População
vai ajudar a definir como será o futuro Jardim do Caracol da Penha
POR O CORVO • 3
MARÇO, 2017 •
Este é o momento
pelo qual muitos ansiavam. Até 19 de março, qualquer cidadão ou
colectivo poderá dar a sua opinião sobre a tipologia definitiva do
futuro Jardim do Caracol da Penha, o grande vencedor da edição
2016/2017 do Orçamento Participativo (OP) de Lisboa. Com o
lançamento do processo de participação popular, a realizar na
tarde (16h30) desta sexta-feira (3 de março), no local onde nascerá
o novo equipamento público, com a presença do presidente da Câmara
Municipal de Lisboa (CML), começa a fase de definição dos
contornos do futuro parque verde, num sítio agora ocupado por um
baldio, numa encosta entre as freguesias da Penha de França e de
Arroios, junto da Avenida Almirante Reis. Será apenas um jardim?
Terá também parque infantil? E um campo de jogos? Tudo isso será
discutido, da forma mais aberta possível, num processo acompanhado
pelos serviços da câmara, que ali deverá gastar uma verba de até
meio-milhão de euros.
Esse é o montante
definido para os projectos de maior envergadura em cada edição do
OP, considerados como “estruturantes” pela autarquia. O do Jardim
do Caracol da Penha acabou por ser o mais votado nessa categoria, na
última edição da consulta popular, cujos resultados foram
anunciados a 28 de novembro. Recebeu um número record de 9.477
votos, na edição mais participada de sempre do orçamento
participativo da capital, com 51.591 votos. Um resultado decorrente
de um exemplar processo de mobilização da população, iniciado no
verão passado e reflexo da vontade de um grupo de residentes daquela
zona em ver nascer um espaço verde no local para onde estava
prevista a construção de um parque de estacionamento da EMEL. O
baldio com mais 8.000 metros quadrados terá agora outro destino,
devendo o desenho final do jardim ser apresentado em meados de abril,
após o processo de consulta agora iniciado.
As opiniões e
ideias relativas ao projecto poderão ser dadas através da conta de
Facebook do Movimento pelo Jardim do Caracol da Penha e ainda caixas
para recolhas de sugestões – designados de “Sugestionários”
–, colocadas em várias lojas e escolas das freguesias de Arroios e
Penha de França. “As sugestões serão depois analisadas, e
definir-se-á uma versão preliminar do projecto, em articulação
com a equipa projectista, que responda às sensibilidades
apresentadas e se encaixe nas restrições existentes. Esta versão
preliminar será posteriormente apresentada e discutida publicamente
em datas a anunciar”, explica o movimento em comunicado de
imprensa, através do qual dá conta do começo da campanha de
auscultação popular, realizada sob o mote “Como imaginas o Jardim
do Caracol da Penha?”. “Pretende-se que a participação seja
abrangente e qualquer pessoa pode enviar sugestões e recorrer a
imagens, fotos, documentos ou links para ilustrar o seu conceito”,
anuncia-se.
Nas últimas
semanas, o projecto do Jardim do Caracol da Penha esteve envolto em
alguma polémica, devido a duas questões distintas. A 16 de
Fevereiro, O Corvo dava conta do descontentamento sentido por um
grupo de moradores, por discordarem da eventual construção de um
campo de basquetebol no seio do parque verde. Alegavam que o
surgimento de tal valência, com piso sintético, seria o desvirtuar
da proposta inicial, centrada num espaço que se pretende
predominantemente de coberto vegetal. Poucos dias depois, o próprio
movimento dava conta do seu desagrado pelo facto de o Bloco de
Esquerda ter pintado um mural com o símbolo do partido junto a uma
das entradas do terreno. O BE foi acusado de se estar a tentar
apropriar dos louros de um movimento de base popular.
Texto: Samuel Alemão
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