Este país não é para Briefings. Só duraram 44 dias
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Por Luís Claro
publicado em 17 Ago 2013 in (jornal) i online
Começaram no início do Verão, mas não resistiram às altas
temperaturas. No PSD há quem deseje que não regressem de férias
Um mês e meio foi o tempo que duraram, pelo menos com este
formato, os polémicos briefings do governo. A intenção era resolver o problema
de comunicação, mas os próprios briefings tornaram-se um problema e não
resistiram ao Verão. "O ruído", expressão utilizada por Poiares
Maduro para expressar a fragilidade do modelo, foi tanto que o governo já
anunciou a intenção de alterar o formato e a regularidade dos encontros.
Foi pela regularidade, ou falta dela, que os briefings
começaram a gerar polémica. Se, no início, o governo anunciou que os encontros
seriam diários para que o executivo falasse "a uma só voz" não tardou
que passassem a ser bissemanais. Como se não chegasse, um dia depois de o
governo inaugurar este novo modelo de comunicação, Paulo Portas comunicou ao
país que se tinha demitido. No próprio dia em que Portas lançou a bomba ainda
houve briefing, como se nada estivesse para acontecer dentro do governo, mas a
abertura de uma crise política fez os briefings irem de férias durante quase um
mês. Uma "coincidência infeliz", nas palavras do ministro Poiares
Maduro ou não tivesse Vítor Gaspar apresentado a demissão no dia em que o
governo estreou os briefings.
FOI UM SUSTO Com a crise resolvida, os briefings voltaram,
mas nem por isso as coisas correram melhor. Em plena polémica sobre o
envolvimento do secretário de Estado do Tesouro no caso dos swaps, Pais Jorge
enfrentou as câmaras de televisão, mas não conseguiu disfarçar algum
nervosismo, e sobretudo embrulhou-se em contradições. Na semana seguinte, o
governante apresentou a demissão. "Foi um susto ver o homem
responder", comentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O ex-líder do PSD avisou que "ainda não houve um
briefing que corresse bem", enquanto Marques Mendes apontou o dedo a quem
os dirige, que "não tem jeito para tal". Num artigo na revista
"Visão", esta semana, o ex-ministro de Cavaco Silva defende que
tentar resolver problemas políticos com operações de comunicação "dá
desastre garantido".
Tanto o PSD como o CDS receberam com alívio a notícia do fim
dos briefings, perante a confusão que estavam a criar em vez de melhorar a
comunicação. "Não foi feliz a ideia", admite ao i o deputado
Guilherme Silva. O ex-líder do grupo parlamentar do PSD defende que se
"provou" que "este modelo falhou" e "não se justificava".
Guilherme Silva, como outros no PSD, defende que "as medidas têm de ser
explicadas", mas não assim.
Mais cauteloso, o deputado centrista Raul de Almeida
reconhece que "a comunicação não foi bem cuidada e não foi uma
prioridade" nos primeiros dois anos do governo, mas julga que isso se
justifica com a situação de "emergência nacional". A partir de agora,
o centrista considera que existem condições para "afinar o formato dos
briefings". "É uma coisa nova. Não quer dizer que no primeiro formato
as coisas corram bem."
VAMOS PENSAR MELHOR
Perante tantas críticas, o governo decidiu pensar noutro formato, mas ainda não revelou qual. O ministro Poiares Maduro disse apenas que o governo irá pensar "como melhor evoluir", mas garantiu que terão uma "regularidade diferente" e "um formato" novo. O que isto quer dizer só saberemos quando os mentores dos briefings regressarem de férias, provavelmente num briefing convocado para o efeito.
"O briefing diário tornou-se uma tarefa inútil para os
repórteres, um incómodo constrangedor para o pessoal da administração e uma
fonte de atrito entre os dois campos", escreveu em Julho deste ano Reid Cherlin,
antigo assessor do gabinete de imprensa da Casa Branca sob a administração de
Barack Obama, propondo acabar definitivamente com este modelo de comunicação
entre o executivo e os jornalistas. A sugestão caiu como uma bomba em
Washington, mas a maior parte dos meios de comunicação concorda que algo tem de
mudar.
Perante tantas críticas, o governo decidiu pensar noutro formato, mas ainda não revelou qual. O ministro Poiares Maduro disse apenas que o governo irá pensar "como melhor evoluir", mas garantiu que terão uma "regularidade diferente" e "um formato" novo. O que isto quer dizer só saberemos quando os mentores dos briefings regressarem de férias, provavelmente num briefing convocado para o efeito.
Casa Branca.O fim dos briefings pode estar para breve
Por Catarina Falcão
publicado em 17 Ago 2013 in (jornal) i online
Respostas vagas e ambiente de crispação entre o gabinete de
imprensa e os jornalistas tem gerado críticas das duas partes
O mais recente "atrito" aconteceu quando o
secretário de Imprensa Jay Carney - que entre outras responsabilidades, age nos
briefings como porta-voz do executivo -, confrontado com a questão da
Associated Press sobre se os incidentes no Egipto estavam a ser considerados
pelo governo como um golpe de Estado, levando a que fosse cortada a ajuda que
os EUA dão ao país, respondeu que a Casa Branca estava a "analisar a
situação" e a "monitorizar os acontecimentos no país". As
perguntas seguintes insistiram neste tema e Carney acabou por não dar uma
resposta clara às solicitações.
"É como se fôssemos peões num reality show. Prefiro
gastar hora e meia a encontrar-me com alguém ou a enviar emails para quem tenha
noção do que é importante, ou seja, fazer o meu trabalho de jornalista",
apontou Peter Baker do "The New York Times". Também Michael McCurry,
antigo secretário de Imprensa de Bill Clinton, escreveu numa crónica que a
relação entre a comunicação social e a Casa Branca "está cada vez mais
amarga" e o ambiente na sala do briefing é muitas vezes
"sulfuroso", não só porque o tom da imprensa "é cínico e
sarcástico", mas porque a equipa do secretário de Imprensa "desconsidera"
os jornalistas.
Não são só as respostas evasivas dadas pelos sucessivos
secretários de imprensa que têm sido alvo de críticas. A própria organização
dos jornalistas na sala - a planta que determina quem se senta onde é decidida
pela Associação de Correspondentes da Casa Branca - também tem sido contestada,
com as grandes cadeias de televisão a conseguirem melhores lugares na sala e a
fazerem perguntas primeiro.
UM SÉCULO DE BRIEFINGS As conferências de imprensa na Casa
Branca comemoraram este ano o seu 100.o aniversário. Em 1913, Woodrow Wilson
convidou 125 jornalistas para uma conversa e a tradição começou, mas foi o seu
secretário pessoal, Joseph Tumulty, que iniciou os briefings diários. O cargo
de secretário de Imprensa da Casa Branca só foi oficializado durante a
administração Roosevelt e durante muito tempo os briefings não eram filmados
nem gravados, tratando-se de conversas informais com jornalistas. As câmaras
foram introduzidas em 1955 por curtos períodos e foi na presidência de Nixon
que foi construída a sala em que hoje os briefings têm lugar - por cima da
piscina interior de Franklin Roosevelt.
O briefing começou a ser filmado na íntegra na presidência
de Clinton. "A partir do momento em que a televisão passou a transmitir o
briefing em directo, tornou-se o equivalente diário de uma novela da noite para
os canais noticiosos. Tornou-se um teatro do absurdo em vez de uma troca útil
de informações com a imprensa", disse Michael McCurry em entrevista. Como
alternativa há quem sugira nos corredores da Casa Branca voltar ao sistema de
conversas informais ou pura e simplesmente tornar mais regulares as interacções
entre o presidente e os jornalistas.
Respo
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