Candidatura
a Lisboa abre guerra interna no PSD
Teresa
Leal Coelho deve ser confirmada no domingo pela distrital, mas há
muito desconforto sobre o nome - e a forma como Passos Coelho geriu o
processo.
SOFIA RODRIGUES 16
de Março de 2017, 20:44
Ainda o nome do
candidato do PSD a Lisboa não foi confirmado oficialmente e já a
polémica começa a estalar: Passos Coelho indicou Teresa Leal
Coelho, vice-presidente e deputada, como a candidata do partido à
Câmara Municipal de Lisboa - e no partido muitos começaram a
contestá-lo. Ontem, no Parlamento, alguns dos mais próximos do
líder manifestam-se incrédulos ("mas é mesmo?"),
enquanto os mais críticos não o poupavam, considerando que travará
um combate muito desigual com o socialista Fernando Medina ("não
vai ser fácil passar Assunção Cristas", na fórmula usada por
um deputado ouvido pelo PÚBLICO). O próprio coordenador autárquico
do partido, Carlos Carreiras, sem confirmar o nome da deputada,
admitiu esta quinta-feira, à Rádio Renascença, que não consegue
garantir que “seja consensual”, mas espera que tenha um “largo
consenso”.
Mas a crítica
interna era também ao método. É que Passos passou o anúncio para
a distrital de Lisboa, excluindo a concelhia do processo. Esta
sexta-feira está, de resto, marcado um plenário da estrutura local
que, ao que o PÚBLICO apurou, não deverá ser pacífico. Mauro
Xavier, o líder da concelhia, deu conta do seu incómodo pessoal
numa nota no Facebook: “Enquanto presidente do PSD-Lisboa venho
demonstrar o meu profundo desagrado com a metodologia escolhida e
pelo não envolvimento da concelhia do processo”, escreveu o
dirigente, remetendo uma avaliação para o pós-eleições (“os
balanços só devem ser feitos depois dos votos contados”).
O que se contesta na
estrutura é alegada violação dos estatutos do partido que prevêem
que sobre os candidatos autárquicos tem de ser ouvida a concelhia,
depois a distrital e só numa terceira fase são homologados pela
comissão política nacional. Esta decisão de Passos Coelho – que
pode avocar qualquer processo autárquico para a direcção e tomar
decisões – acaba por não surpreender muitos sociais-democratas,
tendo em conta o que se passou nos últimos meses. Apesar de o timing
para apresentar as candidaturas autárquicas ter sido apontado para o
final de Março como prazo limite, várias vozes nas estruturas
locais colocaram pressão publicamente para acelerar o calendário.
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