sábado, 24 de agosto de 2013

"Ai, ai são trocas baldrocas, Altas engenhocas Que eles sabem inventar!" ( Letra de uma "canção" )



Rui Machete desmente-se a si próprio


Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que afinal comprou as acções da SLN a 2,2 euros e não a um euro, como disse ao PÚBLICO
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, emitiu quinta-feira uma nota a afirmar que comprou acções do grupo SLN, dono do BPN, por 2,2 euros e não por um euro, como tinha afirmado em Julho. Então, o PÚBLICO inquiriu o ministro sobre notícias de que, na década passada, teria vendido as suas acções pessoais da SLN à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), instituição à época presidida por si. Dias depois, Machete esclareceu que não vendeu acções à FLAD, mas que tivera acções da SLN na sua carteira pessoal.
Inquirido sobre a que preço comprara as acções, respondeu que fora a um euro e que anos mais tarde as vendeu a 2,5, o que teria representado um ganho de 150%. A 10 de Agosto, o Expresso noticiou que a FLAD adquiriu, na mesma data, acções da SLN a 2,2 euros - ou seja, Machete teria comprado acções da SLN a um preço inferior ao da instituição a que presidia. São estes factos que Machete vem agora negar, desmentindo-se a si próprio.
"No que respeita aos preços de aquisição das acções, a notícia em causa [Expresso de 10 de Agosto] baseou-se no relatório e contas da FLAD e numa informação anterior do PÚBLICO, ao qual admiti, equivocadamente, que teria adquirido as acções ao preço de um euro. Apercebi-me do equívoco ao ser posteriormente referido que tinha adquirido as acções a um preço diferente da FLAD, quando era minha absoluta certeza de que tal não acontecera. Apesar dessa convicção, não respondi de imediato, porque não dispunha na altura das provas documentais que podiam confirmá-la insofismavelmente", diz Machete, em comunicado ao PÚBLICO.
"Depois de reunidos e analisados os documentos que formalizam as referidas transacções de acções, realizadas há mais de 12 anos, estou agora em condições de afirmar peremptoriamente que não comprei acções da SLN a 1 euro, nem comprei acções da SLN a um preço diferente do que pagou a FLAD", diz a nota. Machete diz que subscreveu 22.650 acções da SLN, em 27 de Dezembro de 2000, num aumento de capital, a 2,2 euros, "exactamente o mesmo que pagou a FLAD, no mesmo momento e no mesmo processo, como resulta da ordem de compra que [detém] em [seu] poder e da escritura pública de reforço do capital social celebrada em 28 de Dezembro de 2000".
Em 2003, diz o ministro, recebeu "1132 novas acções da SLN, num aumento de capital por incorporação de reservas, através do qual se atribuiu a todos os accionistas uma acção por cada vinte detidas". A carteira de acções voltou a crescer em 2004, em mais um aumento de capital, em que comprou mais 500 acções a 1,8 euros. "A partir dessa data, não fiz aquisições adicionais de acções da SLN; mais uma vez, como qualquer outro accionista, incluindo a FLAD, limitei-me a receber 1214 novas acções resultantes de um novo processo de aumento de capital".

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