Populismo
põe o povo puro contra elite "corrupta"
Em
entrevista ao Observador, Cas Mudde, politólogo especialista em
populismo, diz que Donald Trump não vai mudar e considera-o
assustador. Além disso, compara o Presidente dos EUA a Karl Marx.
João de Almeida
Dias
Os últimos anos têm
sido uma “tempestade perfeita” para o populismo. É assim que Cas
Mudde, politólogo holandês radicado nos EUA e que dá aulas na
Universidade da Georgia, explica o surgimento de várias forças
políticas populistas — da esquerda à direita — um pouco por
todo o mundo. Sobre Donald Trump, explica que este só pode ser
combatido de forma eficaz se o movimento de protesto contra ele tiver
visibilidade — e acredita que ele não vai mudar. “Qual é o
homem de 70 anos que muda?”, ironiza ao Observador, antes de falar
numa conferência da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre o
tema “O que é o populismo?”.
O Observador ainda
lhe lançou um desafio: quando confrontado com uma citação de um
político populista, será capaz de identificar o seu autor? Cas
Mudde aceitou tentar, mas deixou um aviso: “Eles dizem quase sempre
o mesmo, por isso provavelmente não vou acertar nenhuma”. No final
de contas acertou algumas — mas errou a maioria. Veja aqui o vídeo:
No livro que acaba
de editar em Portugal (Populismo – Uma brevíssima introdução,
Gradiva, 2017), refere que o rótulo de “populista” tem servido
como uma espécie de acusação, ou até insulto, entre adversários.
Tendo em conta o aparecimento de tantos políticos populistas um
pouco por todo o mundo, acha que mais cedo do que tarde chamar alguém
de “populista” passará a ser um elogio?
Não, embora se
possa ver políticos que muitas vezes são apelidados de populistas
que agora estão a começar a aceitar o rótulo, mas também a
redefini-lo. Agora dizem: “Bom, se um populista é alguém que quer
saber do povo, então eu sou um populista”. Mesmo que isso não
seja, obviamente, o que o populismo é. Mas eu acho que,
particularmente na Europa, o populismo é um termo negativo e vai
continuar a sê-lo.
De que forma é que
entende que os políticos populistas estão a tentar dar uma nova
roupagem ao populismo?
Associando-o a uma
ideia de democracia. Dizendo que “se o populismo significa que se
ouve o homem comum, as pessoas verdadeiras, então eu sou um
populista” ou que “se significa que estamos a par com as pessoas
em vez de estarmos numa bolha cosmopolita, então somos populistas”.
Isto era o que alguma direita radical já dizia na década de 1980 e
de 1990 com o racismo, quando diziam “se o racismo significa que
nós levamos o nosso povo a sério e que o colocamos à frente de
estrangeiros, então sou racista”. É uma redefinição de um termo
negativo para termos positivos e amplamente partilhados. O que, é
evidente, não tem muito a ver com o termo verdadeiro.
Em poucas palavras…
Nigel Farage: “É um convencido”
Qual é exatamente,
o mal do populismo? Qual é o problema de apelar às massas, já que
são elas que votam e são elas a quem os políticos terão de
servir?
Esse não é o
problema, isso é democrático. O problema do populismo está na sua
essência, que é monista e moralista. Eles colocam o povo “puro”
contra a elite “corrupta”. Eles acham que todas as pessoas são
puras e então todas as pessoas têm os mesmos interesses e os mesmos
valores, quando as coisas não são assim. Também a elite é visto
como corrupta, embora nos países mais corruptos do mundo ainda haja
políticos que não o são. Além disso, a corrupção só pode ter
sucesso se uma parte significativa do povo faz parte dessa rede de
corrupção. É altamente problemático haver uma distinção moral,
porque se temos o povo “puro” de um lado e a elite “corrupta”
do outro, nunca se chega a um compromisso, porque se os puros se
comprometerem com os corruptos, então serão corrompidos. O que isto
cria é uma política em que o outro lado é ilegítimo e não merece
nada. E isso vai contra as regras democráticas, em particular as da
democracia liberal, onde fações diferentes chegam a um
entendimento.
"O
problema do populismo está na sua essência, que é monista e
moralista. Eles colocam o povo 'puro' contra a elite 'corrupta'. Eles
acham que todas as pessoas são puras e então todas as pessoas têm
os mesmos interesses e os mesmos valores, quando as coisas não são
assim."
Porque é que
estamos a ver este crescimento dos populismos agora?
Até um certo ponto
por questões antigas, que vão até a processos como a secularização
ou a revolução pós-industrial, em que há mais pessoas no setor
dos serviços e menos na indústria. Isso torna as pessoas menos
integradas em subculturas e menos ligadas aos partidos do
establishment, o que resulta na criação de um eleitor flutuante.
Muitos deles poderiam votar em partidos do establishment, mas o que
vimos nas duas últimas décadas foi um crescendo das críticas às
elites por parte das pessoas com mais estudos. Depois, os media
mudaram de forma profunda e estão hoje mais concentrados em
escândalos de corrupção e em crítica. Em cima disso, surge a
crise económica e a crise dos refugiados. Ou seja, foi criada a
tempestade perfeita em que o populismo prospera. Mas algumas destas
coisas são temporárias, como a Grande Recessão ou a crise dos
refugiados. Outras são a longo prazo e não vão mudar. A
volatilidade eleitoral ou a queda dos partidos do establishment é
permanente. Mas o sucesso do populismo não é necessariamente
permanente. Eles podem voltar a perder votos e as pessoas podem
continuar a votar em novos partidos que não são populistas, como o
Ciudadanos [em Espanha], por exemplo.
Em poucas palavras…
Viktor Órban: “Inteligente e determinado. Ele sabe exatamente o
que faz e tem tido um sucesso incrível em mudar o sistema húngaro
para se manter no poder”.
Vamos falar dos EUA.
Donald Trump é um homem rico, que passou a vida rodeado de pessoas
que fazem parte uma elite urbana, muitas vezes liberal. Como é que
um homem com este perfil conseguiu tornar-se numa espécie de
porta-voz de cidadãos conservadores e do mundo rural ou da classe
trabalhadora, de colarinho azul?
Parece estranho, mas
ao mesmo tempo é bastante normal. Os partidos social-democratas têm
sido, desde as suas origens, liderados por pessoas que não eram
trabalhadores. Pense-se em Karl Marx ou até em Friederich Engels. Ou
em Hitler, que era o poster boy para os arianos embora fosse baixo e
tivesse cabelo escuro. Mas a distinção no populismo não é a
riqueza, é a moralidade. E o que Donald Trump vende é “eu tenho
os mesmos valores do que vocês, eu odeio o politicamente correto, eu
quero dizer o que me apetece, eu acredito na América, na América
verdadeira”. E isso permite pessoas ricas a tornarem-se na voz do
homem comum. Há muitos exemplos. Silvio Berlusconi, que é um dos
populistas com mais sucesso na história da Europa, é uma das
pessoas mais ricas em Itália. Tem a ver com a forma como cada um se
comporta, o que cada um diz, o que usa para se relacionar com o povo.
Para lá disso, no contexto dos EUA, a riqueza não é vista de forma
negativa. Por isso, ele é visto como um empresário que teve
sucesso. E isso é bom. O ressentimento dos eleitores de Trump em
relação aos ricos não é muito forte. O ressentimento vai antes
para as pessoas que têm contactos e facilidades. Claro que Donald
Trump tem contactos e facilidades, mas essa história não recebe
muita atenção.
É interessante
ouvi-lo a colocar Donald Trump e Karl Marx no mesmo patamar.
Sim, no sentido em
que, ao longo dos tempos, quase todas as organizações dos oprimidos
têm sido lideradas por pessoas que não são oprimidas. O Lenine
tinha uma teoria sobre isso, que devia ser a vanguarda a liderar a
classe trabalhadora. Mas isto é bastante comum. Marine Le Pen é
bastante rica. Jörg Haider [antigo líder da extrema-direita
austríaca, que chegou a ser parceiro minoritário do Governo entre
2000 e 2002] era bastante rico. Pim Fortuyn [extrema-direita da
Holanda, assassinado em 2002] era exuberantemente gay, embora tivesse
o eleitorado mais homofóbico da Holanda, tinha um motorista, dois
cachorrinhos e um Jaguar que exibia sempre, ao contrário do que os
holandeses fazem com a sua riqueza. Mas isso não importava, porque o
que ele estava a vender era a moralidade, o ser pelo “povo
verdadeiro” e um quebra-tabus. Isso dá-lhe muita margem de
manobra.
Em poucas palavras…
Pablo Iglesias: “Professor. Ele é um falso populista, que diz que
é marxista mas que hoje em dia isso não vende, por isso é
populista. Tudo o que ele faz é estudado e incrivelmente estudado”.
Depois do discurso
do Estado da União de Donald Trump, houve quem tivesse dito que ele
tinha soado como um moderado. Outros disseram mesmo que, pela
primeira vez, falou como Presidente. Dias depois, parece ter voltado
ao seu estilo inicial e acusou Barack Obama de ter colocado escutas
na Trump Tower, mesmo sem ter provas. Será esta a maneira de Donald
Trump encontrar um equilíbrio entre ser Presidente e um político
populista?
Há dois tipos de
políticos: o que tem guião e o que é espontâneo. O Trump sem
guião é uma forma extrema de emoção e paranóia. Por isso, a
diferença entre o Trump normal e o Trump com o guião é enorme. Mas
o que Donald Trump fez foi ler um discurso escrito por outra pessoa,
que escolheu ser menos combativa. O discurso foi muito interessante
porque quando ele disse coisas como “devemos unir-nos e não
podemos ser divisivos”, ele apontava sempre com a mão para os
democratas. Sempre! Foi isso que ele acrescentou ao texto: “Vocês
são o problema, vocês são o problema, vocês são o problema”.
Por isso, não achei que o discurso fosse muito moderado. E ouvir
comentadores liberais dizerem que ele foi muito presidenciável
demonstra porque explorou a angústia da viúva de um soldado que
morreu basicamente por uma operação que era dele, demonstra uns
media incrivelmente superficiais. E também demonstra que há uma
enorme vontade, entre liberais e conservadores, de pedir: “Por
favor, não o deixem ser como ele é”. É como estivéssemos
desesperados por qualquer sinal de que ele pode mudar. Mas ele não
vai mudar. Qual é o homem de 70 anos que muda? Nessa idade ninguém
muda e Donald Trump é quem ele é.
"Há
uma enorme vontade, entre liberais e conservadores, de pedir: 'Por
favor, não o deixem ser como ele é'. É como estivéssemos
desesperados por qualquer sinal de que Trump pode mudar. Mas ele não
vai mudar. Qual é o homem de 70 anos que muda?"
Como é que tem
visto, a partir do estado sulista onde vive, a Georgia, estes
primeiros tempos de Donald Trump?
Eu vivo um bocado
numa bolha, porque vivo numa cidade universitária. Athens é,
juntamente com Atlanta, a única zona democrata da Georgia. Mas o que
se vê é normalização, a maior parte das pessoas simplesmente
continua a viver a vida e tenta mentalizar-se de que temos um
Presidente republicano. Há uma crença de que a democracia americana
é muito forte e que não pode ser desfeita, porque é a América.
Mas do outro lado há um medo entre estudantes que são liberais e
sobretudo os que são de minorias, hispânicos ou outros. É um medo
genuíno. No dia a seguir às eleições tínhamos bastantes
estudantes a chorar. Há um país polarizado. Nas universidades, o
lado republicano está muito silencioso. Mas sabemos que 85% de
republicanos estão satisfeitos com a maneira de governar de Trump.
Mas eu vivo numa bolha universitária e penso que os nossos
estudantes que votaram em Trump tê-lo-ão feito relutantemente.
Queriam votar no Partido Republicano e a única opção que havia era
Trump.
Em poucas palavras…
Beppe Grillo: “É um palhaço”.
E o resto dos
estudantes são o que os media conservadores agora chamam, de forma
jocosa e para gozar com uma alegada falta de resiliência, de “flocos
de neve liberais”?
Certamente muitos
acham que os liberais são exagerados. Eu não sei… O que eu acho
mais incrível é que os americanos são obcecados com a Constituição
deles, que acham que é o melhor texto do mundo, é como se Jesus
tivesse descido à Terra para escrevê-la. E Trump já disse tantas
coisas que vão contra a Constituição e ainda assim os americanos
não estão alarmados. Ele é irresponsável no que diz respeito à
ação militar e passa por cima dos generais. E os generais são
muito estimados nos EUA, a militarização é enorme, eles são
vistos como heróis. E mesmo isso não afeta. Há uma tolerância
para o Trump que é verdadeiramente perturbante.
No seu livro fala da
construção que os populistas fazem da sua própria ideia de “povo”,
que adaptam consoante os seus objetivos. Mas como é que Donald Trump
pode unir o povo americano quando o nível de divisão continua
altíssimo e depois de ele ter vencido umas eleições em que perdeu
no voto popular?
Eu acho que ele não
tenta e que prefere redefinir o que é o povo.
Em poucas palavras…
Geert Wilders: “Traumatizado. Ele vive há 13 anos sob vigilância
total, 24 horas por dia. Como é que não haveria de ser
traumatizado?”.
Mas não será isso
uma fraqueza para um populista? Se ele não tentar apelar ao seu povo
— o povo verdadeiro, não necessariamente apenas àqueles que
encaixam na sua conceção de “povo” — isso não lhe trará
problemas?
Só é um problema
quando é visível. Quando se consegue dar uma nova definição de
“povo” e do “país profundo”, isso chega para manter essas
pessoas contentes e manter a polarização. O resto, se ficar
invisível, não trará problemas. O que é pior para a narrativa de
Donald Trump e para a sua posição são coisas como a Marcha das
Mulheres, em que milhões de pessoas vão para as ruas e que
demonstra que o “povo” que ele construiu não é o povo inteiro.
Isto torna-se numa ameaça, porque a narrativa procura ter raízes
democráticas e, se for claro que ele não fala por milhões e
milhões de americanos, ele fica ameaçado. E ele é claramente
vulnerável a isso. Ainda hoje fala dos números de pessoas na tomada
de posse, ainda fica chateado com as manifestações nos town halls e
diz que os manifestantes são pagos. Ele é muito vulnerável a tudo
isto e por isso é que precisa dos seus comícios, porque tem de
demonstrar que é popular e que fala para o povo.
"A
melhor maneira de tornar os populistas de direita menos relevantes é
falar de medidas socio-económicas, porque eles não têm muitas."
Como é que o
Partido Democrata pode dar a volta a esta situação sem recorrer a
uma solução populista?
Neste momento, há
duas pessoas. Há um grupo que simplesmente diz que precisamos de um
populismo de esquerda, o que é errado e não tem funcionado em lado
nenhum nem vai funcionar nos EUA. E o outro diz que temos de ser um
partido inclusivo e assegurar-nos de que mais pessoas votam. Se os
democratas conseguirem o eleitorado das minorias, vão ganhar as
próximas eleições facilmente. O problema é que o Partido
Democrata está à deriva. Há uma divisão terrível, está mal
organizado e é particularmente fraco a nível estadual. Mesmo na
Marcha das Mulheres e outros eventos o Partido Democrata é
secundário. Mas isso até é bom, porque a mobilização deve ser
pela democracia liberal em vez de partidária. Se o Partido Democrata
tomar estes manifestantes como garantidos, simplesmente vai para a
direita para tentar arranjar ainda mais eleitores, como Clinton fez,
de certa maneira. Isso vai levar a que uma grande porção de jovens
e minorias não vão votar, porque vão dizer que aquilo não é o
partido deles.
Em poucas palavras…
Hugo Chávez: “Uma desilusão. Ele teve sucesso ao início, mas no
final tornou-se autoritário. Mas até aí defendeu as suas
políticas, manteve-se no poder e era bastante popular”.
Em França, Os
Republicanos escolheram François Fillon, o candidato mais à direita
nas primárias e mais próximo da Frente Nacional. Na Holanda, o
primeiro-ministro, Mark Rutte, tem cada vez mais uma postura
anti-imigração, como Geert Wilders. Em Espanha, com o aparecimento
do Podemos, as bases do PSOE chegaram-se para a esquerda. É
impossível os partidos mainstream adaptarem-se à onda populista sem
perderem parte da sua ideologia pelo caminho?
Eu acho que eles já
perderem a sua ideologia e por isso é que vão tão facilmente para
a esquerda e para a direita. Tudo isto é uma resposta ad hoc e é
uma consequência de serem os populistas quem marca a agenda. Os
partidos mainstream respondem apenas com alterações no sentido do
discurso. Tudo isso tem efeitos muito reduzidos. Jean-Marie Le Pen já
tinha dito nos anos 1990 que as pessoas preferem o original à cópia.
Por isso, é uma postura de vistas curtas e não ajuda em nada. Quem
está realmente preocupado com os muçulmanos não vai votar em
Rutte, vai votar em Wilders, porque sabe que Wilders quer mesmo dizer
aquelas coisas e vai fazer alguma coisa. Ao falar do Islão, Rutte dá
relevância não só ao Islão também a Wilders. A melhor maneira de
tornar os populistas de direita menos relevantes é falar de medidas
socio-económicas, porque eles não têm muitas.
Em poucas palavras…
Alexis Tsipras: “Está para lá das suas capacidades. Não estava
de todo preparado para o que encontrou e no fundo é um político
como os outros, que está disposto a fazer tudo para se manter no
poder”.
As sondagens sugerem
que Geert Wilders pode ganhar as eleições na Holanda, mas é pouco
provável que ele venha a ter apoio parlamentar para formar um
Governo. Mas será que estar na oposição é a melhor prenda para
Geert Wilders, já que foi aí que ganhou importância?
Para ele é bom, mas
ele quer mesmo governar, porque acredita mesmo que estamos numa luta
contra o Islão global. Mas ele vai ficar numa posição confortável
na oposição, porque será o partido da oposição contra um Governo
de cinco ou seis partidos. Vai haver esta misturada de partidos que
não são capazes de chegar a acordo em nada e ele será a voz
coerente que está contra isso.
Então ele vai virar
a seu favor a ideia de ser o representante do povo contra a
“misturada política” e os políticos em geral. Ainda por cima
contra os “políticos”, que hoje em dia é um insulto.
Claro. Ele vai dizer
que “a única coisa que os mantém juntos é manterem-me longe do
poder e eles querem manter-me longe do poder porque eu sou a vossa
voz”. E esta é exatamente a narrativa populista. É dizer que eles
são todos a mesma coisa. Quando as coisas se complicam, não importa
se é conservador ou ecologista. O que interessa é ter poder. E ele
vai vender esse Governo dessa maneira. E vai funcionar, mas não acho
que os números de Geert Wilders vão disparar. A minha preocupação
é que muitas pessoas deixem de votar. Vê-se que em muitos países a
participação eleitoral está cada vez mais baixa e isso deve-se em
parte a estas coligações para manter os populistas fora do poder e
também por culpa dos partidos mainstream, que não conseguem
inspirar ninguém e se tornaram em instituições ad hoc,
pragmáticas. Há cada vez menos razões para votar neles, porque
eles não vendem nada.
Em poucas palavras…
Donald Trump: “Assustador. Eu acho, honestamente, que ele tem
problemas mentais, é instável e incrivelmente volátil. Ao mesmo
tempo, é a pessoa mais poderosa do mundo”.
Então acredita que,
para além de precisarmos de falar sobre os partidos populistas,
também devemos pensar um pouco mais sobre os partidos mainstream?
Completamente. Por
duas razões. Primeiro, porque lhes falta uma narrativa convincente e
liberal-democrática. Segundo, porque muitos deles estão a alimentar
o nativismo, o autoritarismo e o populismo da direita radical ao
adaptarem o discurso em vez das suas políticas. E assim eles
enfraquecem a democracia liberal. O que o primeiro-ministro Rutte
está a fazer neste momento é muito divisivo e problemático para um
país inclusivo como a Holanda.
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