O
dia da sobrecarga da Terra: começámos a viver acima das nossas
possibilidades
Aquele
discurso que por vezes surge no discurso político sobre Portugal e
os portugueses - que estamos ou estivemos a viver acima das nossas
possibilidades - aplica-se agora factualmente à Terra: acabámos de
esgotar o que o planeta conseguia dar em 2015
LUSA /EXPRESSO /
13-8-2015
Esta quinta-feira
marca a data em que a humanidade consumiu todos os recursos naturais
que o planeta é capaz de renovar num ano, segundo a organização
não-governamental Global Footprint Network (GFN).
O "dia da
sobrecarga da Terra" é assinalado este ano a 13 de agosto,
quatro dias antes do que sucedeu no ano passado, segundo os cálculos
da organização ambientalista, que alerta, citada pela agência
France Presse (AFP), para o aumento constante e "insustentável"
do ritmo do consumo de recursos naturais pela humanidade.
Em 1970, o "dia
da sobrecarga" foi marcado a 23 de dezembro e, desde então, a
data não parou de ser assinalada mais cedo: 3 de novembro em 1980,
13 de outubro em 1990, 4 de outubro em 2000, 3 de setembro em 2005 e
28 de agosto em 2010.
Este ano, "foram
precisos menos de oito meses para a humanidade consumir todos os
recursos naturais renováveis que a Terra pode produzir num ano",
uma clara indicação de que "o processo de esgotamento dos
recursos naturais está a acelerar", segundo a GFN.
A data representa,
para Pierre Cannet, responsável da energia e do clima do Fundo
Mundial para a Natureza (WWF) de França, "o ritmo incrível e
insustentável do desenvolvimento mundial". "Estamos à
beira de um precipício", declarou à AFP, calculando que até
2030 a humanidade arrisque "chegar ao sobreconsumo em junho".
Segundo a Global
Footprint Network, precisaríamos de 1,6 planetas para saciar o
consumo de recursos atual. A organização ambientalista calcula que
se as emissões globais de CO2 não diminuírem, em 2030 a data será
28 de junho.
Pelo contrário, "se
reduzirmos as emissões de CO2 em 30%" do seu nível atual, o
"dia da sobrecarga da Terra" deverá recuar até 16 de
setembro. "Reduzir as emissões de carbono contribuirá não só
para abrandar o aquecimento global", mas também "reduzir a
pegada ecológica a uma escala global", sublinha a organização.
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