Um ataque para punir Assad, forçar o regime a negociar e avisar Teerão
Uma operação cirúrgica para mostrar a sírios e iranianos que os EUA falam a sério quando impõem "linhas vermelhas" pode não mudar o curso da guerra. Um guião para o que se desenha
Os cenários estão preparados e já há alguns
porta-aviões no lugar. Barack Obama já terá decidido que vai dar a ordem, mas
não necessariamente qual das opções escolherá.
Os riscos de agir não desapareceram - o Presidente recordou sexta-feira que
os Estados Unidos "não podem resolver o que é um complexo problema sectário na
Síria". Mas, de repente, os riscos de não intervir parecem maiores. O uso de
armas químicas em grande escala vem somar-se ao envolvimento do Irão (e do
Hezbollah) na guerra. "Pela primeira vez, em mais de dois anos, a urgência não
se sente só na Síria, chegou a Washington, Londres e Paris", escreve na
Foreign Policy Gayle Tzemach Lemmon.A opção mais provável, avança o jornal Washington Post citando "altos responsáveis da Administração", passa por "um ataque militar limitado no âmbito e na duração", pensado para funcionar "como punição pelo uso de armas químicas pela Síria e como dissuasor, evitando que os Estados Unidos se envolvam mais profundamente na guerra civil do país".
O que Obama está a considerar, resume o New York Times, é "uma lista de acções para "travar e minar" a capacidade de Assad lançar armas químicas".
Limitar riscos e custos, baixar as expectativas em relação aos objectivos, parece ser a mensagem. Já se sabia que o envio de soldados para o terreno não se colocava; Washington e Londres garantem que provocar uma mudança de regime também não está em discussão.
Para os EUA - e ao contrário do que aconteceu na Líbia, desta vez os primeiros disparos serão norte-americanos - três factores vão determinar o calendário desse ataque: as provas da culpabilidade de Assad na morte de centenas de sírios têm de ser reunidas; as consultas com os aliados e com o Congresso terão de ser concluídas, e é preciso determinar uma justificação à luz da lei internacional.
As provas
Ninguém nega que foram usadas armas químicas contra várias localidades nos arredores de Damasco. Organizações internacionais confirmaram que gases tóxicos afectaram 3600 pessoas (Médicos Sem Fronteiras), matando centenas.
Norte-americanos, britânicos, franceses, turcos e a Liga Árabe, todos já disseram que é o regime de Bashar al-Assad que está por trás dos ataques. O seu arsenal químico é real e significativo - nem o regime o esconde - e grandes quantidades destes agentes estão numa forma militarizada, prontos a serem usados em bombas lançadas de aviões ou ogivas colocadas em mísseis.
Como é que se sabe que foi Assad a usá-los? A resposta pode ser mais simples do que parece: todos os serviços secretos activos na região vigiam de perto essas armas, que permanecem sob controlo do Governo. O regime, ao contrário dos rebeldes, tem os meios para as lançar. Saber é diferente de provar, o escrutínio será grande e reunir provas suficientes talvez demore uns dias. Os inspectores da ONU continuam hoje as suas visitas aos locais atingidos, mas como sublinhou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, a investigação vai permitir saber o que foi usado - não quem usou.
A legalidade
Britânicos e turcos já disseram que terá de ser encontrada uma solução à margem do Conselho de Segurança, onde se sabe que a Rússia (e provavelmente a China) usará o seu direito de veto. Na Líbia, russos e chineses abstiveram-se, abrindo caminho à autorização da ONU para uma intervenção que, no papel, visava proteger Bengasi e, na prática, serviu para derrubar Muammar Khadafi.
A Administração Obama está à procura de precedentes no Kosovo de 1999, quando Bill Clinton usou o apoio da NATO e a necessidade de proteger um grande número de civis para lançar ataques contra a Sérvia. Entretanto, a ONU aprovou a "responsabilidade para proteger" (François Hollande admite que pode ser usada na Síria). Foi esta norma que serviu como justificação para a operação na Líbia.
Cada vez mais peritos em conflitos e lei internacional estão convencidos que será invocada a violação da Convenção das Armas Químicas por parte de Assad. A Síria não é signatária, mas isso não será um obstáculo. "Quando um princípio é geralmente aceite, torna-se parte do que chamamos lei consuetudinária internacional, que vincula tanto os estados como um tratado", diz ao Guardian Mark Reiff, perito em ética dos conflitos. Se em causa, como parece, estiver um cenário de "retaliação", David Bosco, da Universidade Americana de Washington, defende que a "doutrina permite que uma parte viole a lei internacional em resposta à clara violação da lei internacional cometida pela outra parte".
Operação cirúrgica
Um "ataque punitivo", escreve Bosco no blogue Multilateralist da revista Foreign Policy, "não implica um compromisso para derrotar o regime [de Assad], não sugere um desejo de apoiar os opositores, não compromete os governos ocidentais com o fim de todos os abusos no conflito sírio nem com a reconstrução do Estado pós-conflito". O tal ataque muito limitado descrito pelo Washington Post, que reduz os riscos e os custos para os envolvidos, pode ser também mais fácil de justificar do ponto de vista da lei, sustenta Bosco. "A mensagem para o regime é simples, directa e limitada, se usas estas armas terríveis pagas um preço". "Esta norma internacional não pode ser violada sem consequências", disse Kerry na segunda-feira. "Penso que deve ser cirúrgico. Deve ser uma resposta ao que aconteceu com os químicos", defendeu à NBC Bob Corker, o mais importante republicano no Comité de Relações Externas do Senado.
Os alvos
Tanto o Post como o New York Times escrevem que os alvos mais prováveis deste ataque cirúrgico não são os locais onde estão armazenadas as armas químicas, muitos e dispersos (Damasco, Palmira, Goms, Alepo, Latakia, Masyat...). Em vez disso, explicaram ao Times responsáveis do Pentágono, os alvos serão as unidades militares que estarão por trás dos ataques químicos, os mísseis e a artilharia que serviu para os lançar e os quartéis que supervisionaram a operação. Os alvos iniciais estão a ser escolhidos a partir de uma lista de menos de 50.
Em Istambul, o líder da Coligação Nacional Síria, Ahmad Jarba, entregou ontem aos enviados dos "Amigos da Síria", uma lista de dez propostas de alvo, incluindo o Aeroporto Militar de Mezze, nos subúrbios ocidentais de Damasco, a base de Qutaifa (usada para lançamento de mísseis), no norte da capital, e o complexo que abriga a 4ª Divisão Mecanizada, a unidade de elite lidera por Maher al-Assad, irmão de Bashar, e formada quase só por alauitas (o ramo do xiismo da família no poder). A oposição responsabiliza a 155ª brigada desta divisão pelo ataque em Ghutta.
Mais ataques limitados
Uma primeira vaga de ataques deverá ser seguida por uma pausa para avaliar os danos infligidos e a resposta do regime. A Síria tem defesas anti-aéreas respeitáveis, pelo que os alvos dos ataques terão de ser inspeccionados por satélites ou por aparelhos de vigilância aérea.
Enfraquecer o regime sem o derrubar é o objectivo dos que, dentro da Administração, defendem várias vagas de ataques e não apenas um "ataque punitivo" que não duraria mais de dois dias. Neste caso, os ataques visariam mais capacidades militares (Força Aérea) e unidades das Shabiha, a temida milícia do regime, acusada de abusos dos direitos humanos, e até palácios presidenciais.
Os meios
Em qualquer das opções em cima da mesa, os ataques seriam lançados a partir de navios de guerra norte-americanos ou de aviões que não entrariam no espaço aéreo sírio. Neste momento, os EUA têm quatro contratorpedeiros (USS Mahan, USS Barry, USS Gravely, USS Ramage) que transportam mísseis de cruzeiro no Mediterrâneo - entre eles, levam mísseis 430 Tomahawks com um alcance de até 2400 quilómetros.
O porta-aviões USS Harry S Truman deixou o Mediterrâneo no dia 18 e está no Mar Vermelho. A Força Aérea dos EUA também pode recorrer aos bombardeiros B-2 estacionados no Missouri, que podem atacar alvos no Médio Oriente com apenas uma paragem para reabastecer, e ainda a vários a F-16 espalhados em bases da região (na Jordânia, por exemplo).
Os britânicos mantêm um submarino de ataque no Mediterrâneo, enquanto o porta-aviões francês Charles de Gaulle está de novo operacional, e a três dias de distância da Síria. Os franceses também têm aviões Rafale e Mirage nos Emirados Árabes Unidos.
As bases dos EUA na Turquia (Incirlik e Esmirna) e a base da Força Aérea britânica em Chipre (Akrotiri) são os pontos de lançamento mais prováveis para uma ofensiva.
Os objectivos
Num cenário mais restrito, o objectivo será impedir Assad de voltar a usar armas químicas contra os sírios. Alguns na Casa Branca defendem que é inútil lançar uma intervenção se esta não visar dobrar o regime ao ponto de o convencer a negociar (deixando cair Assad).
Ao mesmo tempo, uma acção serviria para assinalar aos iranianos (e às suas ambições nucleares) que as "linhas vermelhas" traçadas em Washington são para levar a sério. "Se alegados ataques [com armas de destruição maciça] são permitidos até em grande escala, a credibilidade de Washington vai sofrer", escreve Gayle Tzemach Lemmon, do think tank Council on Foreign Relations.
Ontem, a oposição fez saber que recebeu um aviso em duas partes: o ataque vai acontecer daqui a dias; preparem-se para negociar a paz e entrar num governo de transição logo depois. "Se a Rússia acreditar que pode ser evitado um vazio de poder, vai mostrar mais interesse em conversar sobre a paz", diz a analista do Council. "Como a Casa Branca repetiu na segunda-feira, o conflito só vai acabar com uma solução política."
Reino Unido "não procura derrubar Assad", diz
vice-primeiro-ministro britânico
Por Agência Lusa
publicado em 27 Ago 2013 in (jornal) i online
O Reino Unido está a preparar-se para uma possível ação
militar, em resposta à utilização de armas químicas na Síria, declarou hoje um
porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron
O Reino Unido está a ponderar uma "resposta séria"
ao uso de armas químicas na Síria, mas "não procura derrubar" o
regime de Bashar al-Assad, afirmou hoje o vice-primeiro-ministro britânico,
Nick Clegg.
U.S. intelligence has established timeline of Syrian
chemical attack, officials say
By Karen DeYoung and Anne Gearan, Published: August 27 |
Updated: Wednesday, August 28, / http://www.washingtonpost.com/world/national-security/obama-administration-lays-groundwork-for-probable-military-strike-against-syria/2013/08/27/538d072e-0f3c-11e3-bdf6-e4fc677d94a1_print.html
The Obama administration believes that U.S. intelligence has
established how Syrian government forces stored, assembled and launched the chemical
weapons allegedly used in last week’s attack outside Damascus, according to
U.S. officials.
The administration is planning to release evidence, possibly
as soon as Thursday, that it will say proves that Syrian President Bashar
al-Assad bears responsibility for what U.S. officials have called an
“undeniable” chemical attack that killed hundreds on the outskirts of the
Syrian capital.
The report, being compiled by the Office of the Director of
National Intelligence, is one of the final steps that the administration is
taking before President Obama makes a decision on a U.S. military strike
against Syria, which now appears all but inevitable,
“We are prepared,” Defense Secretary Chuck Hagel told the
BBC on Tuesday. “We have moved assets in place to be able to fulfill and comply
with whatever option the president wishes to take. We are ready to go.” The
assets include four cruise-missile-armed destroyers in the Mediterranean.
The timing of such a military response is being dictated by
the need not only to assemble incontrovertible evidence against Assad — an
important prerequisite for the administration, and the country, given the
recent memories of a war based on false claims of weapons of mass destruction —
but also to allow consultation with Congress and international partners.
Britain, France and Turkey have indicated willingness to
contribute to military action. The administration is weighing the importance of
direct international participation in an effort that U.S. forces are prepared
to undertake themselves.
The safety of United Nations experts who are in Syria
investigating the chemical weapons allegations is also an issue, said a senior
administration official who spoke about internal deliberations on the condition
of anonymity.
The U.N. experts, who on Monday conducted the first of what
was to be four days of on-site inspections, postponed their Tuesday visit
because of security concerns. Reports of the Aug. 21 attack in the Ghouta area
outside Damascus derailed their original plans to visit three other sites in
western Syria where chemical strikes allegedly occurred earlier, and the
permission granted by the government for a two-week stay expires Sunday.
“We are concerned about the possibility that the Syrian
government would seek to delay access and negotiate so as to seek to keep this
[inspection] process going and avert the consequences,” the administration
official said. Ongoing government shelling of Ghouta and surrounding areas, the
official said, “is creating more time and space for them to seek to cover
things up and delay.”
One question that is unlikely to be addressed in the
intelligence report is why Assad would launch such a massive chemical strike in
the face of a near-certain international response. It is a question that Russia,
Assad’s principal international backer, has raised repeatedly in suggesting
that Syrian rebels arranged the attack to implicate the government.
In a telephone call Tuesday with British Prime Minister
David Cameron, Russian President Vladimir Putin said his government “did not
have evidence of whether a chemical weapons attack had taken place, or who was
responsible,” a statement on Cameron’s official Web site said.
The Obama administration has rejected the possibility of
rebel culpability, asserting that only the government has possession of the
weapons and the rockets to deliver them. But others have speculated that the
lack of an international response to the earlier, much smaller alleged chemical
attacks may have emboldened Assad; that government forces last week may have
mistakenly mixed the chemicals to a higher concentration than intended; or that
areas with a high density of civilians may have been mistakenly targeted.
As it continued to consult with other countries, the
administration earned key support from the Arab League. In an emergency meeting
in Cairo, the influential organization blamed Assad for last week’s alleged
attack and called for the perpetrators to be brought to international justice.
The 22 league members stopped well short of endorsing
outside military action, but they urged the U.N. Security Council to agree on
“deterrent” measures.
Saudi Arabia’s longtime foreign minister added that a
“decisive and serious” international stand is required against Syria.
Syrian Foreign Minister Walid al-Moualem said Tuesday that
charges of chemical weapons use by the government are “categorically baseless,”
according to the state-run Syrian Arab News Agency, and that Syria was
committed to facilitating the U.N. inspection.
“We all hear the drums of war around us,” Moualem said. “If
they want to attack Syria, I think that using the lie of chemical weapons is
fake and not accurate, and I challenge them to show evidence.”
He said the idea of a Western military strike to change the
balance of power in Syria, which has been embroiled in a vicious conflict for
more than two years, is “delusional and not at all possible.”
U.S. officials have said that any strike would be limited in
scope and duration and would be intended as both punishment for the use of
chemical weapons and as a deterrent. Options under consideration would target
military installations, avoiding Syria’s numerous and widely dispersed chemical
storage sites, many of which are in civilian areas.
The administration remains reluctant to intervene directly
in Syria’s civil war, raising questions about its next step after a retaliatory
strike against the regime.
“The conventional wisdom is that they will launch some
Tomahawks [cruise missiles] from destroyers in the eastern Mediterranean.
That’s not going to dramatically change the course of events in Syria,” said
Ryan C. Crocker, a retired senior U.S. diplomat and former ambassador to Syria
and Iraq.
To avenge what they called the “massacre” in the Damascus
suburbs, al-Qaeda-linked Islamist extremists among the rebels said Tuesday that
they would strike Assad’s security branches and infrastructure, according to a
statement signed by the Islamic State of Iraq and the Levant, the Ahar al-Sham
rebel group and seven other factions.
The White House began contacting leading lawmakers for
briefings that congressional officials said were to inform rather than seek
permission. With Congress out of session, reaction to the crisis has been
relatively muted, though a small group of House members planned to deliver a
letter to Obama on Wednesday saying that Congress would reconvene, if
necessary, to consider a strike beforehand.
Polls taken before last week’s alleged chemical attack
consistently showed Americans opposed to U.S. intervention in Syria.
Complicating the political task for Obama is that any military action, even if
brief, calls into question his long-standing opposition to a new Mideast war
and could anger some liberal supporters.
Preparations for military action were clear among U.S.
allies. Cameron cut short a vacation to return to London and announced that he
would recall Parliament on Thursday to discuss the issue. The prime minister’s
office said British forces were drawing up contingency plans for a
“proportionate” response.
In a televised address, French President François Hollande
said it was the world’s responsibility to take action. “France is ready to
punish those who took the decision to gas the innocent,” Hollande said.
Ernesto Londoño in Washington, Colum Lynch at the United
Nations, Loveday Morris and Ahmed Ramadan in Beirut and Anthony Faiola and
Karla Adam in London contributed to this report.
MPs and Syria: in the shadow of Iraq
As the Iraq crisis showed, wars of choice are politically
unrealistic without parliamentary authorisation
Editorial
The Guardian, Tuesday 27 August 2013 / http://www.theguardian.com/commentisfree/2013/aug/27/parliament-and-syria-in-the-shadow-of-iraq
"I may not have succeeded in halting the war, but I did
secure the right of parliament to decide on war." The words are inscribed
on the Edinburgh gravestone of the late Robin Cook, the most senior minister to
resign over the war against Iraq in 2003. Yet Mr Cook now has a living epitaph
too. NeitherThursday's recall of parliament to debate the crisis in Syria, nor
the vote on a government motion that will take place at the debate's end, would
be happening without Iraq and its enduring legacy. In the 21st century, as the
Iraq crisis showed, wars of choice are politically unrealistic without parliamentary
authorisation. This is a kind of progress – and Mr Cook had a big hand in it –
even though the precedent has been unevenly followed since 2003.
Iraq overshadows this week's developments at Westminster at
every turn. Accountability of this kind improves our democracy, our politics
and our system of government. Nevertheless, neither the parliamentary recall
nor the MPs' vote is enough on its own. Both are welcome but not sufficient.
For one thing, although politicians of all parties have often talked since 2003
about reforming Britain's antiquated prerogative war powers, nothing has
actually been done. The Syrian crisis means ministers should return to that
task as a priority. Yet what ultimately matters is not the involvement of MPs,
important though that is, but the decision that they actually take.
Here again, the shadow of Iraq over our politics looms
large. There can be no disputing the seriousness of any use of heinous and
internationally outlawed chemical weapons. Yet tomorrow's debate will only even
begin to carry public credibility if it is based on clear and persuasive
information about their alleged use by the Syrian government. That information
may well exist – much of the evidence points in that direction. Yet the case
has not yet been made authoritatively to the public.
This explains, in part, why the public remains so strongly
opposed to British intervention or military aid to the Syrian rebels, even
after the chemical attacks in Damascus. Ten years on from Iraq, the public is
rightly sceptical. David Cameron began making his case for targeted retaliatory
and deterrent action last night. But he should be under no illusions that a
post-Iraq public will be easily persuaded that another UK military engagement
in the Middle East is necessary.
The prime minister also needs to explain – and MPs should
make sure to tax him over this – why any such action needs to be taken now,
without pause or delay. This is especially needful because no equivalent
urgency has been displayed, for a range of good and bad reasons, during the
past two years of deepening civil war. Moreover, the UN's weapons inspection
team in Damascus has scarcely been able to conduct a thorough investigation,
let alone to draw up a measured indictment against those who should be held
responsible. This is another loud echo of 2003.
Yet if Mr Cameron is going to shift the UK domestic debate
in favour of military action of any kind in Syria he will need to win other
arguments that have so far defeated him. He needs to come up with a clear
statement of how military action in Syria will be proportionate, legally sound
and, above all, foreseeably finite. Tony Blair may have persuaded parliament to
go to war in 2003, but he later lost parliament's confidence because, in the
end, things went so much worse than had been foreseen. Mr Blair's legacy to Mr
Cameron is that his successor can expect no benefit of the doubt.
British politics was dreadfully damaged by the Iraq war, in
spite of Mr Cook's heroic efforts and example. Ten years on, our politicians
and our parliamentary institutions are objects of wide contempt, a process that
can be said to have begun with Iraq. By venturing back on to this territory, Mr
Cameron is taking an immense risk, not just with his own standing but with the
reputation of politics more generally. The consequences will be felt most in
already suffering Syria. But they may also be truly daunting for Britain itself.
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