até lá, o Governo
grego vai fazendo uma ginástica para agradar aos credores, sem
provocar uma rebelião a nível doméstico. Não é por acaso que o
Parlamento aprova o novo pacote de austeridade quase em simultâneo
com novas medidas para cortar os benefícios fiscais dos deputados e
dos ministros. Já que não se consegue contrariar a austeridade, ao
menos tenta-se moralizar a austeridade.
Mas o mais
preocupante no compromisso para o terceiro resgate é que o cenário
macroeconómico que serve de base ao acordo prevê que a economia
grega continue em recessão este ano (entre 2,1% e 2,3%) e em 2016
(0,5%). Por culpa do radicalismo do Syriza que paralisou a economia
nos últimos seis meses e por culpa do excesso de austeridade imposta
pelos credores. E sem grandes pressas, e à velocidade imposta pela
Alemanha, a Grécia caminha para uma década perdida.
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