terça-feira, 6 de agosto de 2013

Secretário de Estado foi demitido em directo por ... Pedro Lomba.

o documento é “forjado”!.

Secretário de Estado foi demitido em directo.

É mais um secretário de Estado a tropeçar nos swaps. E a cair com estrondo. Joaquim Pais Jorge foi praticamente demitido em directo por Pedro Lomba no briefing desta manhã com os jornalistas. E se o secretário de Estado do Tesouro estava a fazer finca-pé para se manter no cargo, Pedro Lomba chegou lá e tirou-lhe o tapete.
Joaquim Pais Jorge era responsável do Citigroup em Portugal, em 2005, altura em que o banco norte-americano terá tentado vender swaps ao Governo de José Sócrates com o objectivo de mascarar o défice e as contas públicas.
O novo secretário de Estado do Tesouro meteu os pés pelas mãos no briefing da semana passada onde foi tentar explicar o que parece ser inexplicável: o seu papel na tentativa de venda dos ditos swaps. A comunicação, se é que se pode chamar àquilo comunicação, foi desastrosa. Joaquim Pais Jorge entrou lá fragilizado e de lá saiu num estado politicamente comatoso. Pedro Lomba, nesta terça-feira, ao dizer publicamente que desconfia da veracidade das declarações de Joaquim Pais Jorge, passou-lhe a certidão de óbito político.
Questionado sobre se esteve presente nas reuniões dos swaps, Joaquim Pais Jorge deu aquela resposta clássica que os advogados recomendam aos seus clientes para não se comprometerem em Tribunal, nem com a verdade, nem com a mentira: “não me lembro”.
Mas uma notícia da SIC ajudou a refrescar a memória de Pais Jorge. A estação de televisão teve acesso a uma proposta feita pelo Citigroup a assessores de José Sócrates, numa das tais reuniões em que Pais Jorge inicialmente tinha dito não ter estado presente.
Hoje, Pedro Lomba, secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto, fala em “incongruências” e “inconsistências”, claramente a preparar o terreno para deixar cair o seu colega de Governo.
“Se vão investigar é porque acham que o Joaquim Pais Jorge mentiu?”, pergunta o jornalista. A resposta de Pedro Lomba foi um sorriso amarelo. Costuma-se dizer que para bom entendedor, meia palavra basta. Para Joaquim Pais Jorge acho que meio sorriso basta.
Ao dizer, em público, alto e bom som, que o Governo “quer tirar a limpo” as incongruências do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge perdeu todas as condições para continuar.
E já não fazia sentido continuar. Se Passos Coelho demitiu dois secretários de Estado - Juvenal Peneda e Braga Lino – porque terão comprado swaps tóxicos para as empresas públicas, agora não faz sentido, e não seria coerente, segurar o secretário de Estado que esteve do lado do vendedor.
Saindo Joaquim Pais Jorge, e se o Governo levar muito à letra esta moda de ser coerente, é a própria ministra das Finanças que pode ficar em xeque. E não é por acaso que esta manhã, vindo do nada, Pedro Lomba desatou a elogiar Maria Luís Albuquerque.

Se Pais Jorge tropeça e cai num swap, é menos um para amparar uma eventual queda da ministra das Finanças.


A demissão em directo de Pais Jorge
Por Luís Rosa
publicado em 7 Ago 2013 in (jornal) i online

Pedro Lomba inovou ao assumir o papel de protagonista do reality show “Swaps”
Nos Estados Unidos os candidatos presidenciais são sujeitos a um escrutínio apertadíssimo por parte dos seus próprios partidos antes de a nomeação ser ganha nas primárias. A vida pessoal e política é passada a pente fino para evitar incómodos quando os media realizarem as suas investigações.
No caso de Joaquim Pais Jorge, a incompetência revelada pelo governo neste campo é confrangedora. Ninguém nos gabinetes de Passos Coelho ou de Maria Luís Albuquerque se lembrou de verificar o que tinha feito o secretário de Estado? A ministra das Finanças, que conhecia o seu currículo profissional, não sabia que Pais Jorge tinha vendido contratos swap? Ninguém sabia que tinha participado em várias comissões de renegociação de contratos das PPP rodoviárias que foram duramente criticadas pelo Tribunal de Contas e pela comissão parlamentar de inquérito?


Agora não há nada a fazer. Em pouco mais de um mês, e contando com o bónus de três semanas da crise política, Joaquim Pais Jorge perdeu toda a credibilidade para exercer o cargo de secretário de Estado do Tesouro. Oepisódio de não se recordar de um encontro com José Sócrates (mas há alguém que se esqueça de um encontro com o “animal feroz” em São Bento?), onde terá proposto contratos de swap tóxicos, já tinha revelado a fragilidade da sua defesa. O reavivar da memória produzido pela documentação revelada pela SIC mostrou as contradições da mesma – afinal não tinha ido apenas a uma reunião, mas sim a três. A machadada final foi dada pelo seu colega Pedro Lomba, que, em directo da Gomes Teixeira, pronunciou as palavras assassinas: “Inconsistências problemáticas.”
Mas como as embrulhadas nunca param com este governo, a promessa de uma revelação ao final da tarde de um caso que, segundo Lomba, está a ser acompanhado pelo primeiro-ministro, acabou por não se concretizar. São 21h36 e os portugueses continuam sem saber se Passos Coelho está à espera de uma demissão ou ainda não recebeu uma resposta positiva de um eventual substituto. Oporta-voz do executivo não pode dizer ao país que Passos Coelho vai tirar tudo a limpo “até ao fim do dia” e nada acontecer. Ou Lomba exorbitou funções e falou sem autorização superior ou então tiraram-lhe o tapete. Mais um exemplo, portanto, de que este governo é um desastre a comunicar.



A questão é simples: ou sai Pais Jorge ou sai Pedro Lomba. Veremos como acaba mais esta novela governamental.

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