quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Lentidão das obras da Rua do Ouro criticada por comerciantes da Baixa.


Lentidão das obras da Rua do Ouro criticada por comerciantes da Baixa


Começaram em Junho e não se sabe quando terminam. O que se diz na rua é que são necessárias, mas deviam ser muito mais rápidas
Ao longo da Rua do Ouro, na Baixa lisboeta, as opiniões dos comerciantes sobre as obras que têm à porta desde Junho são unânimes: eram necessárias, porque a rua estava "uma lástima", mas os trabalhos "deviam ter sido mais breves".
Os trabalhos, que incluem a repavimentação da faixa de rodagem, a remoção dos antigos carris dos eléctricos e a reparação de alguns troços de passeios e lancis, começaram no fim de Junho e realizam-se em três fases. A última começou no início deste mês e não tem data de conclusão. Um porta-voz da câmara disse à agência Lusa que os trabalhos estão a "decorrer a bom ritmo" e que estarão terminados "o mais breve possível".
Para Fernando Gonçalves, proprietário de um quiosque na Rua de S. Nicolau, perpendicular à Rua do Ouro, "o mais breve possível" é já "demasiado demorado". Em declarações à Lusa, o ardina, que está ali há 35 anos, disse não compreender por que razão as obras não foram feitas com um horário mais alargado.
"Isto tinha de ser feito. Mas tinha de ser feito mais depressa, com mais gente, e durante mais tempo, de dia e de noite. As obras tiveram um impacto grande no negócio. As pessoas deixam de vir para aqui, mudam de hábitos, depois nem se lembram de pensar se a rua já estará desimpedida outra vez", afirmou.
Também o ourives Vítor Salgado, de portas abertas no número 87 da R. do Ouro há 57 anos, considerou que "era preciso arranjar a rua" e lamentou que as obras, desviando dali o trânsito, lhe tenham desviado da porta "os poucos clientes que ainda vêm".
"A obra incomodou, sim. Primeiro porque o impacto inicial das alterações à circulação gerou aqui uma grande confusão e era um inferno de buzinas, depois com o pó e o barulho. Embora agora as coisas estejam mais calmas [a intervenção da terceira fase incide no troço compreendido entre o Rossio e o cruzamento com a Rua da Assunção, acima do n.º 87], houve momentos em que tive que fechar a porta", acrescentou.
Do outro lado da rua -que só pode cruzar-se em alguns locais, porque há redes, ou grades, a limitar o espaço onde decorre a obra -, o responsável pelo café e restaurante Central da Baixa, Pedro Costa, disse à Lusa que "as obras tiveram muito impacto no negócio" e que os clientes se queixam.
"Está bom tempo e a esplanada está vazia. Com as obras as pessoas foram obrigadas a dar uma grande volta para chegarem aqui. A maioria dos meus clientes habituais acabou por deixar de vir e os turistas não param. Ninguém vem meter-se numa rua cheia de tractores e máquinas de obras", disse. No número 196, entre uma coloração e um corte de cabelo, Anabela Sousa contou que "estas obras têm sido horríveis". A cliente sentada ao fundo, de toalha na cabeça, por exemplo, "entrou logo a reclamar porque caminha com alguma dificuldade e teve de andar muito para aqui chegar" devido às obras.
"A rua estava a precisar, disso ninguém duvida, mas isto levou daqui alguns clientes e teve fases complicadas. Na semana passada foi a fase do pó. As minhas calças, que são pretas, até mudaram de cor", concluiu.
Carlos Bráulio, taxista, fez uma análise muito crítica dos últimos dois meses. A rua, disse, "estava uma lástima" e não deixava margem para dúvidas sobre a necessidade desta intervenção, mas, defendeu, "as obras podiam ter sido feitas durante a noite, para incomodar menos, ou de manhã à noite, para ficarem concluídas mais depressa".
Além disso, "o trânsito de carros particulares devia ter sido cortado muito mais acima. Nas primeiras semanas foi horrível. O trânsito acumulou-se, os cientes reclamavam com a demora, havia filas intermináveis de carros a buzinar", contou.

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