sexta-feira, 3 de março de 2017

Câmara promete “diálogo” com moradores sobre novo Museu Judaico, em Alfama


Câmara promete “diálogo” com moradores sobre novo Museu Judaico, em Alfama
Moradores preocupados com construção de um museu numa zona que “já tem uma grande pressão turística”. Medina comprometeu-se em “esclarecer e também ouvir” a opinião de moradores e da Junta de Freguesia sobre o enquadramento do edifício previsto para o Largo de São Miguel.

MARGARIDA DAVID CARDOSO 2 de Março de 2017, 17:23

A Câmara de Lisboa comprometeu-se, esta quarta-feira à noite, a iniciar "um diálogo" com os moradores de Alfama e a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior para encontrar “as melhores soluções” para a instalação do Museu Judaico no Largo de São Miguel, em Alfama. A localização do novo museu suscitou críticas dos moradores do bairro lisboeta.

"Ninguém questiona a importância do museu", afirmou Fernando Medina, mas, por outro lado, "o impacto da volumetria e da estética são questões legítimas".

Numa intervenção na reunião descentralizada da câmara com os munícipes das freguesias da Misericórdia, Santa Maria Maior e Santo António, o presidente da câmara comprometeu-se a reunir com a Direcção Geral do Património Cultural (DGPC), a Associação do Património e População de Alfama (APPA) e a Junta de Freguesia para “esclarecer e também ouvir” as opiniões sobre o enquadramento do edifício. Quanto ao receios dos moradores relativamente à mobilidade – receiam que o novo museu traga mais tuk tuk e autocarros turísticos e comprometa a vida dos moradores e trabalhadores do largo – Medina quer encontrar, “em conjunto, as melhores soluções".

Sérgio Brás, dirigente da Associação do Património e População de Alfama (APPA), entende que “o projecto arquitectónico não está em harmonia com o enquadramento habitacional do Largo de São Miguel nem com uma zona protegida” da qual faz parte este largo. Foi a sua intervenção que motivou a resposta de Fernando Medina.

Esta associação de moradores em defesa do património de Alfama mostra-se preocupada com a altura do edifício, mais elevado que os circundantes, e a sua volumetria, no seu entender, desproporcional aos restantes. Este edifício vem ainda retirar “o protagonismo do Largo de S. Miguel à Igreja” com o mesmo nome, referiu Sérgio Brás.

Outra preocupação é a localização do museu numa zona do bairro que “já tem uma grande pressão turística”, o que pode “comprometer a forma como o espaço comum da praça é utilizado pela população e torna-lo num espaço prioritariamente reservado para um museu”. Dá o exemplo da utilização da praça durante os Santos Populares. “Vai-se restringir as festas por causa do museu?”, interrogou. A segurança do museu é também uma das preocupações da associação.

O vereador Manuel Salgado notou que o projecto foi aprovado em reunião de câmara por unanimidade e recebeu um parecer positivo da DGPC. Concluiu que não vê “razão para que se inverta uma decisão tão unânime”. A Direcção-geral considerou que a nova construção estabelecia “relações harmoniosas com a Igreja”, referiu o vereador com a pasta do urbanismo.

Na mesma reunião, o vereador do PCP, Carlos Moura, destacou que quando votou favoravelmente ao projecto ele e outros vereadores “não tinham noção da sensibilidade da população em relação a esta obra”. O comunista entende agora que se está sempre a “tempo de reverter soluções mais controversas”.

“Museu Judaico sim, mas não no Largo de S. Miguel”, diz associação de moradores de Alfama
Já Catarina Vaz Pinto, vereadora da cultura, garantiu que o funcionamento do museu “não vai interferir com o quotidiano das pessoas” do bairro.


A abertura do museu está prevista para Setembro deste ano.

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