Medina aponta Beato como futura montra de criatividade,
modernidade e cosmopolitismo de Lisboa
Samuel Alemão
Texto
30 Maio, 2018
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) não tem
dúvidas ao vislumbrar a zona do Beato como o epicentro de uma nova vitalidade
urbana da capital portuguesa. “Olhámos para outros exemplos em muitas cidades
na Europa e pelo mundo, como Londres ou Nova Iorque, e neles vimos como
souberam realizar a transformação de zonas industriais decadentes em vibrantes
montras de criatividade, dinamismo, modernidade e cosmopolitismo. Esse é um bom
exemplo do que pretendemos aqui fazer, pegando num espaço que estava ao
abandono e devolvendo-o à cidade, ligando esta zona ao centro”, disse Fernando
Medina (PS), ao início da tarde desta terça-feira (29 de Maio), durante a
apresentação do projecto Browers Beato, da cervejeira Super Bock, no Hub
Criativo do Beato. O espaço, que juntará a produção de cerveja, zona de
restauração e programação cultural, será concebido pelo arquitecto Eduardo
Souto de Moura e representa um investimento de cerca de três milhões de euros.
Falando sob o tecto da antiga central eléctrica da
Manutenção Militar, que será convertida num “espaço polivalente” de
aproximadamente 700 metros quadrados a inaugurar em Outubro de 2019, Medina não
teve dúvidas em reforçar a intenção da autarquia de transformar o Hub Criativo
do Beato na “grande âncora de desenvolvimento desta zona da cidade, algo que
tem sido uma promessa adiada há tanto tempo”. O presidente da autarquia lembrou
a coincidência de se estar a comemorar o vigésimo aniversário da Expo’98,
salientando que um dos seus propósitos era, precisamente, o de realizar uma
operação de revitalização de toda a zona oriental de Lisboa, permitindo
juntá-la ao resto da cidade. “Esse caminho tem vindo a ser feito sobretudo por
privados, de oriente para o centro, e pelos poderes públicos do centro para
oriente. Uma dinâmica que, porém, encontrava neste local, entre Santa Apolónia
e Braço de Prata, uma grande interrogação”, notou Medina, apontando para a
resposta entretanto dada pela “visão” do Hub Criativo do Beato.
Uma infraestrutura
que poderá vir a ser ampliada, com a inclusão da ala Norte da Manutenção
Militar, deixou antever o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, no final da
cerimónia de requalificação do antiga central eléctrica, revelando existirem
negociações nesse sentido entre a autarquia e a administração central. Se isso
acontecer, disse Fernando Medina, o espaço do Hub Criativo do Beato passará dos
actuais 35 mil metros quadrados para 100 mil metros quadrados, permitindo assim
conferir-lhe “novas valências e novas ofertas”. Uma das novidades de tal
expansão seria a disponibilização à população de um teatro existente no
interior do recinto industrial, com capacidade para 800 espectadores e que
passaria a funcionar como uma “âncora”, servindo a população da cidade.
Notando, ainda durante a apresentação, que “não há uma visão
que seja efectiva sem acção”, Medina afirma que a intenção de fazer nascer ali
um pólo de inovação e de criatividade só funcionará se se “encontrarem os
parceiros certos”. É o caso, salienta, da Super Bock, que com o projecto
Browers Beato dará novo uso à antiga central eléctrica da antiga Manutenção
Militar, a cuja ala sul corresponde o actual Hub Criativo do Beato. Neste
conjunto de 20 edifícios, distribuídos pelos tais 35 mil metros quadrados,
deverão instalar-se, até ao fim do ano, a Factory, plataforma de acolhimento de
novos negócios e sua interligação com grandes empresas, nascida em Berlim, e o
centro de inovação tecnológica da Mercedes-Benz, bem como, até 2020, a Start Up
Lisboa, entidade criada pelo município para promover o empreendedorismo e a
quem foi entregue a gestão do Hub Criativo. Isto para além de este ter sido o
espaço escolhido para acolher a organização da Web Summit até, pelo menos, este
ano.
Para já, e no que se refere ao projecto Browers Beato, as
obras deverão começar em Setembro próximo e estar terminadas em Outubro de
2019. No edifício a recuperar sob orientação de Souto de Moura, nascerão uma
microcervejeira para produção em pequena escala, uma zona de restauração e uma
“área para eventos e workshops culturais e de promoção da experiência
cervejeira”. Durante a cerimónia de apresentação, o arquitecto prometeu
preservar o essencial do imóvel. “Este empreendimento tem os materiais e as formas
todas. Gostaria de lhe mudar muito pouco”, confessou Souto Moura, deixando
antever um tratamento do edifício “com carinho, como se fosse uma avó”. Já o
presidente executivo da Super Bock, Rui Lopes Ferreira, fez juras de “adicionar
qualidade e conforto a um património que estava negligenciado”. O responsável
da cervejeira revelou a ambição do Browers Beato passar a funcionar como um
“eixo central de acesso público à cultura e às indústrias criativas”, com a
realização de “eventos e actividades colaborativas integradas nas áreas da
música e da arte pública urbana”. Tudo isso, diz, com uma programação cultural
“respeitando a comunidade”
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