Governo
investe 1400 milhões em reabilitação e compra de património
INÊS BOAVENTURA
04/04/2016 - PÚBLICO
Câmara
de Lisboa diz que “é indispensável” corrigir o regime fiscal do
alojamento local, para que este deixe de ser “mais favorável” do
que o arrendamento para habitação
O Governo vai
investir, através do Fundo de Estabilização Financeira da
Segurança Social, 1400 milhões de euros na recuperação de
património público e na aquisição, para reabilitação e
arrendamento, de património privado.
Isso mesmo foi
avançado pelo primeiro-ministro, que falava esta segunda-feira na
sessão de abertura da III Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa.
Na sua intervenção, António Costa sublinhou a necessidade de haver
no país “uma nova geração de políticas de reabilitação e de
habitação” e lamentou que até aqui não tenha existido “uma
política pública integrada” nessas áreas.
Para o governante, a
aposta na reabilitação urbana “terá de ter uma forte componente
de promoção da oferta de habitação para arrendamento acessível,
de modo a chegar a uma faixa importante da população que hoje se
encontra excluída do mercado habitacional por razões financeiras”.
Nesse sentido, e por
acreditar que “são necessárias políticas públicas que favoreçam
o acesso à habitação”, António Costa anunciou o já mencionado
investimento de 1400 milhões de euros, acrescentando que ele irá
além do mais contribuir para o “alargamento das fontes de
financiamento da Segurança Social”.
Na sua intervenção,
o primeiro-ministro disse ainda que o Governo vai “disponibilizar
um conjunto alargado de apoios públicos” aos privados “que
pratiquem valores de arrendamento acessíveis, com intuito lucrativo,
mas abaixo do preço de mercado e enquadrados com os rendimentos
médios dos agregados familiares".
"A reabilitação
que tenha em vista o arrendamento será também o objecto do programa
Reabilitar para Arrendar, um programa que tem uma dotação inicial
de 50 milhões de euros, contando com o apoio financeiro do Banco
Europeu de Investimento e do Banco de Desenvolvimento do Conselho da
Europa”, referiu ainda António Costa.
Outro apoio
disponível, adiantou o primeiro-ministro, será o apoio à
reabilitação que tenha em vista a promoção da eficiência
energética do parque edificado através do “Instrumento Financeiro
para a Reabilitação e Revitalização Urbanas, criado no âmbito do
Portugal 2020”.
Antes de António
Costa, interveio na sessão de abertura o seu sucessor à frente da
Câmara de Lisboa. Para Fernando Medina, a autarquia deve
concentrar-se em ter “uma atitude amiga e próxima do investimento,
nomeadamente em reabilitação”. Algo que em seu entender passa por
garantir aos investidores que lidam com “uma administração
confiável, transparente, próxima dos que investem”.
Já o vereador do
Urbanismo e da Reabilitação Urbana de Lisboa sustentou que 2008 foi
“um ano de viragem” na câmara. Desde então, sustentou Manuel
Salgado, o executivo procurou deixar para trás o tempo em que
“ninguém sabia com segurança se e quando um projecto era
aprovado”.
O autarca defendeu a
importância de haver uma alteração do Novo Regime do Arrendamento
Urbano e do Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados, por
forma a que fique garantida a defesa dos inquilinos idosos, das lojas
históricas e das colectividades de cultura e recreio.
Manuel Salgado
afirmou ainda que “é indispensável corrigir o regime fiscal do
arrendamento temporário, vulgo alojamento local, para que este não
seja mais favorável do que o arrendamento permanente”.
“Hoje quem quer
investir numa casa para arrendar opta pelo alojamento temporário
porque a renda é mais alta e o risco de incumprimento é menor, tal
como os encargos fiscais”, lamentou o vereador, reconhecendo que
esta realidade “tem consequências graves na inflação das rendas
e leva à escassez na oferta de arrendamento permanente aos
lisboetas”.
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