CDS quer acordo com PSD em Lisboa contra a direcção
Líder da distrital defende coligação para Lisboa, mas o CDS tem uma posição clara sobre a Lei de Limitação de Mandatos
19 Jan 2013 Edição Público Lisboa/ Autárquicas Margarida Gomes
A distrital do CDS quer um novo entendimento político com o PSD em Lisboa, uma coligação que, a concretizar-se, põe em causa a posição oficial defendida pela direcção do partido relativamente à Lei de Limitação de Mandatos, que impede a transferência de um presidente de câmara que esteja em final de três mandatos consecutivos ou mais para o mesmo cargo numa outra autarquia.
Esta semana, o deputado e líder da distrital do CDS-PP de Lisboa, Telmo Correia, pronunciou-se a favor de uma coligação com o parceiro de Governo para Lisboa nas autárquicas, considerando Fernando Seara, actual presidente da Câmara de Sintra, um bom candidato para defrontar o socialista António Costa na capital. Telmo Correia disse à Lusa que o CDS pretende coligar-se com os sociais-democratas em 70% das câmaras de distrito de Lisboa, o que ainda não está formalizado.
As declarações do deputado do CDS surpreenderam o ex-dirigente nacional Manuel Sampaio Pimentel, que diz que “não é apenas a Lei de Limitação de Mandatos que precisa de ser clarificada, mas também a posição do líder da distrital caso seja levada avante e alterar a posição oficial do partido sobre esta matéria”. “Pelas declarações do dr. Telmo Correia percebe-se que temos uma admiração legítima pelo dr. Fernando Seara, fruto da sua qualificação, capacidade empreendedora e relacionamento com o CDS na Câmara de Sintra [onde cumpre o último mandato como presidente] e por isso não as valorizo em demasia”, afirmou ao PÚBLICO Sampaio Pimentel, até há poucos meses vereador da Câmara do Porto. E lembra que “já inúmeros dirigentes do partido (Nuno Magalhães, Nuno Melo, Hélder Amaral, Domingos Doutel, coordenador para as autárquicas) se pronunciaram em nome do CDS no sentido de a legislação vigente impedir a transferência do presidente de câmara que esteja em final de três mandatos consecutivos ou mais para o mesmo cargo numa outra autarquia”. “E nessa perspectiva entendo não dever acrescentar nada à posição oficial do CDS”, remata Pimentel.
Já no Porto, o partido de Paulo Portas põe um ponto final num entendimento político de quase 12 anos de mandato. A concelhia do Porto do CDS responsabiliza o PSD pelo fim da coligação no concelho, afastando-se da candidatura protagonizada por Luís Filipe Menezes, que surpreendeu toda a gente ao anunciar a sua candidatura à Câmara do Porto pela televisão. O ainda presidente da Câmara de Gaia apresenta hoje, no edifício da Alfândega do Porto, a sua candidatura, numa cerimónia onde serão também conhecidos os mandatários da candidatura e da juventude.
Mas o CDS-Porto aponta mais razões para não apoiar Menezes. “O seu modelo de acção política assemelha-se, à escala local, ao das opções políticas que conduziram o país à situação em que nos encontramos”.
Onde já há uma coligação fechada é em Sintra. O CDS vai apoiar a candidatura do deputado Pedro Pinto à presidência da Câmara de Sintra. O actual vice-presidente de Fernando Seara, Marco Almeida, vai candidatar-se como independente, depois de a distrital de Lisboa ter vetado o seu nome, isto apesar de a concelhia local do PSD o ter escolhido há muitos meses como o candidato natural.
No concelho de Cascais os dois partidos também já chegaram a um entendimento para as eleições autárquicas deste ano. O líder da distrital diz, no entanto, que falta ainda decidir em que câmaras os dois partidos avançam coligados, mas praticamente afastou qualquer entendimento em Oeiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário