Augusto
M. Seabra: “Acho inqualificável” que um membro do Governo “faça
ameaças de agressão física a alguém que usou do direito da
opinião crítica”
PS
em silêncio sobre declarações polémicas de João Soares
NUNO RIBEIRO
07/04/2016 - PÚBLICO
O
ministro da Cultura não compareceu ao lançamento do livro de Manuel
Alegre, onde era esperado, frustrando, assim, as expectativas de que
pudesse dar mais explicações sobre as ameaças lançadas na sua
página do Facebook a dois colunistas do PÚBLICO. O silêncio impera
também no PS e no Governo
O silêncio do PS e
do Governo continuou ao final da tarde desta quinta-feira quanto ao
caso das "bofetadas" de João Soares. Nem o presidente
socialista da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, nem o deputado
Alberto Martins quiseram falar ao PÚBLICO sobre as declarações do
ministro da Cultura sobre dois colunistas deste jornal a quem
prometia "bofetadas salutares". E João Soares acabou por
não comparecer no lançamento do livro Uma Outra Memória – A
escrita, Portugal e os camaradas dos sonhos, de Manuel Alegre (ed.
Dom Quixote), onde era esperado, e que decorreu na Bilbioteca
Nacional de Lisboa com apresentação de José Manuel dos Santos.
Já a deputada
independente do PS, Helena Roseta, não hesitou em comentar ao
PÚBLICO: "Foi uma falta de educação e não é da
responsabilidade dos pais, sendo filho de Maria de Jesus não pode
falar assim."
Na cerimónia, no
Auditório da Biblioteca Nacional, estiveram presentes o escritor e
poeta Nuno Júdice, o editor Zeferino Coelho, a escritora Maria
Teresa Horta, o deputado do PS Alberto Martins, o advogado Proença
de Carvalho, o jornalista José Carlos Vasconcelos, a ex-presidente
do PS Maria de Belém e o histórico líder do PCTP-MRPP Arnaldo
Matos. Também Carlos Tavares, presidente da CMVM, e o gestor Rui
Vilar, administrador não-executivo da Fundação Calouste
Gulbenkian, compareceram.
Horácio César,
adjunto do ministro da Cultura, presente no lançamento, explicou ao
PÚBLICO no início da sessão que João Soares poderia ainda
comparecer, respondendo a um convite pessoal. “Se tiver tempo, vem.
Se não tiver tempo, não vem." Horácio César explicou que o
ministro se encontrava em trabalho fora do ministério em encontros
marcados para o princípio da tarde, mas que acabaram por ser
atrasados devido ao prolongamento da reunião do Conselho de
Ministros.
João Soares
prometia esta manhã na sua página do Facebook estar presente no
lançamento do livro de Alegre.
Esta quinta-feira
foi marcada pelo caso gerado em torno das polémicas declarações do
ministro na sua conta de Facebook, nas quais reagia a uma crónica de
Augusto M. Seabra e se referia ainda a Vasco Pulido Valente. "Em
1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa
que ainda não pude cumprir. Não me cuzei com a personagem, Augusto
M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter
essa sorte", publicou, rematando: "Estou a ver que tenho de
o procurar, a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as
salutares bofetadas". O caso mereceu críticas dos partidos da
direita e do Bloco de Esquerda, permanecendo o PCP e o PS em silêncio
até agora.
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