Câmara
promete “diálogo” com moradores sobre novo Museu Judaico, em
Alfama
Moradores
preocupados com construção de um museu numa zona que “já tem uma
grande pressão turística”. Medina comprometeu-se em “esclarecer
e também ouvir” a opinião de moradores e da Junta de Freguesia
sobre o enquadramento do edifício previsto para o Largo de São
Miguel.
MARGARIDA DAVID
CARDOSO 2 de Março de 2017, 17:23
A Câmara de Lisboa
comprometeu-se, esta quarta-feira à noite, a iniciar "um
diálogo" com os moradores de Alfama e a Junta de Freguesia de
Santa Maria Maior para encontrar “as melhores soluções” para a
instalação do Museu Judaico no Largo de São Miguel, em Alfama. A
localização do novo museu suscitou críticas dos moradores do
bairro lisboeta.
"Ninguém
questiona a importância do museu", afirmou Fernando Medina,
mas, por outro lado, "o impacto da volumetria e da estética são
questões legítimas".
Numa intervenção
na reunião descentralizada da câmara com os munícipes das
freguesias da Misericórdia, Santa Maria Maior e Santo António, o
presidente da câmara comprometeu-se a reunir com a Direcção Geral
do Património Cultural (DGPC), a Associação do Património e
População de Alfama (APPA) e a Junta de Freguesia para “esclarecer
e também ouvir” as opiniões sobre o enquadramento do edifício.
Quanto ao receios dos moradores relativamente à mobilidade –
receiam que o novo museu traga mais tuk tuk e autocarros turísticos
e comprometa a vida dos moradores e trabalhadores do largo – Medina
quer encontrar, “em conjunto, as melhores soluções".
Sérgio Brás,
dirigente da Associação do Património e População de Alfama
(APPA), entende que “o projecto arquitectónico não está em
harmonia com o enquadramento habitacional do Largo de São Miguel nem
com uma zona protegida” da qual faz parte este largo. Foi a sua
intervenção que motivou a resposta de Fernando Medina.
Esta associação de
moradores em defesa do património de Alfama mostra-se preocupada com
a altura do edifício, mais elevado que os circundantes, e a sua
volumetria, no seu entender, desproporcional aos restantes. Este
edifício vem ainda retirar “o protagonismo do Largo de S. Miguel à
Igreja” com o mesmo nome, referiu Sérgio Brás.
Outra preocupação
é a localização do museu numa zona do bairro que “já tem uma
grande pressão turística”, o que pode “comprometer a forma como
o espaço comum da praça é utilizado pela população e torna-lo
num espaço prioritariamente reservado para um museu”. Dá o
exemplo da utilização da praça durante os Santos Populares.
“Vai-se restringir as festas por causa do museu?”, interrogou. A
segurança do museu é também uma das preocupações da associação.
O vereador Manuel
Salgado notou que o projecto foi aprovado em reunião de câmara por
unanimidade e recebeu um parecer positivo da DGPC. Concluiu que não
vê “razão para que se inverta uma decisão tão unânime”. A
Direcção-geral considerou que a nova construção estabelecia
“relações harmoniosas com a Igreja”, referiu o vereador com a
pasta do urbanismo.
Na mesma reunião, o
vereador do PCP, Carlos Moura, destacou que quando votou
favoravelmente ao projecto ele e outros vereadores “não tinham
noção da sensibilidade da população em relação a esta obra”.
O comunista entende agora que se está sempre a “tempo de reverter
soluções mais controversas”.
“Museu Judaico
sim, mas não no Largo de S. Miguel”, diz associação de moradores
de Alfama
Já Catarina Vaz
Pinto, vereadora da cultura, garantiu que o funcionamento do museu
“não vai interferir com o quotidiano das pessoas” do bairro.
A abertura do museu
está prevista para Setembro deste ano.
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