O ministro Wolfgang Schauble encheu os cofres com a crise da
dívida
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Alemanha lucrou 41 mil milhões de euros com a crise da dívida na Europa
Estudo do Ministério das Finanças alemão mostra que os custos com a dívida do país recuaram muito face ao que estava projectado
A Alemanha lucrou, até agora, cerca de 41 mil milhões
de euros com a crise europeia, revelou ontem a revista Der Spiegel,
citando dados de um relatório do próprio Ministério das Finanças, liderado por
Wolfgang Schauble. Em contrapartida, os prejuízos resultante da crises das
dívidas soberanas ascende a uns meros 600 milhões de euros.
Os lucros assegurados pela maior potência europeia têm, essencialmente, a ver
com o reduzido nível de juros que paga pela sua dívida soberana. Num quadro de incerteza em relação a vários países europeus (Itália, França, Espanha, Irlanda, Grécia e Portugal), os investidores começaram a procurar um porto mais seguro nos títulos de dívida germânica.
Na base do aumento da procura pelas bund alemãs, os juros pedidos pelos investidores caíram para níveis historicamente baixos e, em algumas emissões, chegaram mesmo a ser negativos.
Segundo a revista Der Spiegel, o lucro de 41 mil milhões de euros foi apurado pelos próprios serviços do Ministério das Finanças alemão e resulta da diferença entre aquilo que estava projectado pagar pelo financiamento no mercado de dívida e o que, de facto, o país está pagar.
As contas, que abarcam o período entre 2010 e 2014, foram feitas em resposta a um requerimento de um deputado social-democrata, Joachim Poss. E mostram que o custo médio do financiamento do Estado caiu um ponto percentual em três anos, suportado pelo facto de o país se ter tornado no refúgio de muitos investidores.
Com a economia a crescer e a gerar mais impostos, diminuíram também, de forma substancial, as necessidade de Berlim ir ao mercado levantar dinheiro, fazendo com que, entre 2010 e 2012, o valor total das emissões de dívida ficasse 73 mil milhões de euros abaixo do que estava projecto pelo Governo germânico.
Num quadro favorável como nunca tivera antes, Schauble aproveitou, igualmente, para trocar dívida de curto prazo por financiamentos a mais longo prazo, com taxas de juro menos onerosas.
O estudo do Ministério das Finanças alemão mostra que no início da crise, no conjunto da dívida alemã, os títulos com maturidades com menos de três anos representavam 71%. Passados três anos, essa percentagem tinha caído para pouco mais de 50%.
Ainda de acordo com o estudo, segundo a Der Spiegel, os custos assumidos pela Alemanha com a crise financeira europeia ficam-se pelo 600 milhões de euros.
As taxas de juro das obrigações alemãs a 10 anos estavam ontem perto de 1,9%, muito abaixo dos níveis pedidos a Portugal (6,4%), à Grécia (9,7%) e a Espanha (4,4%), reflectindo o nível de risco que cada um dos países apresenta.
No segundo trimestre deste ano, segundo o Eurostat, a economia alemã cresceu 0,7% face ao trimestre anterior (de estagnação) e 0,5 face ao mesmo período de 2012. O conjunto da zona euro registou também um crescimento positivo em cadeia (0,3%), embora tivesse caído face ao período homólogo.
Em Portugal, o produto interno bruto (PIB) cresceu 1,1% no segundo trimestre face aos primeiros três meses de 2013, mantendo-se em terreno negativo (-2%) na comparação com o mesmo período de 2012.
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