João
Ferreira do Amaral. “Estamos a criar um império europeu em
Bruxelas guiado pela Alemanha”
JOÃO MADEIRA E
SÓNIA PERES PINTO
04/04/2016 21:45
Economista defende
que Portugal deve ter uma posição de força na defesa dos
interesses nacionais
Foi o economista que
mais combateu a entrada no euro e é agora quem mais defende a saída.
João Ferreira do Amaral considera que a moeda única contraria a
existência de um Estado social e impõe normas desajustadas da
realidade económica de cada país. O professor universitário alerta
que Portugal tem de ter uma posição de força na defesa dos
interesses nacionais.
Portugal está a
viver um intenso debate sobre a “espanholização” da banca. É
um risco?
É um assunto que
deve ser visto com cuidado. É essencial termos um sistema financeiro
ao serviço da nossa economia. Quando se concentra muito num
determinado país, começa a haver algumas dúvidas.
O que pode ser feito
para contornar essa excessiva concentração de bancos em acionistas
espanhóis?
Se mantivermos um
banco público com a dimensão que tem a Caixa Geral de Depósitos,
esse risco está, de certa forma, minorado.
Mas fala-se da
necessidade de capital da CGD e de o Estado ter de abdicar de parte
da propriedade do banco.
Não é boa solução.
Ou é público ou é privado. Público com capital privado não
funciona. Se for necessário, o Estado deve reforçar o capital da
CGD.
E se houver
constrangimentos europeus nesse domínio?
Portugal deve
insistir. Não há nada nos tratados que o impeça e Portugal deve
defender os seus interesses.
Fazer um
braço-de-ferro com Bruxelas?
Se necessário. Não
podemos à partida pensar que, por haver algumas restrições da
Direção-Geral da Concorrência, devemos deixar de defender os
nossos interesses. Temos de o fazer e temos armas para isso, como os
outros países.
Historicamente,
Bruxelas não tem concordado com a posição do Estado nas empresas.
Foi o caso das golden shares.
Nas golden shares
ficámos excessivamente acomodados. Tínhamos possibilidade de
defender melhor a nossa posição. Não houve vontade interna. Essa
coisa de Bruxelas isto, Bruxelas aquilo, para mim, não é argumento,
a não ser que haja violações nítidas dos tratados.
Começou esta semana
a comissão de inquérito ao Banif. O ex-presidente do banco culpou o
Banco de Portugal e as eleições. Foi isso que acelerou a
implementação da resolução?
Não sei se foi.
Acho é que houve um fardo demasiado pesado para os contribuintes.
Atribuo uma boa parte da culpa às instituições comunitárias, que
puseram o governo num dilema em que qualquer uma das opções era má,
péssima. Ou perdiam os depositantes ou perdiam os contribuintes, e o
governo optou pelos contribuintes. Tem alguma razão para isso por
causa da concentração dos depositantes nas regiões autónomas. O
mal foi as instituições comunitárias terem posto o Banif na
parede.
Foi tudo muito
rápido…
Como tinha sido,
aliás, o BES. Isto não é forma de funcionar. As instituições
comunitárias tomam decisões e pouco ou nada respondem, nem sequer
pagam os custos. Nós é que pagamos.
Estamos a caminhar
para um cenário em que os pequenos bancos tendem a desaparecer?
Diz-se que é essa a
intenção do Banco Central Europeu. Mas porque tem o país de pagar
essa ideia? Isso é fruto de não termos uma união monetária e de
não termos um banco central verdadeiramente central. Temos uma
agência de um banco central.
Sente-se defraudado
com o processo de integração europeia?
Não me sinto
defraudado porque já sabia que ia dar nisto. A Comunidade Económica
Europeia era um bom projeto, fui a favor da nossa adesão e não
estou nada arrependido. Mas a partir da moeda única transformou-se
num grande risco de desagregação.
Vê mais riscos hoje
do que há um ano ou dois, quando a questão da Grécia estava mais
quente?
Quando vi a forma
como se reagiu à crise grega, em 2010, como infelizmente tinha
poucas expectativas, foi a confirmação de que não havia
solidariedade suficiente para manter um projeto tão ambicioso. A
degradação vai sendo progressiva até vermos no que dá.
É por isso que
continua a defender a saída do euro?
Não temos futuro
dentro da zona euro. Sou um adversário muito grande da moeda única
porque põe em causa três aspetos que, para mim, são fundamentais:
a independência nacional; a democracia, porque reduz brutalmente as
opções de política económica e social ao dispor de um país; e o
próprio Estado social, porque os seus maiores inimigos são o
desemprego e a estagnação económica. Põe em causa tudo o que,
para mim, é valioso na política.
Portugal foi dos
mais prejudicados com a moeda única?
Sim. Não tinha à
partida condições para pertencer à zona euro. Aliás, é curioso,
mas isso sabia-se. Nós recebemos muito dinheiro na altura justamente
para contrabalançar as dificuldades que iríamos ter, o que mostra
que foi uma opção estratégica incompreensível.
Defendeu várias
vezes a necessidade de sair do euro de uma forma negociada. O
desfecho da situação grega não veio mostrar que isso não é
possível?
A questão grega
teve um aspeto importante, que foi o reconhecimento por alguns
países, nomeadamente a Alemanha, de que seria possível um país
sair. Para mim, isso é importante. Também é importante para mim a
negociação que o Reino Unido fez recentemente, em que ficou na
prática estabelecido que o euro não é a única moeda na Europa.
São coisas que ajudam. Mas, na Grécia, evidentemente que não ia
correr bem porque não prepararam uma saída. Não terem um cenário
de alternativa não iria correr bem. O governo grego ou o Syriza, ao
saber que o eleitorado não favorecia a saída, não se quis preparar
para isso. E depois teve de recuar.
E acha que os
portugueses querem sair do euro?
Há hoje mais
portugueses que querem do que no passado, claramente. Penso que ainda
não seja maioritário, mas os barómetros dão um maior ceticismo em
relação ao euro.
A que atribui esse
sentimento?
Houve um grande
choque que toda a gente sentiu, mesmo as pessoas mais distraídas em
relação à União Europeia – que, infelizmente, são a maior
parte. Estávamos habituados à ideia de que a União Europeia era um
espaço em que nós estávamos bem e em que nos ajudavam. No fundo,
era uma grande ingenuidade, mas tínhamos essa ideia. Quando foi o
choque com a Grécia e depois connosco, houve muita gente que
finalmente compreendeu que a União Europeia, especialmente a zona
euro, não era um espaço adequado para estarmos lá. As pessoas só
não são mais a favor da saída porque têm medo das consequências,
não é porque estejam empenhadas nesse projeto.
Há quem antecipe
consequências quase dantescas com uma saída…
Cenários desses há
sempre. Tudo depende da solução política. Na altura da
austeridade, a pressão com esses cenários foi maior. As pessoas
aceitam tudo para não terem a suposta catástrofe que é a saída do
euro.
Mas podia não ser
catastrófico?
Com certeza. Se
fosse catastrófico, eu não a defendia.
O euro é então
reversível?
Acabará por ser, se
calhar não da melhor maneira. É um projeto de uma densidade e
gravidade tal que deveria ter havido muito mais cuidado. Em Portugal,
ter-se bloqueado um referendo sobre a entrada no euro foi um
desastre.
Na altura, o
resultado seria negativo?
Não interessa. Até
poderia ter sido favorável à entrada. Mas teria permitido que
durante o referendo se discutissem os riscos da entrada de Portugal
na moeda única.
E devia haver agora
um referendo para a saída?
Não. Se não foi
feito para a entrada, não deve haver para a saída. Se for útil,
faça--se, mas não há obrigatoriedade.
A divisão da Europa
entre o sul e o norte tem-se acentuado. Isso tem a ver com o euro?
É o drama que se
estava a criar visivelmente com a introdução da moeda única e que
a crise veio espoletar. Há países que se dão bem e outros que se
dão mal dentro da zona euro. E havia a ideia de que os países que
se dão bem pagariam isso, mas eles não estão dispostos a pagar. Eu
compreendo-os. A Alemanha tem os seus interesses nacionais e usa a
zona euro para os perseguir. Está bem economicamente porque ganhou
um peso enorme na decisão comunitária – muito maior do que o seu
peso específico levaria a crer. A Alemanha é o maior país, mas não
é assim tão diferente dos outros para ter o peso que hoje tem na
decisão comunitária. Ganhou tudo isso através da zona euro. É
evidente que essa divisão entre os que estão bem e os que estão
mal irá aprofundar-se e pode ser um motivo sério de desagregação
da União.
Temos agora a ameaça
do Reino Unido.
Sim. Se eu fosse
inglês, seria a favor da saída, mas sendo português prefiro que o
Reino Unido esteja dentro. Com o Reino Unido, a UE já é o que é, e
sem ele seria um pesadelo. Apesar de não fazer parte da zona euro, o
Reino Unido sempre se opõe a algumas das piores coisas que há na
União. E sem esse contrapeso seria ainda pior.
Pode haver um bloco
contra a austeridade na Europa?
É difícil, não
estou a ver. A posição francesa seria essencial, e a França, a não
ser que mude muito, não está disposta a entrar em confronto com
Alemanha sobre esse tema. Tem preferido ceder a entrar em conflito. E
através do seu estatuto de grande país na Europa, tenta obter mais
flexibilidade orçamental do que um pequeno país como Portugal. Sem
a França, não é possível existir esse bloco.
A UE é uma
construção contra o conflito entre a Alemanha e a França. Se
houver uma desagregação, não há o risco de essas tensões de
décadas regressarem?
Infelizmente, quer
os movimentos fascistas de extrema-direita quer os ódios seculares
ainda aí estão. A UE era um projeto genial na sua conceção:
evitar a guerra ligando os países pelos seus interesses. Mas isso
tinha o pressuposto de que todos os países eram considerados iguais
e que todos estavam bem dentro do espaço comunitário. Quando, a
partir da moeda única, se começou a diferenciar os países, e como
visivelmente havia muitos países que não se dariam bem dentro da
moeda única, o génio dos pais fundadores da integração europeia
desapareceu. Isto é uma situação muito perigosa que pode levar à
desagregação e à emergência de fenómenos que não estão
anulados. É um risco muito grande para a Europa, fruto de uma
teimosia federalista de pôr a moeda ao serviço de uma utopia
política. Quando isso acontece, fica-se sem economia e sem utopia. A
Europa precisa urgentemente de refletir sobre uma mudança de rumo
para retomar o que é essencial, que é todos os países estarem bem
dentro da União e que haja uma igualdade razoável entre os países.
Para isso teria de
haver mais solidariedade?
Não é preciso
solidariedade, não estou a dizer que vamos pedir dinheiro
emprestado. Temos é de ter condições adequadas à nossa situação.
A União sempre foi contra a existência de regras diferenciadas.
Quando se discutiu a política regional e a moeda única, decidiu-se
que os países que iriam ter mais impactos seriam compensados com
dinheiro. Foi a pior forma de o fazer, porque isso agrava muitas
vezes a periferização dos países. Teria sido preferível dizer que
esses países poderiam beneficiar de umas derrogações aqui e acolá.
Foi o que fez a EFTA. Quando entrámos na EFTA, como éramos um país
pobre dentro de um grupo de ricos, não nos deram dinheiro.
Disseram-nos que tínhamos regras especiais por sermos menos
desenvolvidos e termos uma estrutura produtiva pobre. E foi benéfico
para todos. Normalmente, os grandes problemas da UE têm a ver com
políticas comuns únicas. A política agrícola comum causou enormes
problemas nos anos 70, em resultado de ser uma política cega, igual
para todos. A política monetária é a mesma coisa. É um espaço
tão diferenciado que só em casos muito especiais faz sentido ter
uma política única. Mas não. O caminho é sempre tentar
centralizar as políticas. Agora inventaram a necessidade de termos
uma guarda costeira europeia. Amanhã será o exército e por aí
fora, e isso acaba por dar cabo da Europa, porque cria uma espécie
de império europeu em Bruxelas, guiado pela Alemanha.
E com Portugal
sempre na cauda de qualquer decisão…
Nós sobrevivemos
900 anos por termos autonomia política. Se não a tivéssemos,
acontecia como o interior face ao litoral: desaparecia. Agora temos
uma autonomia política reduzidíssima e os resultados que estamos a
ter da periferização – emigração e outros problemas - são
aquilo que se esperaria nessas condições.
Os partidos mais à
esquerda defendem a saída do euro, mas é realista pensar que pode
haver abertura para isso do lado do governo?
A questão dos
bancos foi muito importante para aumentar o ceticismo das pessoas –
se nós não estivéssemos no euro, a solução para os bancos
poderia não ser tão penalizante como foi. Isso foi mais uma
machadada no apoio à zona euro. Mas a verdade é que nenhum dos
problemas está resolvido, na Grécia muito menos, e portanto vamos
ter uma evolução com certeza atribulada dentro da Europa. E na
devida altura vamos ver como é que os partidos políticos reagem.
O Orçamento do
Estado já entrou em vigor e foi a primeira vez que os partidos à
esquerda se concertaram. O que achou das medidas aprovadas?
Não são más. A
estratégia geral do Orçamento aproveitou a margem de manobra do
petróleo baixo para fazer uma redistribuição, o que me parece bem.
O OE tem sido muito criticado por não ser amigo do crescimento, mas
a verdade é que os últimos Orçamentos não têm sido amigos do
crescimento. Se este contribui para uma melhor redistribuição do
rendimento, então cumpre uma missão.
O OE poderia apostar
noutras medidas?
Dentro das
condicionantes da zona euro, é difícil. O que poderia fazer-se de
muito importante em termos de crescimento? Aumentar o investimento
público? Já está no patamar que é possível, face às
condicionantes comunitárias. Dentro da zona euro, não estou a ver
nada que se pudesse fazer de muito excitante em termos de crescimento
económico.
Concorda com a
transferência dos impostos diretos para os indiretos?
Isso, à partida,
não seria positivo porque os diretos são mais justos do que os
indiretos – são progressivos. Mas dadas as circunstâncias e a
baixa do petróleo, até compreendo a solução.
O que achou das
negociações com Bruxelas que impuseram, grosso modo, mais mil
milhões de euros em austeridade?
As negociações
basearam-se numa ideia errada de que a zona euro sairá da crise com
austeridade e com reformas estruturais. Já se provou que isso não
acontece. Não se sabe bem o que são reformas estruturais, é um
chavão com pouca consistência. Como muitos economistas de todo o
mundo têm chamado a atenção, como o próprio G20 chama a atenção
e o próprio Banco Central Europeu tem chamado a atenção, ou a
política orçamental dentro da zona euro muda ou então não se
sairá disto. A política monetária já chegou ao extremo, não pode
fazer mais para estimular a economia, o BCE já está a tomar medidas
arriscadas.
Que riscos são
esses?
Não sei bem –
ninguém sabe muito bem. Não é que não tenha já havido
experiências de taxas de juro negativas, como no Japão. Não
correram muito bem, mas também não agravaram a situação. Se eu
estivesse na posição de Mario Draghi, também teria arriscado: a
alternativa seria uma recessão e uma deflação ainda mais
pronunciadas. Mas não é saudável que isto continue por muito
tempo. Não é saudável que uma pessoa não tenha remuneração na
poupança que faz nos bancos, não é saudável que o sistema
financeiro não tenha rendibilidade para funcionar. Isto não poderá
durar para sempre. Só faz sentido esta política se admitirmos que a
política orçamental muda no sentido de impulsionar a economia. Se a
Alemanha continua a opor-se a isso, estas medidas do BCE podem ser
puras perdas e gerar desequilíbrios que ninguém conhece bem.
Falta então um
estímulo orçamental.
Isso já se sabe há
décadas: a política monetária é útil para restringir a economia
quando ela está sobreaquecida, deve mudar no sentido expansionista,
mas só por si não garante a expansão da economia.
Faltaria então um
plano de investimento à escala europeia, mais ambicioso do que o
plano Juncker?
Sim. E pura e
simplesmente admitir que haja financiamento monetário de défices
públicos, como há nos EUA e no Reino Unido. O BCE já foi até ao
limite do seu mandato – até há quem ache que já o excedeu –,
mas a zona euro devia acabar com esse tabu. O BCE deveria comprar
dívida pública diretamente aos Estados e fazê-lo sem juros, se
necessário.
Há quem admita a
possibilidade de serem usados instrumentos monetários pouco
convencionais, como a entrega de dinheiro diretamente aos
consumidores.
Tentou-se isso no
Japão com vouchers para os consumidores gastarem, mas também não
deu grande resultado. Mau não será, mas também não deu grande
resultado. Então se se pode fazer isso, porque não se pode utilizar
o financiamento monetário, que é mais eficaz? O problema a que
estamos a assistir na zona euro é político, de poder.
Voltando ao
Orçamento, acha que será necessário um plano B, como tem insistido
a Comissão Europeia?
Já houve vários
planos B no passado. Claro que, se isto correr muito mal, terão de
ser tomadas algumas medidas. Mas neste momento não vejo razão para
isso. Não vejo razões para temer um grande descontrolo orçamental.
Mas se ocorrer, aí
será preciso avançar com medidas.
Aí seria mais
difícil evitá-las porque já haveria uma violação de um tratado –
ou o que pode ser entendido como uma violação, embora não seja um
tratado europeu. A posição negocial nesse cenário é com certeza
mais difícil. A argumentação terá de ser que não é possível
fazer esforços mais razoáveis do que aqueles que já são feitos.
Se forem necessárias
mais medidas, quais deveriam ser implementadas?
Depende do montante
que fosse necessário. Se fosse pequeno, que permitisse fazer pelo
lado da despesa, seria preferível. Se fosse um montante tão grande
que só a despesa não fosse suficiente, então teria de se aumentar
algum imposto.
Isso não poria em
risco o entendimento entre os partidos?
Evidentemente, e o
acordo é que suporta o governo.
Acredita na
estabilidade desta solução governativa? É para se manter?
Não faço ideia.
Estamos naquela situação de viver um dia de cada vez. Aqui, é mais
viver cada Orçamento de cada vez. O momento principal para saber se
o acordo está sólido é a produção e aprovação de cada
Orçamento.
Para já tem dado
sinais de estabilidade.
Mais do que muita
gente previa. Eu próprio admitia que seria mais difícil. O
primeiro-ministro tem demonstrado uma grande capacidade de
negociação.
Como olha para estes
entendimentos, tendo em conta o histórico do país desde o 25 de
abril?
Foi surpreendente.
Era um cenário que eu não previa, mais por causa do PS do que pelos
outros partidos. Não foi só nos outros partidos que as coisas
mudaram, foi no PS também. Vejo alguns sinais de uma posição
diferente da habitual face às instituições europeias. Não mudou o
essencial do que o PS tem defendido, mas a postura nas negociações
na UE. Considerei positivo, como sinal, que neste retomar dos
feriados o primeiro-ministro tenha feito uma sessão para enfatizar a
independência nacional no feriado do 1.o de dezembro. É um sinal de
que devemos ter um novo entendimento face à nossa posição na
Europa.
No novo Presidente
da República vê a sensibilidade para um confronto com a UE?
Tenho grande
simpatia pessoal pelo prof. Marcelo Rebelo de Sousa, mas não gostei
de o ver dizer que iria trabalhar para reconciliar os portugueses com
as instituições comunitárias. Cheirou-me muito mal. Parece-me que
o governo não tem tido essa posição.
Pode haver aí
divergências…
Talvez não. Pode
ser que esteja a interpretar mal. Ainda não tive a oportunidade de
lhe perguntar o que significa aquilo.
Já consegue avaliar
o trabalho do ministro das Finanças?
É cedo. Tenho boa
impressão dele, é meu colega na instituição de investigação,
mas só em 2017 se poderá avaliar como correu o Orçamento. Estas
negociações devem ter sido muito difíceis. A Comissão não atuou
bem, porque começou a mandar coisas cá para fora quando ainda não
estavam fechadas, e o ministro portou-se bem.
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