“Isto
acontece depois de, nos últimos 18 meses, cerca de uma em cada cinco casas
vendidas nos bairros mais antigos do centro de Lisboa ter ido parar a
estrangeiros. Ou seja, 18% das 7300 operações realizadas neste período.”
(…) “os
preços das habitações em Lisboa “foram inflacionados pela oferta no segmento de
luxo e muito virada para o turismo.”
“Depois de
compradas por investidores, estas casas são convertidas em espaços de
alojamento local, para responder ao aumento dos turistas.”
Estrangeiros
já procuram casas fora do centro
Turismo e
adicional ao IMI inflacionam preços no mercado. Linhas de Cascais e de
Sintra e Oeiras são alguns dos locais procurados
Diogo
Ferreira Nunes 26.11.2017 / https://www.dinheirovivo.pt/empresas/estrangeiros-ja-procuram-casas-fora-do-centro/
343 mil
euros. Este foi o preço médio que cada estrangeiro pagou por casas que
compraram no centro de Lisboa no último ano e meio, segundo a Confidencial
Imobiliário. Perante este cenário, até quem não é português e procura uma casa
mais em conta já está a fugir da cidade. O cenário é admitido por Ricardo
Sousa, administrador da Century 21 em Portugal. “As casas até 300 mil euros são
cada vez mais procuradas, sobretudo em zonas fora do centro de Lisboa, como as
linhas de Cascais e de Sintra, Oeiras, Odivelas, Sacavém e Infantado”, refere
Ricardo Sousa ao Dinheiro Vivo. Isto acontece depois de, nos últimos 18 meses,
cerca de uma em cada cinco casas vendidas nos bairros mais antigos do centro de
Lisboa ter ido parar a estrangeiros. Ou seja, 18% das 7300 operações realizadas
neste período. Para proprietários e imobiliárias, os dados mostram que a
mudança no mercado veio para ficar, mas são precisas mais medidas para travar a
fuga de famílias da cidade. O administrador da Century 21 em Portugal alega que
os preços das habitações em Lisboa “foram inflacionados pela oferta no segmento
de luxo e muito virada para o turismo. João Pedro Pereira, da ERA Portugal,
corrobora este cenário e compara a situação a metrópoles como Londres, Paris e
Barcelona. Depois de compradas por investidores, estas casas são convertidas em
espaços de alojamento local, para responder ao aumento dos turistas. Neste
cenário, António Frias Marques, da Associação Nacional de Proprietários (ANP)
defende “quotas para estrangeiros comprarem casas na cidade” e “limites à
instalação de hotéis e de alojamento local”. Os problemas não ficam por aqui.
“Isto também é resultado do adicional ao IMI, que aplica-se sobretudo aos
imóveis com fins para habitação”, entende Luís Menezes Leitão, da Associação
Lisbonense de Proprietários. “Há uma grande desconfiança no arrendamento,
sobretudo por causa do condicionamento das rendas. Os proprietários não vão
arrendar as casas se isto continuar como está.” Este cenário também é sentido
no Porto, onde o índice de preços para casas no centro histórico aumentou dos
175,7 para 198 pontos (+13%) no primeiro semestre. Cada vez mais empresas estão
a instalar centros tecnológicos na cidade e pressionam o imobiliário. Em
Lisboa, para travar a escalada de preços, a câmara municipal assinou com
Barcelona e Nova Iorque, uma carta conjunta em que as três cidades defendem
mais poder para regular preços da habitação. A vereadora da Habitação, Paula Marques,
pede uma “revisão profunda da lei do arrendamento urbano”. Este documento pelo
direito à habitação defende o equilíbrio entre o turismo e a oferta residencial
destas três cidades. Até lá, o município alega que apenas pode promover
programas de renda acessível no centro da cidade. Proprietários e imobiliárias
são mais ambiciosos. Luís Menezes Leitão quer o fim do regime de renda
condicionada, introduzido em janeiro de 2015 após a reforma da lei do
arrendamento. A Century 21 defende a aposta no “arrendamento de média e grande
dimensão, com a entrada de investidores e o regresso da construção, “sobretudo
no segmento de casas abaixo dos 250 mil euros.
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