Carnide
volta a ganhar Orçamento Participativo, desta vez com três projectos
POR O CORVO
• 28 NOVEMBRO, 2017 •
Carnide foi
a grande vencedora do Orçamento Participativo de Lisboa de 2017. A criação do
Pólo Cultural de Carnide acabou por ser o projecto mais votado desta edição, na
categoria de Projectos Estruturantes – a qual, no seu conjunto, distribuirá um
1,5 milhões de euros. A ideia terá, por isso, à sua disposição uma verba de 500
mil euros. A freguesia viu ainda mais duas propostas serem aprovadas, pelos
37.673 votos coligidos nesta edição, na categoria de projectos locais: a
criação da Casa das Artes de Carnide e a construção de um parque infantil no
Bairro Horta Nova. Os vencedores da décima edição do OP Lisboa foram
anunciados, ao final da tarde de segunda-feira (27 de novembro), no salão nobre
dos Paços do Concelho.
Rita Martins, vice-presidente do Teatro de
Carnide, responsável pela proposta do Pólo Cultural, explica, em declarações a
O Corvo, que a ideia de criar o espaço resulta de “uma série de vontades de
entidades culturais que já existem na freguesia de Carnide”. “O Teatro de
Carnide tem já uma longa tradição de apoiar criadores emergentes e jovens, que
fazem a sua formação e procuram espaços para apresentarem os seus projectos.
Ter um novo espaço será uma mais-valia para eles, como para outros criadores,
inclusive artistas internacionais, que queiram apresentar as suas propostas.
Assim, poderão nascer novos projectos e mais cultura”, explica.
“Temos
muitos pedidos de acolhimentos, não só de portugueses, e não temos forma de
responder. Foi essa falta de
resposta que deu origem a esta proposta. Precisamos de um espaço novo, com
outras condições. O Teatro de Carnide só tem uma sala e é difícil acolher
muitos projectos. Quase todas as semanas rejeitamos propostas por não termos
espaço para as acolher”, revela, ainda.
“Já andamos nesta luta há dois anos. A ideia é
criar um pólo cultural, gerido pelo Teatro de Carnide, aberto à comunidade e
que, de alguma forma, contribua para que a comunidade e as diversas entidades
culturais funcionem de uma forma mais articulada em colaboração com a Junta de
Freguesia de Carnide. A freguesia de Carnide já é uma referência a nível
cultural na cidade de Lisboa. É uma vitória de um colectivo que é maior do que
eu imaginava”, considera.
A segunda ideia mais votada do OP, a colocação
de uma peça de arte denominada “Portugal em Lisboa, Turismo e Criatividade”,
angariou 4.114 votos e receberá 93 mil euros para a sua execução. Pretende-se
que seja colocada uma peça de arte pública no espaço urbano da capital
portuguesa com a palavra “Lisboa”, na qual cada letra simbolizará uma dimensão
cultural relacionada com Lisboa e Portugal.
Ainda nesta categoria, a dos projectos
considerados estruturantes, venceu também o projecto 109, que consiste na
aquisição de uma ambulância e equipamento de emergência veterinária para socorro
animal. Esta ideia recolheu 2.504 votos e terá uma verba de 150 mil euros para
a sua concretização. A última das propostas inseridas nesta categoria, a
requalificação da piscina do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, em
Alvalade, contará com 500 mil euros, depois ter recebido 1.418 votos dos
cidadãos que se interessam pela capital portuguesa.
Na categoria de Projectos Locais, que
disponibiliza verbas até 150 mil euros para cada ideia, foram atribuídos 11
prémios, distribuídos pelas cinco unidades de intervenção territorial de Lisboa
(centro histórico, centro, oriental, ocidental e norte). No centro histórico,
ganhou o “Circuito de cinco corridas no centro histórico de Lisboa” e o
“Memorial às vítimas da escravatura”. Na zona centro, os vencedores foram a
“Requalificação da escola básica de São Sebastião”, o “Melhoramento do espaço
público e dinamização do comércio local em Entrecampos” e o “Melhoramentos dos
passeios em Campolide”.
Na zona norte, os dois projectos vencedores
pertencem a Carnide: a “Construção de um parque infantil no Bairro da Horta
Nova” e a “Criação da Casa das Artes de Carnide”. Na zona ocidental, ganhou a
“Requalificação do Lavadouro da Ajuda para ser um espaço cultural” e a
“Instalação de um pontão para barcos a remo na doca de Santo Amaro”. Na zona
oriental, venceram o “Centro comunitário no Parque das Nações” e a “Criação de
uma rádio escolar nas escolas dos Olivais”.
O 10º orçamento participativo da Câmara de
Lisboa recebeu 434 propostas, menos 100 do que no ano passado, tendo sido
submetidas a votação 128 submetidas. O presidente da Câmara Municipal de
Lisboa, Fernando Medina (PS), salientou a importância deste tipo de iniciativas
para um maior envolvimento do cidadão, fazendo-o sentir que pode fazer parte
das melhorias da cidade. Explicou, ainda, que estes projectos podem servir de
“radar” para alertar para os problemas da cidade de que a autarquia possa não
ter conhecimento.
“O Orçamento Participativo não é hoje um
instrumento só para realizar um projeto ou outro, transformou-se numa grande
força de mobilização da cidade, uma força imparável. É a vontade dos cidadãos
que nos aponta caminhos de mudança”, afirmou, ao final da tarde de
segunda-feira (27 de Novembro), na divulgação dos projectos vencedores. “Lisboa
é a primeira capital europeia que tem Orçamento Participativo desta dimensão e
é um grande orgulho irmos já na décima edição. Termos mais de 72 mil
candidaturas em dez anos diz muito sobre a força do OP na transformação da
cidade”, disse.
Fernando Medina aproveitou, ainda, para
recordar projectos vencedores de edições passadas e lembrar como os mesmos
transformaram a vida de muitas pessoas e da cidade de Lisboa. “A criação de um
jardim no Caracol da Penha de França, um dos projectos vencedores do ano
passado, é um exemplo de que ganham força as ideias que hoje fazem parte da
política de desenvolvimento da cidade. Aquela zona, durante vinte anos, não
teve utilização”, disse, referindo-se ao terreno baldio onde irá surgir um novo
espaço verde.
No total, a autarquia de Lisboa disponibiliza
2,5 milhões de euros para concretizar as ideias propostas pelos cidadãos da
capital. Ao longo dos 10 anos de OP, foram apresentadas mais de 62 mil
candidaturas, que resultaram em 7.500 propostas e 105 projectos vencedores.
Texto: Sofia Cristino
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