quarta-feira, 19 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
"Há provas das cedências de Paulo Portas aos alemães na compra dos submarinos"
"Há
provas das cedências de Paulo Portas aos alemães na compra dos
submarinos"
NUNO SÁ LOURENÇO
18/08/2015 - PÚBLICO
Já
havia participado na comissão que avaliou os programas de aquisição
de equipamento militar, mas o verdadeiro rastilho foi a comissão de
inquérito ao BES de que José Magalhães também fez parte. A
documentação que aí teve acesso permitiu-lhe publicar o livro
“Submarinos.PT
José Magalhães já
vai na sua nona legislatura parlamentar. Foi um dos deputados
comunistas a quem a Perestroika provocou o divórcio com o partido de
Álvaro Cunhal em 1990. Já era um veterano dos corredores de São
Bento, quando decide abandonar a bancada do PCP para ser
independente, depois de um elogio à primeira presidência de Mário
Soares. Acabou por ser convidado por Jorge Sampaio para integrar a
bancada do PS, onde chegou a vice-presidente. A sua actividade
parlamentar só foi interrompida pela participação nos Governos de
José Sócrates nos gabinetes da Administração Interna e da
Justiça.
Porque é que
escolheu para subtítulo do seu livro “Guia para os perplexos de
todas as condições”?
Porque tanto o
negócio dos submarinos como as investigações que incidiram sobre
dois aspectos desse negócio geraram ao longo de uma década, e vão
continuar a gerar, enormíssimas perplexidades.
Mas o negócio já
foi alvo de comissões de inquérito. Não era mais útil para a
sociedade apresentar conclusões?
O livro precisamente
procura abordar essas perplexidades com respostas a partir de
documentos, constantes sobretudo, não do arquivo dos inquéritos
parlamentares mas do arquivo do ministério público.
E quais são as
respostas que o seu livro acrescenta ao debate mediático sobre este
negócio?
O debate mediático
foi orquestrado de forma magistral e de forma muito competente para
afastar a atenção dos aspectos centrais onde houve vulnerabilidades
notáveis, para o focar em aspectos periféricos. A obra de arte
suprema é deflagrar um incêndio sobre se Portugal precisa de
armamento sofisticado quando o problema central era sobre se a sua
compra tinha sido feita bem ou mal, com corrupção ou sem corrupção.
O que significa que andámos a Leste. Porque como reinava o segredo
em relação a aspectos centrais, aos aspectos centrais todos, aquilo
que discutimos durante uma década foram os aspectos periféricos.
O que é que
qualifica como aspectos centrais?
As protegidas por
segredo de Estado, militar, administrativo e de Justiça, numa
combinação profundamente afortunada. Se acrescentar a isso o
desaparecimento cirúrgico da documentação relativa à participação
do BES no consórcio que financiou a operação de compra, tem um
puzzle em que os cidadãos, os jornalistas, os deputados foram
impedidos de forma drástica de aceder à informação essencial. E
só quando houver abertura total dos arquivos é que os
investigadores abrirão a boca de espanto como eu abri ao verificar
que a resposta para algumas das suas perguntas afinal existia.
E que dados
relevantes estavam escondidos e conseguiu desenterrar?
Há muitos exemplos,
todos conhecemos o glorioso dia da assinatura do contrato. O que não
sabíamos é que depois da assinatura do contrato houve um ultimato
da parte alemã que ameaçou fazer a resolução do contrato por ele
ser incumprível, tal como tinha sido assinado, tendo obtido nos dias
seguintes um recuo do Estado, orquestrado a partir do topo do
ministério da Defesa, posto o que, em 4 de Junho de 2004, foi
assinado o contrato de financiamento, alterando-se vários aspectos
do contrato assinado em Abril.
E o que é que
provocou o ultimato alemão?
A reformulação do
preço, que se calcula através de uma fórmula matemática tão
interessante e tão complexa que o Ministério Público não
conseguiu, mesmo metendo o Instituto Superior Técnico ao barulho,
ter a certeza que o preço pago tinha sido efectivamente calculado de
acordo com a fórmula.
Mas as exigências
não foram só em relação ao preço, implicavam ainda a estrutura
de financiamento, a garantia bancária?
Em todos esses
aspectos e muito outros, houve recuos e aceitação de cláusulas
extraordinárias como aquela que obrigou o Estado a pagar 63 milhões
de euros por entre a assinatura e a entrada em vigor terem mediado
vários meses, entre os quais os que o Tribunal de Contas teve de ter
para examinar o contrato. Examinar, aliás, mal, com insuficiência
de documentação.
Uma justificação
para esses 63 milhões foi a da revisão dos preços dos materiais e
da mão-de-obra devido à inflação.
Esse era um primeiro
critério, mas acabou alterado. Na verdade, esses cálculos não
estão fundamentados e o MP considerou que não havia fundamento
legal para os pagamentos.
O que leu
permite-lhe apontar um responsável ou responsáveis políticos na má
gestão do processo?
Parece-me evidente
que a condução do processo ficou a cargo do ministro de Estado e da
Defesa.
Está falar de Paulo
Portas?
Exactamente. Há
provas no processo dos vários actos através dos quais ele
determinou que o Estado português fizesse cedências, tanto no
contrato de aquisição como no de contrapartidas. E também há
evidência do parecer contrário, em muitos pontos, dos peritos
militares, até porque o procedimento foi um case study. Porque na
minha experiência de contratação pública não me lembro de um
contrato ser assinado e depois alterado à socapa e não ser
fiscalizado pelo Tribunal de Contas com acesso a toda a documentação.
O que aconteceu neste procedimento foi candidatar a uma corrida para
um fornecimento ao Estado um Volkswagen, substituí-lo por um BMW, e
depois degradar a composição do BMW até ficar outra vez uma
espécie de Volkswagen. A questão é porque é que todos nós
fizemos de parvos, durante uma década. Isso só se explica devido
aos meandros do Estado secreto.
Porque é que
incluiu duas cronologias separadas, uma do negócio e outra das
investigações?
Porque revela que só
uma pequena parte das diligências surtiram efeito, mas que apesar de
tudo surtiram algum efeito. O MP conseguiu, graças à cooperação
internacional, reconstituir o rasto do dinheiro quase todo e foi por
isso que os visados, em vez de seguirem o plano A – que era guardar
o dinheiro na Suíça não prestando contas ao fisco – foram
obrigados a recorrer ao plano B – recorrer ao RERT [Regime
Excepcional de Regularização Tributária] para regularizarem parte
da situação. Não foi um fracasso absoluto. Mas a verdade é que a
investigação começou tarde, deparou-se com uma série de portas
fechadas, arrastou-se no tempo, teve meios ínfimos em relação à
complexidade das matérias e tivemos um par de magistradas durante
anos a enfrentar a organização do império Espirito Santo. Isso é
abordado com o objectivo de levantar interrogações sobre porque é
que determinadas diligências só foram feitas tão tardiamente, em
2013 e 2014, dez anos depois da data da assinatura do contrato. Se o
negócio gera perplexidades, a investigação também gera
perplexidades e exige reflexão virada para a acção e para
correcções em metodologias. Porque o MP, tendo competências em
muitas áreas, não pode actuar descoordenado no STA, no Tribunal de
Contas e no DCIAP.
O que é que tem de
mudar?
Os pareceres que
Augusto Santos Silva [ministro da Defesa entre 2009 e 2011] pediu
sobre os contractos se emitidos na altura da sua elaboração teriam
ajudado a defender melhor a posição do Estado e do interesse
público. Uma maior intervenção preventiva na elaboração do
contrato da PGR, a adopção de métodos de transparência.
Tem de se mudar o
regime de sigilo e segredo de Estado?
E além disso os
arquivos públicos devem ser íntegros e não devem ser objecto de
destruição metódica. Um ministro quando cessa não pode fazer
desaparecer o seu correio electrónico todo! A documentação sobre a
formação de um contrato tem de ser guardada nos arquivos públicos,
que não podem desaparecer para os escritórios de advogados
privados! Não podem andar num cá e lá! Esse tipo de prevaricações
fazem parte da patologia. A PGR quando intervém, é para concluir
que mesmo o mais grosseiro incumprimento não legitimava a não pagar
e não consumar a compra dos submarinos. Foram três pareceres de
dezenas de páginas do Diário da República em que se conclui que
não é possível endireitar a sombra da vara torta
Considera que existe
em Portugal uma cultura de segredo que oculta o essencial?
Historicamente, o
que houve foi quem prevalecendo-se e abusando do segredo, sonegava
aos tribunais, ao Tribunal de Contas e STA, informação
absolutamente essencial para poderem exercer as suas competências de
forma eficiente.
O processo passou
por vários Governos, tanto do PSD/CDS como do PS. Não identifica no
processo erros dos governos do PS?
O XVII e XVIII
tentaram endireitar a sombra da vara torta. Como entre o contrato de
fornecimento e o contrato de contrapartidas não foi feito nenhum
nexo, do tipo se não cumpre as contrapartidas fica prejudicado o
negócio da compra, os infelizes que tiveram de aplicar o que foi
contratado em 2004, tinham os pés e as mãos amarrados.
Falou do Volkswagen
que passou a BMW que depois foi despromovido a VW. Mas o momento da
mudança dos requisitos do submarino acontece durante um Governo PS.
Isso é um mito
urbano. É a façanha propagandística numero um de Portas. Eu cito o
momento em que se deu a degradação, nomeadamente dos sistemas de
armas.
Mas eu estou a falar
do momento em que o submarino alemão ganha especificações que não
tinha no início.
Os documentos provam
o contrário.
Mas foi em 2000 que
a Marinha faz o pedido da inclusão do Air Independent Propulsion…
Uma coisa era
discussão em abstracto das especificações. Outra é olhar para a
oferta francesa e a alemã dizer qual é a melhor.
Mas os alemães
mudam a proposta reforçando o seu submarino…
Ambas as propostas
foram sendo ajustadas…
Tanto a francesa
como a alemã?
Obviamente.
Alguns dos “factos apurados” por José Magalhães
Alguns
dos “factos apurados” por José Magalhães
No
livro Submarinos.PT, o deputado do PS aproveita a documentação a
que teve acesso nas comissões de inquérito para dar visibilidade a
aspectos da investigação do ministério Público
NUNO SÁ LOURENÇO 18/08/2015
-PÚBLICO
José Magalhães
enumera um conjunto de 38 conclusões em que identifica as
responsabilidades de Paulo Portas no processo. Embora o capítulo
termine com uma citação do Ministério Público em que este
reconhece que “não se comprovou” que Portas “tenha dirigido as
negociações com vista a favorecer o adjudicatário ou os bancos
financiadores”, o deputado do PS não deixa de assinalar que o fim
da investigação é decidido devido à prescrição inevitável do
processo. Excertos:
“1. As negociações
entre o Estado português e o GSC [consórcio alemão que construiu
os submarinos], após a retoma do processo concursal (...),
decorreram de forma opaca, sem a elaboração das actas das reuniões
havidas (...).
“3. Tais
negociações levaram à celebração de um contrato substancialmente
diverso do adjudicado pelo Conselho de Ministros. (...)
“8. O modelo de
submarino e equipamento suplementar negociados no âmbito daquela
comissão, sem quaisquer limites financeiros, levara a que as BAFO
[Best and Final Offer] de 2000 contemplassem modelos com
características que o Estado português não podia pagar, ainda que
reduzindo o número de submarinos a adquirir. (...)
“12. Na retoma do
procedimento, não terá sido acautelada, antes da entrega das
propostas, a concorrência das propostas, concorrência entre as
partes que não foram devidamente elucidadas sobre os
constrangimentos financeiros existentes. (...)
“14. Face à
opacidade do processo negocial, não é perceptível, (...) como e
com quem foram obtidos alguns consensos que se materializaram nos
contratos celebrados. (...)
“16. Existem
indícios de que, na véspera da assinatura dos contratos, grande
parte das contrapartidas de que era beneficiária a Lisnave foram
deslocadas para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo sem o acordo
do GSC. (...)
“18. No tempo de
que os titulares do inquérito dispuseram não foi possível obter
juízos periciais sobre aspectos que se reputam fundamentais. (...)
“21. A fixação
de regras diversas — a terem sido estabelecidas — por acordo
entre o Estado e o adjudicatário, à revelia do outro concorrente,
terá violado os princípios da concorrência e da estabilidade das
regras concursais. (...)
“26. Não foram
localizados os seguintes elementos: cartasconvite enviadas às
instituições financeiras; actas ou outros documentos referentes à
negociação das propostas prévia à adjudicação; documento
contendo as reservas do CSFB/ BES quanto ao spread; a decisão do
Ministério da Defesa a permitir a revisão da proposta deste
consórcio bancário. (...)
“33. Poderão ter
sido violados princípios de direito administrativo, designadamente
princípios da concorrência, da estabilidade ou intangibilidade das
propostas e da transparência. (...)
“34. Ao celebrar
um contrato diverso do adjudicado (...), o ministro da Defesa, Paulo
Portas, excedeu o mandato que lhe foi conferido. (...)
“35. Foram tomadas
algumas decisões objectivamente violadoras do PRAS: a redução da
garantia de bom e fiel cumprimento e a assunção pelo Estado do
montante de aproximadamente 23 milhões de euros de custo total das
garantias, por adiantamentos.”
Imigração “vai ocupar-nos mais do que a Grécia”
Imigração
“vai ocupar-nos mais do que a Grécia”
A questão do asilo
“poderá ser o próximo projecto europeu onde veremos se somos
verdadeiramente capazes de agir de forma conjunta”, disse a
chanceler alemã, Angela Merkel, numa entrevista. E vai ocupar “mais”
os europeus do que “a Grécia ou a estabilidade do euro”.
A União Europeia
confronta uma crise com milhares de refugiados de guerra como na
Síria, a fugir de violência como na Nigéria, ou à procura de
melhores oportunidades económicas como os que vêm da Albânia.
Ainda a semana
passada o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados apelou a uma
acção urgente da Europa, considerando que a actual vaga de migração
é a mais grave crise desde a II Guerra Mundial, com mais de 60
milhões de deslocados por conflitos e crises políticas. A maioria
dos refugiados do mundo está, no entanto, em países em
desenvolvimento como o Paquistão. “A questão de saber como
devemos agir com os migrantes (...) vai ocupar-nos bem mais do que a
Grécia ou a estabilidade do euro”, disse a chefe de Governo alemã,
numa entrevista à televisão pública ZDF, emitida no domingo.
“Necessitamos de
uma política europeia comum em matéria de asilo”, disse Merkel,
numa altura em que a Alemanha também tem sido “inundada” por
pedidos de asilo, que podem chegar aos 600 mil este ano, um recorde.
Uma das medidas
defendidas pela chanceler, foi criar uma lista de países “seguros”,
onde não houvesse motivos para pedir estatuto de refugiado, abrindo
assim caminho mais rápido para aqueles que vêm de países que estão
sem dúvida em guerra, como a Síria ou o Afeganistão. A Alemanha
tem muitos pedidos de países dos Balcãs.
Merkel — que
indicou que vai discutir o tema com o Presidente francês, François
Hollande — admitiu que a situação na Alemanha, onde os migrantes
são alojados em tendas ou contentores, “não é nada
satisfatória”.
Quando questionada
sobre um aumento de ataques incendiários a centros para refugiados
na Alemanha, Merkel disse que isso é “indigno do nosso país”.
Desde o início do ano há registo de mais de 200 ataques em centros
de acolhimento em toda a Alemanha
in PÚBLICO
U.S. Lacks Ammo for Next Economic Crisis
U.S.
Lacks Ammo for Next Economic Crisis
Policy
makers worry fiscal and monetary tools to battle a recession are in
short supply
By JON HILSENRATH
and
NICK TIMIRAOS
Aug. 17, 2015 10:37
p.m. ET /
http://www.wsj.com/articles/u-s-lacks-ammo-for-next-economic-crisis-1439865442?mod=e2fb
As the U.S. economic
expansion ages and clouds gather overseas, policy makers worry about
recession. Their concern isn’t that a downturn is imminent but
whether they will have firepower to fight back when one does arrive.
Money has been
Washington’s primary weapon in the decades since British economist
John Maynard Keynes proposed aggressive government spending to battle
the Great Depression. The U.S. generally injects cash into the
economy through interest-rate cuts, tax cuts or ramped-up federal
spending.
Those tools could be
hard to employ when the next dip comes: Interest rates are near zero,
and fiscal stimulus plans could be hampered by high levels of
government debt and the prospect of growing budget deficits to cover
entitlement spending on retired baby boomers.
Few economists
believe the U.S. is near recession. The economy seems to have
regained its footing after a first-quarter stumble, and Federal
Reserve officials are considering whether to raise short-term
interest rates for the first time in nearly a decade to ensure the
economy doesn’t overheat.
Even so, looming
threats are a reminder that the slow-growing global economy is just a
shock away from peril. Japan’s economy contracted in the second
quarter and Europe recorded lackluster growth. China’s slowdown,
meanwhile, appears more severe than global policy makers initially
realized and a currency devaluation there might spur trade frictions.
With the U.S.
expansion entering its seventh year, policy makers are planning how
to respond to the next downturn, which history shows is inevitable.
The current expansion is now 16 months longer than the average since
World War II, and none has lasted longer than a decade.
“The world economy
is like an ocean liner without lifeboats,” economists at HSBC Bank
wrote in a recent research note.
In the next
downturn, former Fed Chairman Ben Bernanke said in an interview, the
tools of government will be “more limited than usual, but they’re
not zero by any means.”
The Fed, for
example, could experiment with negative interest rates. A recession
also could force Congress and the White House to bridge Washington’s
partisan divide to strike a deal that pairs short-run stimulus with
long-run plans to reduce the deficit.
‘Live question’
“This is a very
live question,” said Douglas Elmendorf, the recently departed
director of the Congressional Budget Office. “Policy makers are
thinking about their backup, backup plans.”
The Fed’s strategy
of keeping interest rates low well into an expansion is intended to
help avoid a relapse into recession. Fed Chairwoman Janet Yellen has
described low rates as insurance against another downturn. That is
another reason officials intend to move slowly once they begin
nudging up rates.
Worries stretch to
the White House. “Federal fiscal policy will be a more important
tool in addressing future business cycles because monetary policy may
be more frequently constrained,” Jason Furman, the chairman of the
White House Council of Economic Advisers, said in an interview.
“That’s a big change in the way the economics profession sees the
world.”
The U.S. over the
past quarter century regularly turned to the Fed to provide stimulus
when the economy stumbled.
In the most recent
recession, short-term interest rates were pushed to near zero, then
the central bank embarked on massive—and controversial—bond-buying
programs to drive down long-term interest rates. The Fed also
promised to keep short-term interest rates low for an extended
period.
The tactics were
meant to make it easier for households to pay off debts, encourage
new borrowing and promote risk-taking; officials hoped that would
push investment and consumer spending higher.
The next downturn
could further expand Fed bondholdings, but with the central bank’s
balance sheet already exceeding $4 trillion, there are limits to how
much more the Fed can buy.
Mr. Bernanke said he
was struck by how central banks in Europe recently pushed short-term
interest rates into negative territory, essentially charging banks
for depositing cash rather than lending it to businesses and
households. The Swiss National Bank, for example, charges commercial
banks 0.75% interest for money they park, an incentive to lend it
elsewhere.
Economic theory
suggests negative rates prompt businesses and households to hoard
cash—essentially, stuff it in a mattress. “It does look like
rates can go more negative than conventional wisdom has held,” Mr.
Bernanke said.
Others, including
Sen. Bob Corker (R.,Tenn.), see only the Fed’s limits. “They
have, like, zero juice left,” he said.
Many economists
believe relief from the next downturn will have to come from fiscal
policy makers not the Fed, a daunting prospect given the
philosophical divide between the two parties.
Republicans doubt
federal spending expands the economy, and they seek to shrink rather
than grow government. Democrats, meanwhile, say government austerity
hobbles the economy, especially in a downturn.
At issue is how much
the U.S. can afford to borrow and spend to goose the economy out of
the next recession. The experience of the past recession has set off
sharp disagreement among economists.
Federal debt has
grown to 74% of national output, from 39% in 2008. To restrain
short-term budget deficits, Congress and the White House agreed
earlier this decade on a mix of spending cuts and tax increases. In
all, total state, local and federal government spending, adjusted for
inflation, shrank 3.3% since the recovery began in 2009, compared
with an average increase of 23.5% over comparable periods in past
postwar expansions.
While federal debt
is high by historical norms, the budget deficit has narrowed to
around 2.4% of national output. That provides the U.S. with a bit of
fiscal breathing room. Even with steady economic growth, however,
deficits are projected to surpass 3% by the end of the decade,
pushing debt higher still, according to the Congressional Budget
Office.
“If there’s
another recession, there will be pressure to expand the deficit
fairly rapidly to a level that is unprecedented in modern time,”
said Stephen King, senior economist at HSBC and author of the report
on the global economy’s lack of fiscal lifeboats.
No one knows how
much U.S. debt can grow without triggering an increase in inflation
and interest rates that would hobble investment and growth. “We
don’t have that much experience with countries carrying debt like
the level the U.S. has right now,” said Mr. Elmendorf, the budget
analyst.
Japan has driven
government debt to levels nearly twice its annual economic output,
yet its experience doesn’t provide clear guidance. The spending
hasn’t spurred significant growth; nor has the debt load driven up
government borrowing costs, as economic theory suggests it would.
In a controversial
2010 paper, Harvard University economists Kenneth Rogoff and Carmen
Reinhart said nations had slower growth after government debt
exceeded 90% of national output.
The paper drove
debate over government austerity and was later criticized by
researchers at the University of Massachusetts for flaws in
methodology and analysis. Mr. Rogoff and Ms. Reinhart said the
criticism was overblown.
Economists at
Moody’s Analytics say U.S. debt could increase another $5.6
trillion without much danger, enough money to shield against a repeat
of the 2007-09 financial crisis with similar financial rescue
spending.
International
Monetary Fund economists warn against undercutting growth by imposing
austerity programs when a debt crisis isn’t imminent.
Mr. Elmendorf sees
two potential misjudgments for the U.S. over the relationship between
growth and debt. The first, he said, would be to assume that higher
debt levels eliminate short-term fiscal policy tools in a recession.
The second would be to see no need to reduce government debt in the
long run.
Even if it were
clear that the U.S. could afford to boost spending or cut taxes,
partisan disagreements over Mr. Obama’s 2009 stimulus spending
stand in the way of a consensus on the benefits of fiscal policy in a
downturn.
The $787 billion
spending package “was so badly designed it probably gave fiscal
policy a bad name,” said Martin Feldstein, a Harvard University
professor and former economic adviser to President Ronald Reagan who
had earlier supported a large stimulus to address the financial
crisis.
“Any objective
observer would look at the $1 trillion-plus in stimulus money and say
that has not been effective in having the economy grow in a way that
is lasting,” said Rep. Tom Price, the Georgia Republican who chairs
the House Budget Committee.
The White House
disputes the criticism, noting the U.S. economic recovery has been
stronger than in developed nations that rejected fiscal stimulus.
And predictions that
rising debt levels would lead to higher inflation and soaring
interest rates have so far been wrong. Even though debt as a share of
GDP is nearly double where it was before the financial crisis struck,
interest rates have remained low.
“It feels like we
have a lot more fiscal space than you would have thought 10 years
ago,” said Mr. Furman, the White House economic adviser.
A related lesson of
the recent recovery, Mr. Furman said: If governments borrow for a
good reason, such as infrastructure spending to boost employment
during downturns, “it doesn’t appear as if the markets would
penalize us.”
Mr. Furman has been
trying to steer policies at the White House to prepare for the next
downturn. There are signs the next recession will be more difficult
to manage, he said, because of sharp cuts to state and local
governments, budgets that in previous downturns had acted as a
buffer.
Automatic programs
At the federal
level, the White House has focused on expanding programs that
automatically ramp up when the economy stumbles and fade away during
economic recovery.
In this year’s
budget proposal, for example, the Obama administration proposed
replacing the unemployment benefit system, which in past downturns
wasn’t expanded by Congress until well after a recession had begun.
The idea is to automatically boost the amount of insurance available
to unemployed workers when state unemployment rates reach certain
thresholds.
Opponents cite high
costs—officials said the overhaul would cost $50 billion over 10
years—and point to research suggesting that expanded unemployment
insurance can deter men and women from re-entering the workforce.
Compromise has been
elusive. After Republicans won control of the House in 2010, the
White House sought, unsuccessfully, a deal to raise revenues and curb
long-run growth in spending, in exchange for a short-run stimulus.
The next downturn
could return the two sides to the bargaining table. But lawmakers
will have less room to maneuver “because the entitlement side
hasn’t been addressed,” Mr. Corker said. “We haven’t dealt
with even the most basic elements.”
Mr. Feldstein and
Robert Rubin, the former Treasury Secretary under President Bill
Clinton, are calling for so-called revenue neutral incentive
policies, such as tax credits for business investment that offset
government costs by raising corporate taxes elsewhere.
The challenge is
that these policies “sound simple, but politically, it is really
hard,” said Glenn Hubbard, the dean of the Columbia Business School
who advised President George W. Bush through the 2001 recession. “We
have very little cushion for whoever the next president is and the
next congressional leaders if they had to deal, gosh, with anything.”
Write to Jon
Hilsenrath at jon.hilsenrath@wsj.com and Nick Timiraos at
nick.timiraos@wsj.com
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Eight reasons why China’s currency crisis matters to us all
Eight
reasons why China’s currency crisis matters to us all
The
Chinese leadership’s devaluation of the yuan delivered a temporary
shock to financial markets, but its longer-term effects may be felt
around the globe
Heather
Stewart, Observer economics editor
Sunday
16 August 2015 00.05 BST /
http://www.theguardian.com/world/2015/aug/16/china-currency-crisis-yuan-devaluation-why-it-matters?CMP=fb_gu
After China
unexpectedly devalued its currency last week, one City economist
shrugged despairingly and said: “It’s August.” While it’s
meant to be a time for heading for the beach or kicking back in the
sunshine with the kids, August has often witnessed the first cracks
that presaged what later became profound shifts in the tectonic
plates of the global economy — from the Russian debt default in
1998, to what Northern Rock boss Adam Applegarth called “the day
the world changed,” when the first ripples of the credit crunch
were felt in 2007; to August 2011, when ratings agency Standard and
Poor’s sent shockwaves through financial markets by stripping
America of its triple-AAA credit rating.
Taking the long
view, last week’s devaluation by China, which left the yuan about
3% weaker against the dollar, was relatively modest — sterling had
lost 16% of its value in 1967 when Harold Wilson sought to reassure
the British public about the “pound in your pocket”.
But China’s
decision represented the largest yuan depreciation for 20 years; and
the ripples may yet be felt thousands of miles away. So what
difference will it make to the rest of the world?
1. It could be
serious
China’s
devaluation may be best seen as a distress signal from Beijing
policymakers – in which case the world’s second-largest economy
may be far weaker than the 7% a year growth that official figures
suggests. China has been trying to engineer a shift from export-led
growth to an expansion based on consumer spending – while
simultaneously trying to deflate a property bubble. Last week’s
move, which loosened the yuan’s link to the value of the dollar,
suggested some policymakers may be losing patience with that
strategy, and reaching for the familiar prop of a cheap currency.
Nobel prize-winning economist Paul Krugman described the decision as
“the first bite of the cherry,” suggesting more could follow, and
in a reference to Chinese premier Xi Jinping, warned that such a
modest move gave the impression that, “when it comes to economic
policy Xi-who-must-be-obeyed has no idea what he’s doing”.
If its economy
really is much weaker than Beijing has let on, it would be alarming
for any company hoping to export to China — something firms in
Britain have been encouraged to do in recent years, to lessen
reliance on the stodgy European economies. China was the
sixth-largest destination for British exports last year. China will
remain a vast market; but it may not be quite such a one-way bet as
some analysts have suggested. And when it comes to the challenges
facing Chinese policymakers, Russell Jones, of consultancy Llewellyn
Consulting says: “The potential for getting this wrong is quite
high.”
2. A less costly
Christmas
China has been
trying to shift from being a vast factory producing cut-price
consumer goods for the rest of the world. Yet glance at the label on
almost any T-shirt or toy – let alone consumer gadget – and it’s
still likely to read “Made in China”. A country’s currency is
not the only determinant of how much its goods will cost when they
reach the high street: Chinese wages have been rising, making its
products less competitive, and the price of raw materials and
shipping is also important. However, the devalued yuan will force
China’s Asian rivals, such as Indonesia and South Korea, to compete
even harder in response; and the result may be a few pence off the
price of Chinese-made Christmas presents. Martin Beck, of consultancy
Oxford Economics, says, “Almost 9% of the UK’s goods imports come
from China, a share that has doubled over the last decade.” So
there will be a direct disinflationary effect from cheaper imports.
3. Cheaper petrol at
the pump
China’s apparently
insatiable demand for natural resources has been a key factors
supporting the price of oil in recent years. So fears that China’s
economy is in trouble tend to undermine oil prices – and that
probably means cheaper petrol in Britain. Of course, there are other
factors, including strong oil production in the US; but global oil
prices resumed their decline last week following China’s move,
dipping back below $50 a barrel. In coming months, weak Chinese
demand could force down the cost of many commodities, from oil to
iron ore.
4. Delayed rate
rises
Central bankers in
the US and the UK have been issuing warnings for months that, with
growth strengthening, they are preparing to start pushing up interest
rates – reversing the emergency cuts made in the global credit
crunch. Mark Carney, the Bank of England governor, has suggested “the
turn of the year” might be the moment to consider tightening
monetary policy (ie raising rates); Janet Yellen at the US Federal
Reserve has signalled that an increase could come as early as
September. However, if the cheaper yuan cuts the price of imports,
this will undermine inflation, which is already at zero in the UK;
and could delay a rate rise. A renewed bout of market turbulence as
global investors assess the implications of China’s decision could
have the same effect.
5. Deflation,
deflation, deflation
In the short term,
lower-than-expected borrowing costs will benefit indebted consumers
in the west – including Britain’s mortgage-holders. But some
analysts believe China’s decision is the latest evidence of a
deep-seated lack of demand in the global economy, which will unleash
deflation. Brief periods of falling prices – particularly if
concentrated among one or two commodities – can be good news; but
economists fret about periods of persistently falling prices, which
can undermine spending and investment and feed through to wages, as
consumers and businesses delay spending, expecting goods to be even
cheaper in future. And if a fresh downturn does come, central bankers
have little ammunition left to tackle it, since interest rates in the
US, the UK and Europe are already on the floor. Economist Ann
Pettifor, of thinktank Prime, who foreshadowed the credit crunch in
her 2006 book, The Coming First World Debt Crisis, believes the
developed economies face some of the challenges felt by Japan during
its “lost decade”, when it suffered both deflation and weak
demand – but unlike Japan, many developed economies, not least the
UK, would enter any new crisis under a heavy burden of borrowing.
“It’s the pressure of debt on consumers, corporates,
municipalities,” Pettifor says, raising the spectre of the kind of
debt trap identified by the US economist Irving Fisher in the wake of
the Great Depression. Not everyone is so pessimistic, and Carney has
shrugged off the idea that deflation is a threat in the UK; but as
Neil Mellor, of BNY Mellon, put it in a research note on Friday, “as
we watch and wait, the market will be anxiously aware that a
sustained depreciation could have ramifications across the globe by
shifting the inflation dynamic at a most inopportune time.”
Australia’s
economic buoyancy has depended to some extent on its sales of natural
resources to Asian neighbours such as China. Facebook Twitter
Pinterest
Australia’s
economic buoyancy has depended to some extent on its sales of natural
resources to Asian neighbours such as China. Photograph: Ian
Waldie/Getty Images
6. Tough times for
Oz
Australia has
experienced an impressive economic boom in recent years on the back
of selling natural resources, including coal and iron ore, to its
Asian neighbours, and China accounts for more than a quarter of its
exports. So weakness in the Chinese economy is bad news for
Australia. Research by consultancy Oxford Economics last week, which
modelled the impact of a 10% Chinese devaluation, accompanied by a
sharp slowdown, suggested other hard-hit countries could include
Brazil, Russia, Chile and Korea.
7. Even more pain
for Greece
If the Chinese
devaluation does bring what one City analyst, Albert Edwards, last
week called a “tidal wave of deflation” to the global economy,
the most vulnerable countries will be those that are heavily in debt
– because while wages and profits fall in a deflationary period,
the value of debts remains fixed, making them harder to service (to
pay interest on). And economies where consumer demand and confidence
is already weak tend to be hit harder by the reduced spending that
deflation can bring. As economists at consultancy Fathom said last
week, “peripheral European economies”, not least crisis-hit
Greece, fit that definition. Greece is already suffering deflation
after repeated cuts in wages and benefits as the government tries to
balance the books, and if it worsens, that will only make its
gargantuan debts – worth more than 170% of the size of the economy
– harder to service.
8. Currency wars
Beijing’s move was
ostensibly offered as part of measures to open up its financial
system, and allow foreign exchange markets more say over the value of
the yuan – something America has long demanded as evidence that
China is genuinely open to financial reform. The International
Monetary Fund described the move as welcome. But the devaluation was
nevertheless greeted angrily in Washington. New York senator Chuck
Schumer said: “For years, China has rigged the rules and played
games with its currency, leaving American workers out to dry. Rather
than changing their ways, the Chinese government seems to be doubling
down.” Republican senator and former US trade representative Rob
Portman accused China of trying to gain an unfair trade advantage
over America though “currency manipulation” – just as the US is
negotiating an important trade agreement, the Trans-Pacific
Partnership, with a number of China’s rivals, including Japan.
If Beijing allows
the yuan to decline further in coming months, it could increase trade
tensions, or even a “currency war”, in which the world’s big
trading blocs face off in a beggar-thy-neighbour battle to seize the
largest possible share of global consumer demand. For now, a 4%
devaluation in the yuan is more of a hairline crack in the world
economic order than a seismic shift; but policymakers will be
weighing up its consequences long after they return from their summer
break.
Bungling Beijing’s Stock Markets / China Bites The Cherry / Paul Krugman
Bungling
Beijing’s Stock Markets
Paul Krugman
AUG. 14, 2015 /
http://www.nytimes.com/2015/08/14/opinion/paul-krugman-bungling-beijings-stock-marketshtml.html
China is ruled by a
party that calls itself Communist, but its economic reality is one of
rapacious crony capitalism. And everyone has been assuming that the
nation’s leaders are in on the joke, that they know better than to
take their occasional socialist rhetoric seriously.
Yet their zigzagging
policies over the past few months have been worrying. Is it possible
that after all these years Beijing still doesn’t get how this
“markets” thing works?
The background:
China’s economy is wildly unbalanced, with a very low share of
gross domestic product devoted to consumption and a very high share
devoted to investment. This was sustainable while the country was
able to maintain extremely rapid growth; but growth is, inevitably,
slowing as China runs out of surplus labor. As a result, returns on
investment are dropping fast.
The solution is to
invest less and consume more. But getting there will take reforms
that distribute the fruits of growth more widely and provide families
with greater security. And while China has taken some steps in that
direction, there’s still a long way to go.
Meanwhile, the
problem is how to sustain spending during the transition. And that’s
where things have gotten weird.
At first, the
Chinese government supported the economy in part through
infrastructure spending, which is the standard remedy for economic
weakness. But it also did so by funneling cheap credit to state-owned
enterprises. The result was a run-up in these enterprises’ debt,
which by last year was high enough to raise worries about financial
stability.
Next, China adopted
an official policy of boosting stock prices, combining a stock-buying
propaganda campaign with relaxed margin requirements, making it
easier to buy stocks with borrowed money. The goal may have been to
help out those state-owned enterprises, which could pay down debt by
selling stock. But the consequence was an obvious bubble, which began
deflating earlier this year.
The response of the
Chinese authorities was remarkable: They pulled out all the stops to
support the market — suspending trading in many stocks, banning
short-selling, pushing large investors to buy, and instructing
graduating economics students to chant “Revive A-shares, benefit
the people.”
All of this has
stabilized the market for the time being. But it is at the cost of
tying China’s credibility to its ability to keep stock prices from
ever falling. And the Chinese economy still needs more support.
So this week China
decided to let the value of its currency decline, which made some
sense: While the renminbi was clearly undervalued five years ago,
it’s significantly overvalued now. But Chinese authorities seem to
have imagined that they could control the renminbi’s descent,
taking it a couple of percent at a time.
They appear to have
been taken completely by surprise by the market’s predictable
reaction; namely, the initial devaluation of the renminbi was “the
first bite of the cherry,” a sign of much bigger declines to come.
Investors began fleeing China, and policy makers abruptly pivoted
from promoting currency devaluation to an all-out effort to support
the renminbi’s value.
The common theme in
these wild policy swings is that China’s leadership keeps imagining
that it can order markets around, telling them what prices to reach.
And that’s not how things work.
I’m not saying
governments should never interfere with markets, or even set limits
on prices. There is, as I’ve written in the past, a strong case for
raising the minimum wage and in general for promoting higher wages
for American workers; there’s an even stronger case for effective
financial regulation.
There’s even a
case for occasional intervention to prop up asset prices. Three years
ago, the European Central Bank’s promise to do “whatever it
takes” to safeguard the euro — generally interpreted as a promise
that it would buy government bonds if necessary — worked wonders.
Back in 1998 the Hong Kong Monetary Authority purchased large amounts
of stock to beat back a hedge fund attack on its currency, and scored
a notable success.
But these were
short-lived actions, taken at times when markets seemed to have lost
their bearings. Staffers at the Federal Reserve used to call these
moves “slap in the face” interventions. That’s very different
from the kind of sustained intervention and political dictation of
prices China seems to imagine it can pull off. Do the country’s
leaders really not understand why that won’t work?
If they really
don’t, that’s a big concern. China is an economic superpower —
not quite as super as the United States or the European Union, yet,
but big enough to matter a lot. And it’s facing tough times. So if
its leadership is really as clueless as it has been looking lately,
that bodes ill, not just for China, but for the world as a whole.
China
Bites The Cherry
Paul Krugman
AUGUST 12, 2015
8:56 AM August 12, 2015 /
http://krugman.blogs.nytimes.com/2015/08/12/china-bites-the-cherry/
Are you staring to
have the feeling that when it comes to economic policy
Xi-who-must-be-obeyed has no idea what he’s doing?
China’s decision
to devalue the renminbi had some economic logic behind it. As David
Beckworth rightly points out, it’s not just about gaining a
competitive advantage. China clearly has a weakening economy,
whatever the official numbers may say, and would like to use monetary
stimulus. But monetary autonomy and a fixed exchange rate don’t go
well together; China’s capital controls give it some leeway, but it
is nonetheless suffering from a lot of capital flight — and it
wants to liberalize the capital account in pursuit of
reserve-currency status. (A foolish goal, but that’s a subject for
another day.)
So it would make
sense on purely economic grounds for China to move to a free float,
and gain the freedom to use monetary policy that, say, Japan has.
But it’s important
to understand how that works. When Japan loosens money, it creates an
incentive to move funds abroad, causing the yen to fall. This process
only stops once the yen has fallen enough that investors consider it
undervalued, and are willing to buy Japanese securities in the
expectation of a future yen rise. Exchange rate overshooting is an
essential part of the story.
China, however, did
not let the renminbi float, nor did it devalue by enough to persuade
investors that any future move was likely to be up. Instead, it only
devalued a little.
This is what Charlie
Kindleberger used to call “taking the first bite of the cherry”.
(Nobody takes just one bite out of a cherry.) China has now
demonstrated that its currency peg is no longer solid; but it has
come nowhere near to devaluing enough to create expectations of
future appreciation. This is a recipe for convincing investors that
the future direction of the currency is down — which means that
capital flight will accelerate (and apparently already has.)
Now what? China
could just let the renminbi float; given the current state of the
Chinese economy, that would surely mean a large depreciation. But
this would greatly increase trade tensions and pose problems for
foreign policy. Maybe that’s a tradeoff worth accepting, but
nothing in events so far suggests that China’s leadership was
prepared to take that step. Instead, they went for a small move that
was sufficient to destabilize expectations while producing trivial
benefits.
A reminder, then, of
the lack of wisdom with which the world is governed.
Doomsday clock for global market crash strikes one minute to midnight as central banks lose control
Doomsday
clock for global market crash strikes one minute to midnight as
central banks lose control
China
currency devaluation signals endgame leaving equity markets free to
collapse under the weight of impossible expectations
It
is only a matter of time before stock markets collapse under the
weight of their lofty expectations and record valuations
By John Ficenec
8:00PM BST 16 Aug 2015 /
http://www.telegraph.co.uk/finance/11805523/Doomsday-clock-for-global-market-crash-strikes-one-minute-to-midnight-as-central-banks-lose-control.html
When the banking
crisis crippled global markets seven years ago, central bankers
stepped in as lenders of last resort. Profligate private-sector loans
were moved on to the public-sector balance sheet and vast
money-printing gave the global economy room to heal.
Time is now rapidly
running out. From China to Brazil, the central banks have lost
control and at the same time the global economy is grinding to a
halt. It is only a matter of time before stock markets collapse under
the weight of their lofty expectations and record valuations.
The FTSE 100 has now
erased its gains for the year, but there are signs things could get a
whole lot worse.
1 - China slowdown
China was the great
saviour of the world economy in 2008. The launching of an
unprecedented stimulus package sparked an infrastructure investment
boom. The voracious demand for commodities to fuel its construction
boom dragged along oil- and resource-rich emerging markets.
The Chinese economy
has now hit a brick wall. Economic growth has dipped below 7pc for
the first time in a quarter of a century, according to official data.
That probably means the real economy is far weaker.
The People’s Bank
of China has pursued several measures to boost the flagging economy.
The rate of borrowing has been slashed during the past 12 months from
6pc to 4.85pc. Opting to devalue the currency was a last resort and
signalled the great era of Chinese growth is rapidly approaching its
endgame.
Data for exports
showed an 8.9pc slump in July from the same period a year before.
Analysts expected exports to fall only 0.3pc, so this was a huge
miss.
The Chinese housing
market is also in a perilous state. House prices have fallen sharply
after decades of steady growth. For the millions who stored their
wealth in property, it makes for unsettling times.
2 - Commodity
collapse
The China slowdown
has sent shock waves through commodity markets. The Bloomberg Global
Commodity index, which tracks the prices of 22 commodity prices, fell
to levels last seen at the beginning of this century.
The oil price is the
purest barometer of world growth as it is the fuel that drives nearly
all industry and production around the globe.
Brent crude, the
global benchmark for oil, has begun falling once again after a brief
rally earlier in the year. It is now hovering above multi-year lows
at about $50 per barrel.
Iron ore is an
essential raw material needed to feed China’s steel mills, and as
such is a good gauge of the construction boom.
The benchmark iron
ore price has fallen to $56 per tonne, less than half its $140 per
tonne level in January 2014.
3 - Resource sector
credit crisis
Billions of dollars
in loans were raised on global capital markets to fund new mines and
oil exploration that was only ever profitable at previous elevated
prices.
With oil and metals
prices having collapsed, many of these projects are now loss-making.
The loans raised to back the projects are now under water and
investors may never see any returns.
Nowhere has this
been felt more acutely than shale oil and gas drilling in the US.
Tumbling oil prices have squeezed the finances of US drillers. Two of
the biggest issuers of junk bonds in the past five years, Chesapeake
and California Resources, have seen the value of their bonds tumble
as panic grips capital markets.
As more debt needs
refinancing in future years, there is a risk the contagion will
spread rapidly.
4 - Dominoes begin
to fall
The great props to
the world economy are now beginning to fall. China is going into
reverse. And the emerging markets that consumed so many of our
products are crippled by currency devaluation. The famed Brics of
Brazil, Russia, India, China and South Africa, to whom the West was
supposed to pass on the torch of economic growth, are in varying
states of disarray.
The central banks
are rapidly losing control. The Chinese stock market has already
crashed and disaster was only averted by the government buying
billions of shares. Stock markets in Greece are in turmoil as the
economy grinds to a halt and the country flirts with ejection from
the eurozone.
Earlier this year,
investors flocked to the safe-haven currency of the Swiss franc but
as a €1.1 trillion quantitative easing programme devalued the euro,
the Swiss central bank was forced to abandon its four-year peg to the
euro.
5 - Credit markets
roll over
As central banks run
out of silver bullets then, credit markets are desperately seeking to
reprice risk. The London Interbank Offered Rate (Libor), a guide to
how worried UK banks are about lending to each other, has been
steadily rising during the past 12 months. Part of this process is a
healthy return to normal pricing of risk after six years of
extraordinary monetary stimulus. However, as the essential
transmission systems of lending between banks begin to take the
strain, it is quite possible that six years of reliance on central
banks for funds has left the credit system unable to cope.
Credit investors are
often far better at pricing risk than optimistic equity investors. In
the US while the S&P 500 (orange line) continues to soar, the
high yield debt market has already begun to fall sharply (white
line).
6 - Interest rate
shock
Interest rates have
been held at emergency lows in the UK and US for around six years.
The US is expected to move first, with rates starting to rise from
today’s 0pc-0.25pc around the end of the year. Investors have
already starting buying dollars in anticipation of a strengthening US
currency. UK rate rises are expected to follow shortly after.
7 - Bull market
third longest on record
The UK stock market
is in its 77th month of a bull market, which began in March 2009. On
only two other occasions in history has the market risen for longer.
One is in the lead-up to the Great Crash in 1929 and the other before
the bursting of the dotcom bubble in the early 2000s.
UK markets have been
a beneficiary of the huge balance-sheet expansion in the US. US
monetary base, a measure of notes and coins in circulation plus
reserves held at the central bank, has more than quadrupled from
around $800m to more than $4 trillion since 2008. The stock market
has been a direct beneficiary of this money and will struggle now
that QE3 has ended.
8 - Overvalued US
market
In the US, Professor
Robert Shiller’s cyclically adjusted price earnings ratio – or
Shiller CAPE – for the S&P 500 stands at 27.2, some 64pc above
its historic average of 16.6. On only three occasions since 1882 has
it been higher – in 1929, 2000 and 2007.
LOURO PRENSADO É DROGA. Pela criminalização dos falsos traficantes de haxixe / LUÍS PEDRO NUNES
LOURO PRENSADO É
DROGA
Pela criminalização
dos falsos traficantes de haxixe
LUÍS PEDRO NUNES
A Assembleia
Municipal de Lisboa (AML) ponderou e fez bem. E assim que voltar de
férias vai fazer chegar ao Ministério da Administração Interna,
ali ao lado, na Praça do Comércio, o pedido para elaboração de
enquadramento legal para criminalizar o falso tráfico de droga.
Quero já avisar que li muita chalaça sobre este assunto. Aqui será
levado a sério. O tema foi introduzido na AML devido a uma petição
de cerca de 700 assinaturas, muitas de comerciantes da zona. O
tráfico de alegada droga no centro histórico (e em frente ao
Ministério da Administração Interna) está incontrolável. Há
grupos organizados de falsos traficantes a vender falsa droga. Este
não é um falso problema. Espíritos mais conservadores serão
capazes de dizer: então agora o Estado tem que se preocupar com
burlados da droga? Sim. Tem.
Um pequeno dealer de
haxe que se aventure a fazer negócio sério pela Baixa ou arredores
terá que ser um tipo com algum sentido de honra. Necessita de
investir na compra do produto e depois revender com margem de lucro
para voltar a recomprar. Neste tipo de negócio três riscos me
ocorrem de imediato: ser roubado, preso, ou fumar ele próprio a
mercadoria antes de a colocar no mercado. É assim com estupefação
e perplexidade que verá concorrentes a colocar no mercado produto
falso e a ter um lucro de 100% e zero risco com a lei, o que, e passo
a citar, sendo “louro prensado, que não consubstancia um ilícito
criminal”. Mas este ato não é tido como bondoso pelos locais.
Pelo contrário. Criou uma nova aliança entre o comércio da Baixa e
o dealer honrado para pôr fim ao traficante satisfeito de produto
contrafeito.
Aparentemente tudo
isto tem ares de fait-divers de verão. Engano, caro leitor. Esta é
uma questão que acarreta graves problemas para a imagem da cidade e
que a AML corajosamente decidiu enfrentar. Estamos a falar de “grupos
organizados” que têm “crescido exponencialmente nos últimos
anos” que sabem não estar a cometer nenhum ilícito. Pelo que
abordam de forma ostensiva qualquer pessoa na rua para oferecer
droga. Se fizer um passeio na Baixa com ar de “camone” será
suavemente placado uma dezena de vezes por estes pretensos dealers.
Isto levanta dois problemas de imagem para a cidade. Para os que não
querem comprar estupefacientes que, assim, ficam com a ideia que isto
é uma terra sem lei e insegura largada aos traficantes que vendem
droga frente à autoridade fardada. E aos que compram e são
enganados. Nos dois casos temos uma questão reputacional. Lisboa vem
descrita como cidade charro-friendly, de droga barata e,
efetivamente, a vontade é de ir fazer queixa ao polícia junto da
qual se comprou o louro prensado. Como é possível permitir que
fulanos com ar chunga de dealer rascoso façam negócio numa zona
turística, nas barbas da polícia, e o que vendem seja Knorr? Onde
fazer queixa? Há posto de turismo com livro de reclamação? Porque
é que no hostel não avisaram? Há uma app para dar um rating
negativo? Como posso recomendar esta cidade a uns amigos que gostam
de fumar umas brocas?
Os comerciantes e
habitantes estão saturados. Os comerciantes, porque dada a
impunidade têm grupos de “mitras” à frente das portas do seu
negócio a abordar turistas com ar de quem está a vender algo
ilícito. Os habitantes, pela mesma razão e pela falta de memória
visual dos falsos traficantes, pois são capazes de lhes tentar
impingir o tal louro prensado várias vezes no mesmo dia. E fica uma
sensação de irritação muito grande. Tudo isto se passa a 50
metros de um polícia que vê, fingindo que não vê, pois sabe que
não pode fazer nada.
Quando há dias saiu
a notícia de que a Câmara queria criminalizar o falso tráfico a
galhofa foi grande. Mas não há razões para isso. Imagine pois que
é à sua porta. Os autarcas pensaram... pensaram... e o presidente
de Junta de Freguesia de Santa Maria Maior teve, quanto a mim, a
melhor ideia: atacá-los como “vendedores ambulantes não
licenciados”. Não é prisão mas permite fazer uma pressão.
Esta pode ser uma
ideia brilhante. E, a ser colocada em prática, poderá até resolver
o problema. Ao retirar a questão da venda de falsa droga para mera
venda de louro prensado necessita de licenciamento — sujeito a
coimas — pode ser chamada a ASAE. E a ASAE dos bons velhos tempos
não é a polícia municipal. Há que lembrar que esta autoridade foi
capaz de eliminar as colheres de pau das cozinhas dos restaurantes
com a presença de agentes de capacete, máscara, colete antibala e
outra parafernália de força de segurança máxima tipo SWAT, GOE,
força especial. Neste ponto, o que será determinante é ter uma
base legal que permita, tal como acontece com as infrações ao
código da estrada, exigir o pagamento da coima no momento. E que a
venda de louro prensado e Knorr (ou seus derivados, já sabemos como
esta malandragem é, que vai logo buscar coentros secos ou caldos
Maggi) seja pesada.
Com isto haverá
espaço livre para os traficantes de haxe dignos desse nome poderem
fazer o seu trabalho que raramente passa por abordar tão
ostensivamente o turista de passeio. As ruas e praças deixam de ter
aquele aspeto de gueto em que de 5 em 5 minutos um bacano vem
sussurrar com o canto da boca qualquer coisa como “axexexexexe?”.
E, quem sabe, ainda poderemos ver um polícia num Segway a fazer uma
perseguição a um dealer, sem ficar parado como agora, com aquele
capacete tipo penico na cabeça e cara de autoridade sem poder, em
cima de um brinquedo: “É um falso criminoso. Não tenho
legitimidade para proceder.”
Jornal Expresso
SEMANÁRIO#2233 | 15AGO,2015
Jeremy Corbyn: um “Podemos” na Inglaterra? / JORGE ALMEIDA FERNANDES
Jeremy
Corbyn: um “Podemos” na Inglaterra?
JORGE ALMEIDA
FERNANDES 16/08/2015 -PÚBLICO
1. Faltava a
Inglaterra, a mais inesperada paragem para títulos como “O Podemos
britânico voa nas sondagens do Labour”. Trata-se da batalha pela
liderança do Partido Trabalhista. O “Podemos” ou o “Syriza”
ingleses são a arma de campanha de Jeremy Corbyn, 66 anos, um
veterano que propõe um regresso ao socialismo dos anos 1980. Tem o
apoio dos grandes sindicatos. Não é um Pablo Iglesias nem um Alexis
Tsipras, de quem é amigo. Mas o seu discurso “anacrónico”
incendiou os jovens trabalhistas.
O que estes jovens
apreciam em Corbyn não é o carisma, que ele não tem, mas a
“autenticidade” e a recusa de adaptar os seus princípios de
sempre às exigências das vitórias eleitorais. O jornalista John
Carlin chama-lhe “O Quixote inglês”. Corbyn responde “ao
anseio de muitos, especialmente jovens, se identificarem com uma
causa que julgam autêntica, justa e nobre”, escreveu no El País.
Jonathan Freedland,
no Guardian, analisa a febre dos jovens trabalhistas. Há um dado
surpreendente e que é a chave do sucesso de Corbyn: apenas 10% dos
seus apoiantes consideram importante que o líder do partido
‘compreenda o que é necessário para vencer uma eleição’” —
os apoiantes dos outros três concorrentes dizem o contrário.
Querem o partido e
não querem o poder? Explica Freedland: “Escolher um líder do
partido nada tem a ver com a construção de uma maioria
governamental, com a conquista do poder ou até com uma mudança na
sociedade. O que está em causa é a identidade. Serem verdadeiros
consigo mesmos.” Os fracassos trabalhistas de há 30 anos são para
eles uma história longínqua. “Olham a paisagem de hoje, o Partido
Nacional Escocês, o Syriza ou o Podemos e pensam: por que não?
(...) Absorveram a lição de que talvez o poder não seja essencial
se tudo a que leva são privatizações, Iraque ou uma City mais
voraz.”
A actual geração
dirigente foi marcada pelos desastres do Labour na era Thatcher,
escreve Andrew Rawnsley no Observer. “A jovem geração foi marcada
pela experiência do New Labour e pelo fracasso de Miliband em
desalojar os tories. (...) Muitos membros do partido parecem estar a
retirar-se para uma política de protesto em vez de visar o poder.”
O que enfurece os dirigentes trabalhistas: “O Labour quer
simplesmente denunciar os tories ou está interessado em os bater?
Está-se nas tintas em ser competitivo nas próximas eleições?”
2. Passemos a
Corbyn. Partindo quase do zero e apenas aspirando ser a voz da antiga
esquerda, teve uma ascensão fulminante e lançou o pânico no
establishment trabalhista. A sua vitória teria um impacto devastador
na paisagem política britânica, já desestabilizada à direita pelo
UKIP, de Nigel Farage. O Labour deixaria de ser um partido de governo
para se tornar num movimento de protesto parlamentar e
extra-parlamentar.
Alguns prevêem uma
cisão.
A sondagem (YouGov)
de terça-feira dava a Corbyn 53% das intenções de voto, largamente
maioritário entre militantes, sindicalistas e registados para votar
(mediante três libras e uma declaração de apoio ao partido). Em
Maio, o Labour tinha 200 mil militantes; desde então inscreveram-se
mais 79 mil pessoas e registaram-se para votar 145 mil. Prudência: a
votação só acaba a 10 de Setembro e até lá os “estados de
espírito” podem mudar. Serão três semanas de batalha sem
quartel.
A imprensa
internacional foi fascinada por Corbyn, o “socialista à antiga”.
Comentadores e políticos britânicos atacam os seus “os
anacrónicos valores socialistas”. Promete renacionalizar a grande
indústria, os caminhos-de-ferro, o gás e a electricidade, subir os
impostos dos ricos, um plano maciço de investimento nas
infra-estruturas, a restauração dos direitos perdidos pelos
trabalhadores, a gratuidade das universidades e, sobretudo, o aumento
da despesa pública e o fim da política de austeridade. Propõe
também o cancelamento do nuclear militar britânico e a saída da
NATO, tal como a revisão do estatuto britânico na UE. Paul Krugman
deu a bêncão ao seu programa económico.
É um anti-americano
visceral. Foi admirador de Chávez, apoiou Putin no conflito
ucraniano, elogia o Hamas e o Hezbollah. Um dirigente sindical diz
que ele é o “melhor antídoto contra o vírus do blairismo.”
Por aqui passa muita
retórica. Vêm à memória as eleições de 1983. Depois da derrota
de 1979 perante Thatcher, em grande medida provocada pela exasperação
perante as sucessivas greves do carvão, o Labour elegeu um venerando
líder radical, Michael Foot, que se apresentou às eleições com um
programa maximalista. Ao lê-lo, o trabalhista Gerald Kaufman
qualificou-o como “a mais longa carta de suicídio da História”.
O Labour foi esmagado. Foi um trauma que permitiu a futura ascensão
de Tony Blair. Interrogado sobre 1983, respondeu há dias Corbyn:
“Que é que há de errado no manifesto de 1983?”
Aos que dizem que as
“eleições se ganham ao centro” — coisa que Tsipras, Iglesias
ou Marine Le Pen percebem — a sua candidatura responde que os
próximos cinco anos com Cameron farão os britânicos mudar de
opinião. “Estive na Grécia e estive em Espanha. É interessante
ver que os partidos sociais-democratas que aceitaram a austeridade e
a praticaram acabaram por perder numerosos membros e apoios”,
declarou Corbyn ao Daily Mail.
3. O caso do Labour
é uma surpresa mas também o reflexo de uma grande mudança. A crise
provocou uma recomposição política, que se traduziu no reforço
ideológico dos conservadores, no impasse da social-democracia, no
crescimento dos populismos de direita e em fenómenos como o Syriza e
o Podemos. Mas também permitiu a ressurreição das “velhas
esquerdas” que continuam a pensar o mundo como há 30 ou 40 anos e
que, portanto, lhe respondem com velhas receitas que fracassaram.
Este é o mundo de Corbyn.
O desafio da
social-democracia ou do Labour não se resume às alianças e a
ganhar as eleições ao centro. O que ainda não conseguiram dizer é
o que será uma “resposta de esquerda”.
Explodiu a
globalização, que, ao lado das mudanças tecnológicas, reduziu e
fragmentou a classe operária. Desfez-se a coligação histórica
entre a classe operária e as novas classes médias de empregados
assalariados, em que a antiga social-democracia assentava. Como
governar? O envelhecimento da população e a extensão das
prestações sociais exigem impostos mais altos. Uma fiscalidade
excessiva ameaça a competitividade. E o recurso ao endividamento
deixa os governos à mercê dos mercados financeiros.
Grande parte da
esquerda tem tendência a negar a realidade. “A esquerda europeia
necessita de um pensamento radical para enfrentar o futuro (...) e
esse pensamento político radical tem de ser trazido para o âmbito
do centro-esquerda”, escreve o jornalista britânico John Lloyd.
Mais do que Corbyn,
importam o Labour e os seus jovens. Não têm um novo horizonte
político. Recuam da política para o moralismo. Fica uma
interrogação inquietante: que se seguirá a uma previsível
decepção, ganhe ou perca Corbyn a liderança do partido?
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