Costa
defende Sampaio da Nóvoa como candidato "próximo da família
socialista"
SOFIA RODRIGUES
12/08/2015 - PÚBLICO
Líder
do PS, em entrevista à Visão, volta a pedir desculpa pela "sucessão
de equívocos" nos cartazes.
O secretário-geral
do PS, António Costa, defende que Sampaio da Nóvoa é um candidato
presidencial “próximo da família socialista” e recusa revê-lo
na “caricatura esquerdista” com que tem sido descrito. Mas ainda
não foi desta que declarou apoio expresso a um candidato a Belém.
Em entrevista à Visão, e segundo excertos publicados esta
quarta-feira no site da revista, o líder dos socialistas insiste na
recusa em falar do caso Sócrates.
António Costa
admite que só foi uma vez, no Natal do ano passado, visitar o antigo
primeiro-ministro socialista à cadeia de Évora e recusa comentar o
caso, mas diz que sobre isso ao PSD “foge-lhe sempre o pezinho para
a chinela”.
Relativamente a
presidenciais, o líder do PS volta a remeter uma decisão do partido
para um “momento próprio”. Mas chama a atenção de que “nesta
altura já há um candidato assumido e próximo da família
socialista” que é Sampaio da Nóvoa, o antigo reitor da
Universidade de Lisboa. Sem dar o apoio expresso, António Costa diz
ter “muita estima” pelo candidato que não considera enquadrar-se
na “caricatura esquerdista” como o têm definido. E lembra que o
antigo reitor não participou apenas no último congresso do PS, mas
também em iniciativas socialistas de António José Seguro e de José
Sócrates.
Questionado sobre a
hipótese de Maria de Belém avançar como uma candidatura à
Presidência da República, Costa lembra os vários momentos em que o
partido esteve em desacordo sobre candidaturas e até a altura em que
o fundador Mário Soares disputou a eleição contra o histórico
Manuel Alegre. Mas deixou um aviso sobre o perfil de um candidato a
Belém: “Acho incompreensível que numa eleição por natureza
proposta por cidadãos e que apela aos princípios da cidadania se
defenda que só têm direito a candidatar-se os nascidos e criados
nas estruturas partidárias... quando a Presidência da República
deve ser, por excelência, o espaço da cidadania”.
Depois de uma semana
difícil para o PS por causa da polémica dos cartazes – e com
António Costa em silêncio justificado com as suas férias – as
primeiras palavras voltam a ser as de um pedido de desculpas. “O
episódio dos cartazes tratou-se de uma sucessão de equívocos, um
caso lamentável e, por isso, pedimos desculpa”, disse o
secretário-geral, apesar de tentar desvalorizar o caso em que a
propaganda socialista utilizou imagens de pessoas com uma história
não autorizada e sem corresponder à verdade.
Marcando a distância
entre as propostas do PS e as da coligação, o líder socialista
assinala também uma diferença de posições face “à dupla
Bloco/PCP” em torno da Europa, mas não esclarece o que pode
condicionar um futuro acordo ou coligação de Governo. “O que é
que essa diferença impede, não sei. Para nós, a Europa e o euro
são inegociáveis”, disse. Já sobre o apelo do Presidente da
República para uma maioria absoluta, o líder do PS respondeu com
ironia ("Há quem tenha visto nessas palavras um apelo à
maioria absoluta do PS") e deu conta do que mais lhe pedem nas
ruas: “Corra com eles”.
António Costa
voltou a defender uma postura diferente da assumida pelo actual
Governo perante Bruxelas e admite ter um ministro para os Assuntos
Europeus.
Ao mesmo tempo,
distancia-se da defesa da renegociação da dívida (contrariando
muitas das vozes no seu partido), recorrendo ao exemplo de Atenas.
“Quem tem defendido essa solução não tem tido muito sucesso,
como se viu no caso grego”, afirmou.
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