Histórias
nos cartazes do PS não pertencem às pessoas fotografadas
PÚBLICO 07/08/2015
- 22:33 (actualizado às 23:03) / PÚBLICO
PS
pede desculpa às pessoas envolvidas nos outdoors. Uma das caras dos
novos cartazes socialistas diz que não está "desempregada
desde 2012", como é sugerido, e queixa-se que não deu
autorização.
As pessoas que
parecem contar as suas histórias pessoais nos outdoors do Partido
Socialista são na verdade “figurantes”. E uma delas revelou ao
jornal digital Observador que não deu autorização para a sua foto
ser usada nestes cartazes. O PS já reagiu, pedindo desculpa às
pessoas envolvidas.
Uma das mulheres que
figura nos outdoors publicitários, Maria João, disse ao Observador
que não deu autorização ao partido para usar a sua imagem e que,
ao contrário do que o cartaz sugere, não está “desempregada
desde 2012”. “A história não é minha. Aquela afirmação é
falsa”, disse ao Observador, a quem explicou que colaborava com a
Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, quando lhe foi tirada a
fotografia, no final de Julho.
O PS já admitiu que
as histórias nos cartazes e as suas figuras não correspondem à
mesma pessoa. “Trata-se de representações”, disse o partido na
resposta ao Observador. “Apesar de não faltarem exemplos de tantos
e tantos casos semelhantes aos denunciados no cartaz, não iríamos
expor assim as próprias pessoas e o seu sofrimento”, diz fonte
oficial dos socialistas. “Portanto, embora os cartazes sejam todos
relativos a casos reais, as pessoas são figurantes escolhidos e que
aceitaram figurar nos cartazes.”
Maria João assegura
que deu uma autorização verbal a Margarida Martins, presidente da
Junta de Arroios, liderada pelo PS, para ser fotografada e fazer
parte da “campanha do António Costa”. No entanto, diz, não lhe
foi explicada a finalidade da imagem nem pedidas mais autorizações.
Depois de mais esta
polémica, o PS emitiu um comunicado na noite desta sexta-feira em
que "pede desculpas públicas, em especial às pessoas
implicadas".
"A propósito
do processo de execução de um conjunto de cartazes temáticos
tivemos conhecimento que terá havido um entendimento, por parte de
pessoas envolvidas, diferente do que havia sido determinado",
diz o comunicado do PS.
“O PS solicitou já
esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de
serviços, bem como todas as informações necessárias a que se
possa avaliar o procedimento seguido”, salienta o comunicado, que
em nenhum momento pede desculpa por as histórias contadas não serem
das pessoas retratadas.
A nota dos
socialistas refere ainda "que, ao contrário do que foi
divulgado por alguns órgãos de comunicação social, o cartaz não
é da autoria de Edson Athayde".
Para além do caso
de Maria João – no cartaz, a sua cara surge ao lado da frase
“estou desempregada desde 2012, para o Governo não existo” – o
Observador avança também que pelo menos mais duas pessoas em
cartazes do PS são colaboradores da Junta de Freguesia de Arroios e
que a sua história pessoal não corresponde à frase que lhes é
atribuída. Um destes trabalhadores é a mulher que se diz
desempregada “há cinco anos” no cartaz contestado por
socialistas próximos do antigo secretário-geral do partido, António
José Seguro, e que estará a trabalhar em Arroios ao abrigo de um
programa do Centro de Emprego.
O PÚBLICO tentou,
sem sucesso, entrar em contacto com Margarida Martins.
Os cartazes do PS já
estavam a dar polémica pelo facto de a referências de desemprego
remontarem ao tempo do Governo de José Sócrates. As críticas foram
desvalorizadas na tarde desta sexta-feira pelo director de campanha,
Ascenso Simões, que em declarações ao PÚBLICO garantiu que os
cartazes vão continuar na rua e que na segunda-feira até será
lançado um novo.
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