Provedora dos animais de Lisboa bate com a porta e critica
direcção do canil/gatil
MARISA SOARES 14/08/2013 – in Público
Marta Rebelo sai menos de dois meses após ter assumido
funções. Denuncia situações de "promiscuidade" e falta de condições
no canil da capital.
A provedora dos animais da Câmara de Lisboa, Marta Rebelo,
apresentou a demissão menos de dois meses após ter assumido o cargo. Numa longa
carta publicada na sua página do Facebook, a jurista tece duras críticas à
câmara bem como à direcção do canil/gatil, acusando-a de
"paternalismo".
Marta Rebelo foi nomeada a 18 de Junho pelo presidente da
autarquia, António Costa, para o cargo recém-criado. Tinha como funções fazer
recomendações, receber e tratar as queixas sobre a Casa dos Animais (nova
designação do canil/gatil). No entanto, menos de dois meses depois bateu com a
porta devido “às dificuldades, às inverdades, à ausência de emergência, à
inexistência de urgência que circunda a Casa dos Animais de Lisboa”.
Na carta em que explica os motivos pelos quais apresentou a
demissão, Marta Rebelo critica o “afastamento” de António Costa das questões
relacionadas com o canil e reprova a organização camarária, que considera
“insustentável, disfuncional e auto-proclamatório de nadas”. Denuncia também o
“paternalismo demonstrado pela direcção” da Casa dos Animais, que considera
"completamente ausente". O PÚBLICO tentou contactar a direcção,
liderada por Veríssimo Pires, sem sucesso até ao momento.
Em declarações à Lusa, o vereador do Ambiente Urbano
(responsável pelo canil/gatil), José Sá Fernandes, disse estar surpreendido com
a demissão de Marta Rebelo, a qual lamenta. Indicou ainda que não será
apresentado outro provedor e que aguarda as propostas do grupo de trabalho
criado para ouvir associações e munícipes sobre o funcionamento do canil/gatil
e apresentar sugestões, até ao final do mês.
Sobre esse grupo de trabalho, Marta Rebelo escreve:
“Tornou-se para mim claro que o meu sítio não é ou será alguma vez aquele em
que se constitui um grupo de trabalho que alia peritos e os serviços
municipais, sob o crédito e a batuta institucional da pessoa que ocupa a
louvável posição de bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, para um mês e
meio depois ver essa figura institucional numa lista partidária candidata à
vereação da Câmara de Lisboa.”
A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina
Pedroso, integra a lista de suplentes da candidatura Juntos Fazemos Lisboa,
liderada por António Costa (PS).
“A promiscuidade que este acto indicia, noutras
circunstâncias inocente, destrói completamente a credibilidade de um Grupo de
Trabalho que se queria independente, analista ao ínfimo das práticas actuais da
Casa dos Animais e recomendador rigoroso das boas práticas que devem marcar o
futuro”, afirma a provedora demissionária.
Animais sem análises
Marta Rebelo denuncia o mau funcionamento do canil/gatil,
onde as salas de quarentena são feitas de “fumos de palco” e as bactérias e
vírus “se espalham gatil afora, e outras canil adentro”. E aponta casos
concretos. Fala, por exemplo, do Corujinha, um cão que provavelmente estaria
morto há mais de um mês sem a ajuda da Polícia Municipal e de “um dado
encarregado da Casa dos Animais”. O cão contraiu uma doença enquanto estava no
canil, “provavelmente uma parvovirose”. O uso do advérbio é propositado:
“Porque análises de sangue é coisa que não vi ali sucederem. Nunca.”
“Não confio nas condições da ala do gatil” para receber os
animais, continua Marta Rebelo. E dá outro exemplo, que pesou na sua demissão:
o de quatro gatos que foram adoptados e, por terem uma doença não detectada no
gatil, contagiaram mais 13 animais das famílias adoptivas. Morreram os 17. “Mas
afinal, terá sido só panleucopenia”, afirma, criticando novamente a ausência de
análises aos animais.
A ex-provedora, que é também jurista e foi deputada pelo PS
na Assembleia da República e na Assembleia Municipal de Lisboa, sublinha que
apesar de tudo encontrou no canil/gatil “pessoas dedicadas, amantes dos
animais, que ali se encontram desamparadas na fama formada sem proveito de
serem reais bestas”.
“Não abandono animais. Mas abandono pessoas e projectos que
não são genuínos”, remata. Nesta quarta-feira, em declarações à Lusa, Marta
Rebelo acrescentou que apresentou a demissão no domingo mas só a tornou pública
na terça-feira, na página do Facebook dedicada ao provedor. E disse que“a
emergência que está ali é de tal sorte, que não se compadece com grandes
elaborações e compassos de espera, nem com umas obras que já pararam muitas
vezes (por razões alheias à vontade municipal, na maior parte dos casos), mas
que implicam agora um grande esforço e uma grande concentração de esforço de
obra, para que as coisas mudem”.
“Infelizmente, não é só o tijolo que tem de mudar. E esse
conjunto de coisas inviabilizou a forma como eu encaro, ou encarei, o exercício
daquela missão”, referiu.
"Jarra eleitoral não sou", diz Marta Rebelo,
criticando António Costa
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Provedora dos animais de Lisboa bate com a porta e critica direcção do canil/gatil
Marta Rebelo sai menos de dois meses depois de tomar posse. Denuncia
"promiscuidade" e falta de condições no canil/gatil
Na carta em que explica os motivos pelos quais se demitiu, Marta Rebelo critica o "afastamento" de António Costa das questões relacionadas com o canil e reprova a organização camarária, que considera "insustentável, disfuncional e autoproclamatória de nadas". Denuncia também o "paternalismo demonstrado pela direcção" da Casa dos Animais, que considera "completamente ausente". O PÚBLICO tentou contactar a direcção, liderada por Veríssimo Pires, mas sem sucesso.
Em declarações à Lusa, o vereador José Sá Fernandes (responsável pelo canil/gatil) disse estar surpreendido com a demissão de Marta Rebelo e que a lamenta. Indicou ainda que não será nomeado outro provedor e que aguarda as propostas do grupo de trabalho criado para apresentar sugestões, até ao final do mês, sobre o funcionamento do canil/gatil.
Sobre esse grupo de trabalho, Marta Rebelo escreve: "Tornou-se para mim claro que o meu sítio não é ou será alguma vez aquele em que se constitui um grupo de trabalho que alia peritos e os serviços municipais, sob o crédito e a batuta institucional da pessoa que ocupa a louvável posição de bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, para um mês e meio depois ver essa figura institucional numa lista partidária candidata à vereação da Câmara de Lisboa."
A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso, integra a lista de suplentes da candidatura Juntos Fazemos Lisboa, liderada por António Costa (PS). "A promiscuidade que este acto indicia, noutras circunstâncias inocente, destrói completamente a credibilidade de um grupo de trabalho que se queria independente, analista ao ínfimo das práticas actuais da Casa dos Animais e recomendador rigoroso das boas práticas que devem marcar o futuro", afirma a provedora demissionária, rematando a certa altura: "Jarra eleitoral não sou."
Marta Rebelo denuncia o mau funcionamento do canil/gatil, onde as salas de quarentena são feitas de "fumos de palco" e as bactérias e vírus "se espalham gatil afora, e outras canil adentro". E aponta casos. Fala, por exemplo, do Corujinha, um cão que contraiu uma doença enquanto estava no canil, "provavelmente uma parvovirose". O uso do advérbio é propositado: "Porque análises de sangue é coisa que não vi ali sucederem. Nunca."
A ex-provedora, que foi deputada pelo PS na Assembleia da República e na Assembleia Municipal de Lisboa, salienta no final do seu texto: "Não abandono animais. Mas abandono pessoas e projectos que não são genuínos."
A provedora dos animais da Câmara de Lisboa, Marta
Rebelo, apresentou a demissão menos de dois meses após ter assumido o cargo.
Numa longa carta publicada na sua página do Facebook, a jurista tece duras
críticas à câmara bem como à direcção do canil/gatil.
Marta Rebelo foi nomeada a 18 de Junho pelo presidente da autarquia, António
Costa, para o cargo recém-criado. Tinha como funções fazer recomendações,
receber e tratar as queixas sobre a Casa dos Animais (nova designação do
canil/gatil). No entanto, menos de dois meses depois bateu com a porta devido
"às dificuldades, às inverdades, à ausência de emergência, à inexistência de
urgência que circunda a Casa dos Animais de Lisboa".Na carta em que explica os motivos pelos quais se demitiu, Marta Rebelo critica o "afastamento" de António Costa das questões relacionadas com o canil e reprova a organização camarária, que considera "insustentável, disfuncional e autoproclamatória de nadas". Denuncia também o "paternalismo demonstrado pela direcção" da Casa dos Animais, que considera "completamente ausente". O PÚBLICO tentou contactar a direcção, liderada por Veríssimo Pires, mas sem sucesso.
Em declarações à Lusa, o vereador José Sá Fernandes (responsável pelo canil/gatil) disse estar surpreendido com a demissão de Marta Rebelo e que a lamenta. Indicou ainda que não será nomeado outro provedor e que aguarda as propostas do grupo de trabalho criado para apresentar sugestões, até ao final do mês, sobre o funcionamento do canil/gatil.
Sobre esse grupo de trabalho, Marta Rebelo escreve: "Tornou-se para mim claro que o meu sítio não é ou será alguma vez aquele em que se constitui um grupo de trabalho que alia peritos e os serviços municipais, sob o crédito e a batuta institucional da pessoa que ocupa a louvável posição de bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, para um mês e meio depois ver essa figura institucional numa lista partidária candidata à vereação da Câmara de Lisboa."
A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso, integra a lista de suplentes da candidatura Juntos Fazemos Lisboa, liderada por António Costa (PS). "A promiscuidade que este acto indicia, noutras circunstâncias inocente, destrói completamente a credibilidade de um grupo de trabalho que se queria independente, analista ao ínfimo das práticas actuais da Casa dos Animais e recomendador rigoroso das boas práticas que devem marcar o futuro", afirma a provedora demissionária, rematando a certa altura: "Jarra eleitoral não sou."
Marta Rebelo denuncia o mau funcionamento do canil/gatil, onde as salas de quarentena são feitas de "fumos de palco" e as bactérias e vírus "se espalham gatil afora, e outras canil adentro". E aponta casos. Fala, por exemplo, do Corujinha, um cão que contraiu uma doença enquanto estava no canil, "provavelmente uma parvovirose". O uso do advérbio é propositado: "Porque análises de sangue é coisa que não vi ali sucederem. Nunca."
A ex-provedora, que foi deputada pelo PS na Assembleia da República e na Assembleia Municipal de Lisboa, salienta no final do seu texto: "Não abandono animais. Mas abandono pessoas e projectos que não são genuínos."
CARTA publicada no Facebook pela Ex-Provedora Marta Rebelo
Hoje, dia 13 de Agosto de 2013, passam apenas 57 dias da
minha tomada de posse enquanto Provedora Municipal dos Animais de Lisboa,
nomeada pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa.
Neste 57 dias, o sucesso que consegui obter no âmbito da
missão que tomei em mãos é incomparavelmente inferior às dificuldades, às
inverdades, a ausência de emergência, à inexistência de urgência que circunda a
Casa dos Animais de Lisboa, as suas paredes atuais e aquelas que já há muito
deviam estar erguidas. Os seus dirigentes e outra gente. As salas de quarentena
que persistem em ser feitas de fumos de palco, as bactérias e vírus que se
espalham gatil afora, e outras canil adentro.
O que consegui foi um pouco para além do óbvio, e que tão
pouco caberia a um “tradicionalíssimo provedor”: tirar algumas fotos e
divulga-las pelo mais céleres dos meios atuais – o facebook -, dar informações
legais a quem me as solicitou, procurar dar abrigo para animais abandonados, e
pressionar muito, muitíssimo – trabalho que não se vê e, consequentemente, não
existe para quem procura muito a cegueira. Conseguimos, num dia épico de 40º à
sombra, fazer prevalecer a vida de um animal sobre a propriedade privada. Uso o
plural porque sem um grupo de elementos da Polícia Municipal, seu Chefe e seu
Comandante, dotados dos aparelhos de sensibilidade que deviam ser funcionais em
todos os humanos e não são, e da coragem dos destemidos, sem eles, o Corujinha
jazeria provavelmente morto há mais de um mês. Sem um dado Encarregado da Casa
dos Animais de Lisboa o Corujinha jazeria morto, depois de uma doença contraída
na Casa dos Animais de Lisboa que apenas podemos saber ser “provavelmente” uma
parvovirose. Porque análises de sangue é coisa que não vi ali sucederem. Nunca.
Nem quando nove gatos recolhidos da mesma casa, com o delicioso ar felino de
pequenos bebés e aparência saudável, começaram a morrer fulminantemente em casa
dos adotantes, a contagiar dramaticamente os gatos próximos, com diagnósticos
concretos de calicivírus por médicos veterinários analistas da exames de
sangue. A resposta, quando questionada, da equipa veterinária da CAL, foi
“panleucopenia”, embora sem certezas porque, para não ser diferente, não se
analisou sangue ou animais. Para quê? Afinal, estamos apenas a falar do canil e
do gatil que alberga os animais da capital do país.
Desde o início afirmei e julguei existente, manifesto e
intenso o respaldo do Presidente da CML, promotor das mudanças traduzidas no
afastamento da anterior Diretora do Canil/Gatil Municipal, Dra. Luísa Costa
Gomes e nomeação do atual Diretor da Casa dos Animais de Lisboa, Dr. Veríssimo
Pires; na criação da figura do Provedor Municipal dos Animais de Lisboa e
consequente nomeação da minha pessoa para essa missão e; na criação de um Grupo
de Trabalho presidido pela Sra. Bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários,
por elemento, veterinário naturalmente, indicado pela dita Ordem, pelo
responsável pelo Departamento Municipal que tutela a Divisão responsável pela
Casa dos Animais de Lisboa, pelo Diretor da mesma e por mim, na condição óbvia
de Provedora. Esse respaldo não apenas não foi manifesto ou intenso, como foi
totalmente anulado pelo afastamento do Senhor Presidente do assunto. Esse respaldo
tornou-se para mim patentemente fugaz face ao paternalismo demonstrado pela
Direção da CAL. Finalmente, tornou-se para mim claro que o meu sítio não é ou
será alguma vez aquele em que se constitui um Grupo de Trabalho que alia
peritos e os serviços municipais, sob o crédito e a batuta institucional da
pessoa que ocupa a louvável posição de Bastonária da Ordem dos Médicos
Veterinários, para um mês e meio depois ver essa figura institucional numa
lista partidária candidata à vereação da Câmara Municipal de Lisboa. A
promiscuidade que este ato indicia, noutras circunstâncias inocente, destrói
completamente a credibilidade de um Grupo de Trabalho que se queria
independente, analista ao ínfimo das práticas atuais da Casa dos Animais e
recomendador rigoroso das boas práticas que devem marcar o futuro. “À mulher de
César não basta ser, há que parecer”, já se diz há séculos. No dia em que soube
deste encaixe de lista, a minha decisão entretanto já tomada tornou-se sólida
como a pedra mais dura.
Eu acumulei o odioso de ser a cara dada pela Casa dos
Animais de Lisboa, quando esta tem Direção serena; o odioso dos anos em que
nada se fez pelo canil/gatil municipal e ali se fizeram coisas impróprias de
designação civilizada; o odioso de encarnar um demónio eleitoralista, porque há
eleições autárquicas a 29 de Setembro. Tenho costas largas e pelos animais
abrigados na CAL acumularia três vezes o odioso que me ofereceram. Se alguma
coisa mudasse com urgência. Se eu visse mudança, cheirasse confiança, ouvisse
certezas dignas, tateasse cães e gatos saudáveis. Jarra eleitoral não sou. E
pouco me interessam os atos eleitorais, se o candidato é pessoa que aprecio ou
não. Sempre disse a quem me nomeou que gostando pessoalmente de quem gostasse,
gosto muitíssimo mais dos animais. Cada vez mais, friso.
Quando pessoas próximas souberam de antemão que tinha aceite
esta missão, rapidamente me alertaram com preocupação para a areia na
engrenagem do interior da organização camarária – que considero insustentável,
disfuncional e auto proclamatório de nadas –, mas também para os ódios,
mesquinhez, inveja e outros tantos adjetivos que paira sobre a dita “causa
animal”. Não estavam errados, até porque essas pessoas conhecem bem o dito
universo. Povoado por grandes pessoas, de amplo coração, mas infelizmente
ultrapassados em número por pessoas lamentavelmente pequenas, tacanhas e
seriamente empenhadas em promover o insucesso alheio. A quantidade de
deseducados e candidatos a donos absolutos da verdade é tão grande que por
vezes temo pelos animais que dizem amar e proteger, e que são tantas vezes
repositórios de candidaturas à santidade e de desequilíbrios emocionais humanos
graves. Lá está, o verdadeiro animal predador, aqui, é o ser humano. E o
verdadeiro sabotador dos direitos e proteção dos animais são aqueles que mais
batem com a mão no peito clamando conhecimento de causa, ao interessarem-se
senão pela sua verdade, pelo seu quintal, pelo português hábito de dizer mal
desinformada e gratuitamente. Tive o enorme desprazer de conhecer ou saber da
existência de tal gente. Que provavelmente encomendam em correria foguetes para
celebrar a minha demissão. Desproporcionados face ao fogo-de-artifício
gigantesco que descreve o bem-estar de nunca mais ter de saber da sua
existência e não ter qualquer dever de as ter por perto. O feminino não é
género alheio à descrição.
Conheci também das melhores pessoas do mundo, e essas
levo-as comigo, para a minha vida pessoal. Críticas, sugestivas, que sabem bem
mais que eu mas não apregoam o seu generoso conhecimento, e que realmente
ignoram o humano do lado para se focarem em quem interessa: os animais.
Encontrei, também, nos funcionários da Casa dos Animais de Lisboa pessoas
dedicadas, amantes dos animais que ali se encontram, desamparadas na fama
formada sem proveito de serem reais bestas. Foram meus colegas, trabalhei com
eles de igual para igual – coisa que efetivamente somos. Mudaram de atitude?
Sentiram também que alguém mudou de atitude para com eles. E isso faz muita
diferença.
Enquanto escrevo esta mensagem pública, estou em contacto
com uma rapariga aflita com dois gatinhos recém-nascidos, que associação
nenhuma consegue ajudar a acolher e tratar; com uma senhora que se torna minha
comadre, pois juntas acolhemos a partir de hoje uma ninhada de uma mamã gata ferida
por um cão, que findo o aleitamento terá de ser amputada pelo veterinário que
cuida dos meus “miúdos”, que são a minha família; com um senhor que quer ir de
férias e para isso “dá” a uma desconhecida após contacto telefónico, os gatos
que tem desde 2009. Em nenhum destes casos me valho senão das minhas
possibilidades. Não confio nas condições da ala do gatil da CAL para acolher
estes gatinhos. De há duas semanas a esta parte, sou incapaz de promover ou
sugerir tal coisa seja a quem for.
Custa-me sair, na medida em que uma batalha enorme
aparentemente ganha era apenas uma patranha. Nem toda a boa vontade do mundo
chega. Nem todo o querer do universo chega. Nem as mudanças lentas chegam.
Quando tudo jaz, afinal, na ponta da caneta de um homem só.
As únicas vidas que me interessam, neste processo de agonia
lenta e enorme frustração, são os animais. Graças a uma mudança efectiva, posso
visitá-los, fotografá-los, mimá-los dentro do horário em que a Casa dos Animais
tem portas abertas a visitantes. Levarei uma muda de roupa, que largarei em
seguida, para não repetir o risco de transportar vírus para a minha família.
Também eu senti na pele o que é ter uma bebé que amo em risco de vida, porque
eu transportei comigo a doença que quase a levou. É um número, para além da
impotência a que me reconheci remetida afinal desde sempre, que torna
“irrevogável”, como é moda dizer-se, a minha demissão: 17. Dezassete gatos
falecidos na sequência de doença e contágio, sequência fatal tremenda que
começou numa sala da CAL e terminou em cadáveres de gatos que nunca tiveram
senão a fortuna de serem amados pelos seus donos. Dezassete cadáveres. Com
nome, família, casa e as muitas saudades que deixam. Mas afinal, terá sido só
panleucopenia, diz-se lá do Monsanto.
Em geral, as pessoas esperam de uma pessoa que exerça uma
tarefa pública, um distanciamento gélido a que se convencionou chamar “cunho
institucional”. Se tal pessoa não agir de acordo com o protocolo
institucionalizado, não passará de um “baldas” sem decoro. Impróprio. Desadequado.
Que não leva a sério o que tem em mãos. Eu sou informal. Sou disponível para as
pessoas. Sou aguerrida. Características, aliás, subjacentes ao convite para
Prover pelos animais de Lisboa.
Os juízos ficam para quem pratica o desporto de julgar no tribunal
doméstico. Para os obcecados, que os há. E para as candidaturas da verdade
absoluta. Não sei, com franqueza, se haverá Provedor seguinte. É sorte que não
posso desejar a alguém. Mas receber queixas e reencaminhá-las é o expectável de
quem se siga. Para incomodar sonoramente, para mais em tempo eleitoral, já
houve esta. Que não se repita o erro de não dominar a voz de quem sirva de
“Ouvidor”!
Não abandono animais. Mas abandono pessoas e projetos que
não são genuínos. Espero que haja grande esforço em provar que eu estava
errada. Que tudo o que aqui aponto mude no próximo mês, e que eu engula as
palavras escritas. Não as engolirei, porque sei-as tremendamente verdadeiras.
Mas nada me importo desse esforço pelo meu descrédito, se tal servir os interesses
dos animais que vivem na CAL e cá fora. Porque na verdade, tudo jaz, afinal, na
ponta da caneta de um homem só.
A má sina dos provedores na CML
João Soares mudou a fechadura a Costa Lobo
A figura de provedor na Câmara de Lisboa parece estar
condenada ao fracasso. Antes de Marta Rebelo, já o urbanista Manuel da Costa
Lobo (que morreu em Maio passado) tinha exercido funções como provedor do
Ambiente e Qualidade de Vida Urbana, entre 1990 e 1998, no mandato dos
socialistas Sampaio e João Soares. Durante aquele período teceu duras críticas à
gestão municipal, sobretudo em relação ao espaço público, e travou algumas
batalhas. Opôs-se, por exemplo, à ampliação das instalações do Tribunal
Constitucional, no Palácio Ratton (que acabou por avançar). Talvez pelas notas
negativas que foi dando ao executivo de Soares, acabou por ser afastado à força.
Em 1998, Soares mandou esvaziar-lhe o gabinete, mudou a fechadura e transferiu a
sua secretária para outro serviço. João Soares argumentou, na altura, que o
mandato do provedor tinha cessado ao terminar também o mandato da assembleia
municipal, que o tinha nomeado. Em 2000, a assembleia aprovou uma recomendação à
câmara para que esta indicasse um nome para ocupar o cargo, mas isso nunca
aconteceu.
1 comentário:
Existem associações e particulares que se manifestam há anos (http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/) e tentam com propostas realistas conseguir de facto proteger os animais de Lisboa, alguém conhece? E conseguiram juntar dinheiro para ir para tribunal e provar que as condições do canil/gatil Municipal eram desadequadas/impróprias, foram ignorados pela anterior direcção demitida (que era incompetente e de má fé mentiu em tribunal)! Foram vitimas de acto de vandalismo a quando uma visita ao canil (furaram-lhe os 4 pneus do carro, aos outros carros. ..nada!), não fizeram sequer uma investigação sendo aquele um lugar isolado seria muito fácil chegar aos culpados (os funcionários que a ex-provedora diz serem acusados falsamente de serem umas bestas!), aliás os mesmos que durante este tempo todo (e há vários testemunhos), deixavam animais a morrer de ferimentos; lavavam á mangueirada as boxes/jaulas do canil/gatil animais incluídos:( ; ignoravam animais doentes; a parirem em agonia; a morrerem em sofrimento; fezes em cima da comida e água, etc...ignoravam tudo isto porque apesar de serem seres que gostava de animais, tinham ordens para o fazer?! Alguém acredita nesta patranha?! As condições eram péssimas, ninguém podia filmar ou fotografar lá dentro, mas ainda assim foram várias as pessoas que o fizeram e as imagens chocaram (durante algum tempo...), agora há um horário de repartição publica 9:30/16:30 para visitas (excepto a hora de almoço), por isso dentro desse horário está tudo como num museu, limpo, e brilhante, como é durante o resto do tempo (17h), ninguém sabe nem nunca vai saber porque não há acessos nem maq. fotográficas nem sorrisos encenados :(...acham que é melhor? Para os animais não é com toda a certeza! E o que fez esta senhora que se ofereceu para o lugar de Provedora dos animais de Lisboa? Abriu uma página no Facebook que geria como se de uma página privada se tratasse...quem incomodava por fazer perguntas pertinentes, era apelidado de mal educado e banido, fez a apologia do canil todos os dias excepto nos últimos dias(em que já sabia da nomeação da outra para as listas!), pedia coordenadas de todos os animais que eram encontrados a vaguear, independentemente de lhes conhecer a história(houve até uma senhora que pediu a captura de um animal o “Pintas” e que mais tarde veio a pedir se não o poderiam voltar a colocar na rua pois ele era tão feliz na rua - pena que esse e outros que lá foram parar estejam agora em risco de serem abatidos!).Propagandeou acções pessoais de salvamento(que depois resultaram em morte como veio a reconhecer), a adopção de um animal do canil de Loulé...mas que afinal já tinha sido adoptado há anos?! Em suma tudo o que fez foi usar um figura que deveria ser tudo menos o que foi (isenta, mediadora com o canil, etc.), tudo o que conseguiu foi levar para a morte mais animais e quando se viu preterida não aguentou e num acto típico bateu a porta e deixou para trás todos aqueles que meteu naquele sitio que ela mesma denomina de holocausto! Neste caso, para os animais do canil, a ex-Provedora (que nunca foi), vai tarde demais! :(
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