terça-feira, 11 de agosto de 2015

Aquecimento global torna incêndios mais violentos / A batalha incerta dos fogos florestais DIRECÇÃO EDITORIAL / PÚBLICO

Aquecimento global torna incêndios mais violentos
por Lusa14 agosto 2009

Os incêndios florestais serão cada vez mais violentos e devastadores nas próximas décadas, devido ao aquecimento global, alertou hoje a Greenpeace espanhola.
"As alterações climáticas trazem uma nova geração de incêndios com consequências sociais e económicas até agora desconhecidas", garantiu o especialista em florestas da delegação espanhola da organização ecológica, Miguel Soto.
Espanha, Itália, França e Grécia fazem parte dos países mais afectados pelos fogos florestais em Julho, alimentados pelas temperaturas elevadas e pelos ventos violentos que se fizeram sentir.
"Os fogos florestais estão a tornar-se mais intensos e fora de controlo em Espanha, no Sul da Europa e noutras regiões semi-áridas como a Califórnia (Estados Unidos) e a Austrália", afirmou Soto, no discurso de apresentação do relatório da Greenpeace sobre este fenómeno.
Segundo a organização, as vagas de calor e a seca crescentes provocadas pelas alterações climáticas combinam-se com o abandono das terras rurais e com a falta de manutenção das áreas florestais, ficando as florestas "susceptíveis de arder cada vez mais e de forma mais incontrolável".
Os incêndios alimentam um "ciclo vicioso" em torno do aquecimento global: "As florestas são enormes reservas de carbono que, quando queimado, liberta quantidades massivas de gases com efeito de estufa na atmosfera", explica a Greenpeace.


A batalha incerta dos fogos florestais
DIRECÇÃO EDITORIAL / PÚBLICO /10/08/2015 - 21:33

Até Julho a campanha contra os fogos correu bem. Mas o abandono da floresta e o clima podem mudar o cenário

É difícil ler os registos sobre os fogos deste ano e não concordar com a análise da ministra da Administração Interna, que ontem chamou a atenção para o facto de um anormal número de ignições não ter determinado uma anormal devastação da área da floresta. O que isto quer dizer, e Anabela Rodrigues sublinhou-o como um trunfo político, é que as forças no terreno “têm respondido positivamente” aos desafios. O problema deste nexo de causalidade é que depende de cenários com um certo grau de previsibilidade, nos quais os bombeiros têm de responder a 100 ou 150 incêndios por dia. Os últimos registos fizeram disparar as ocorrências e tornaram prematura qualquer declaração sobre o sucesso da campanha.

Quem lida com o fogo e conhece minimamente a realidade da floresta portuguesa sabe que as tempestades perfeitas acontecem com facilidade. Portugal vive por estes dias as piores condições climatéricas dos últimos 16 anos. Mais de três quartos do país estão em seca severa ou extrema. Foi a combinação desses factores que trouxe os incêndios à actualidade. Não tanto pela sua gravidade, mais pelo número anormal de ignições (382 no domingo). Perante este cenário, é impossível acreditar numa resposta capaz por parte das forças no terreno.


O que afinal está em causa é uma estratégia errada, que coloca os bombeiros e não os silvicultores no centro da discussão sobre os perigos para a floresta. O estado de abandono negligente de imensas áreas florestais do país remete o sucesso ou insucesso do combate aos incêndios para factores aleatórios como a velocidade do vento, a humidade do ar ou a temperatura. Se esses factores mudarem nos próximos dias, a ministra terá de mudar o tom do seu balanço. Enquanto se gastar mais dinheiro no combate do que na prevenção, enquanto se falar da floresta apenas quando ela arde, não haverá discurso político que escape a essa volatilidade.   

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