Grandes
fontes desligadas e rega reduzida ao mínimo em Lisboa para combater seca
POR O CORVO
• 16 NOVEMBRO, 2017 •
Desde esta
quarta-feira (15 de Novembro), o funcionamento da Fonte Luminosa da Alameda Dom
Afonso Henriques, da cascata do jardim do Parque das Nações e da Fonte
Monumental, na Praça do Império, em Belém, fontes públicas abastecidas, em
parte, pela água da rede pública, vai ser suspenso temporariamente. Esta é uma
das três medidas de natureza temporária que a Câmara Municipal de Lisboa (CML)
acaba de tomar para combater a situação de seca extrema que o país atravessa.
As outras duas passam pela interrupção da rega em espaços verdes localizados em
grandes vias, como a Segunda Circular, e pela redução da rega em todos os
espaços verdes sob gestão da autarquia.
Lisboa não é das zonas mais afectadas pela
escassez de água que se vive em várias localidades do território nacional,
contudo, o presidente da CML, Fernando Medina, entende que o município, como o
maior consumidor de água da cidade com mais habitantes do país, tem uma
responsabilidade acrescida em promover soluções ambientalmente sustentáveis. A
autarquia vai também sensibilizar as 24 juntas de freguesia da cidade para a
adopção de medidas idênticas nos espaços verdes e nas fontes sob a sua
administração.
“Felizmente, Lisboa não tem um problema de
seca, não é previsível nem antecipável que tenha, pelo menos para já. Somos
abastecidos, contudo, pela barragem do Castelo do Bode, que também é uma
reserva do país e, ao reduzirmos os nossos consumos de água, ajudamos ao
aumento das nossas reservas, que podem ser necessárias para outras zonas do
país. Temos uma responsabilidade colectiva de mudar os nossos hábitos para
preservar um bem escasso que é a água”, defende o autarca, em conferência de
imprensa realizada na ETAR de Alcântara, ao final da manhã desta quarta-feira.
Para além da suspensão do funcionamento de
fontes públicas de Lisboa – que têm abastecimento externo diário e que não
utilizam mecanismos de recirculação da água -, vai ser interrompida a rega em
espaços verdes localizados em zonas circundantes de grandes vias. As imediações
da Segunda Circular e da Avenida Lusíada são duas das zonas onde a utilização
da água vai ser suspensa, “pois poderão subsistir muito tempo sem rega
regular”, garante Fernando Medina. “As medidas serão temporárias, podendo durar
semanas ou meses, e tendo como objectivo principal repor níveis adequados de
reservas”, acrescenta.
O Plano de Eficiência Hídrica da CML
contempla, ainda, a redução da rega ao mínimo necessário de sobrevivência das
espécies, em todos os espaços verdes sob gestão da autarquia, assim como, a
verificação e a adaptação dos períodos de rega para funcionamento no período
nocturno.
No cemitério do Alto de São João, onde
recentemente já foram realizadas algumas intervenções no sentido de poupar
água, e no cemitério dos Olivais, pretende-se fechar os sistemas de rega que
ainda apresentam fugas. No cemitério de Carnide, a autarquia vai encerrar a
cascata ornamental, até à reparação de fugas, e estudar soluções sem recurso a
água potável.
Fernando Medina, que se fez acompanhar do
vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, sublinhou, também, que este é
um trabalho que será feito em articulação com as juntas de freguesia que gerem
parte dos espaços verdes da cidade e que são responsáveis pelas limpezas das
ruas.
Apesar de um aumento de cerca de 200 hectares
de novas zonas verdes, nos últimos dez anos, na capital portuguesa, as
políticas implementadas no último mandato permitiram reduzir 17% o consumo
total de água potável. “Isto só é possível devido à utilização de água
reciclada”, lembrou o vereador José Sá Fernandes, acrescentando que as medidas
agora apresentadas dão continuidade ao trabalho que já tem vindo a ser feito
pela autarquia. Na freguesia de Alcântara já se utilizam camiões cisterna para
fazer a lavagem das ruas. A câmara pretende estender esta prática a toda a
cidade.
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