EDITORIAL / PÚBLICO
Exercícios
de aquecimento
DIRECÇÃO EDITORIAL
05/08/2015 - PÚBLICO
Por
agora, as ‘guerras’ pré-eleitorais não são para levar a sério.
Muito do que se vai
passar no dia 4 de Outubro, data das eleições, começa agora a
tomar forma na cabeça dos portugueses. Ainda faltam cerca de dois
meses para irem votar e não tomam decisões nas férias, mas também
não estão totalmente alheados do que se passa à sua volta. Há
impressões que se vão consolidando e tendências que se acentuam ou
não, mas o doce remanso da silly season propicia um distanciamento
que ajuda a clarificar opções.
É por isso que os
partidos, sobretudo o PS e a coligação, não perdem qualquer
hipótese de marcar o terreno dos respectivos opositores. Nenhum dos
blocos está disposto a ceder um milímetro nas suas posições,
tanto mais que as sondagens indicam margens de grande incerteza sobre
o vencedor.
É isto que explica
as acesas polémicas dos últimos dias, quer sobre os números do
desemprego quer sobre um desvio de 660 milhões na receita fiscal
detectado pelos técnicos da UTAO na análise à execução dos
primeiros seis meses do Orçamento do Estado. Tal desvio, a
concretizar-se, põe em causa a meta do défice e inviabiliza a
devolução de parte da sobretaxa do IRS, cuja concretização
depende de a cobrança de impostos ser superior às metas
orçamentadas.
O ‘espectáculo’
montado à volta destas polémicas é como aquela guerra do Solnado,
tão falso que dá vontade de rir. Governo e oposição sabem que
tudo é encenado, um faz-de-conta para ver se agarra cidadãos
distraídos.
A oposição faz de
conta que não há tendência de quebra do desemprego, enquanto a
maioria foge a sete pés dos números incómodos da emigração e do
subemprego. O Executivo faz de conta que não tem dúvidas sobre a
meta do défice, enquanto para os partidos da oposição o falhanço
desse objectivo é uma questão de fé… E por aí adiante.
Até agora, nada de
novo nesta pré-campanha e talvez isso explique o empate técnico. O
segredo do desempate talvez esteja no vencedor da mais clássica de
todas as fases eleitorais – a das promessas. E desta vez,
resistir-lhe é capaz de compensar.
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