Este senhor deve
viver noutro Sistema Solar.
Irrealismo e
Irresponsabilidade numa proposta contra-ciclo e completamente alheada
do sentimento geral e tendências Internacionais .
Quando se começa a
propôr e a defender, isso sim, o desenvolvimento das circunstâncias
propícias ao retorno das centenas de milhares de jovens Portugueses
Emigrantes espalhados, numa nova Diáspora determinante para o
Futuro, pela Europa e pelo Mundo?
OVOODOCORVO
Da
desconfiança da imigração à oportunidade de construir um país de
acolhimento global
Portugal
vive um inverno demográfico intensificado pelo efeito da emigração
jovem recente. A imigração não é uma panaceia para os problemas
portugueses, mas é um recurso que o país não se pode dar ao luxo
de hostilizar.
9 de Dezembro de
2016, 2:50
PEDRO GÓIS
https://www.publico.pt/2016/12/09/sociedade/noticia/da-desconfianca-da-imigracao-a-oportunidade-de-construir-um-pais-de-acolhimento-global-1754134
Os resultados do
estudo apresentado muito recentemente, baseados nos dados do European
Social Survey (ESS), mostram, de acordo com os autores - e com base
numa comparação dos anos de 2002/03 e de 2014/15-, que Portugal é
um dos três países [logo a seguir à Hungria e República Checa]
onde se encontra uma maior oposição à imigração. Será este um
dado estranho?
Em geral, nada nos
leva a afirmar que os portugueses são contra os imigrantes. Nem nas
atitudes, nem nos atos quotidianos. Os portugueses são, desde há
séculos, estruturalmente emigrantes e sentem como suas as
dificuldades dos imigrantes. Saudade, esforço, resiliência,
perseverança são atitudes que partilhamos com os imigrantes ao
longo do tempo e do espaço. Como li, num grafiti inspirado, numa
parede da cidade de Coimbra: “todos somos estrangeiros em algum
lugar”.
Porém, todos os que
nos dedicamos a pensar as questões das migrações, das identidades
nacionais ou dos temas ligados à discriminação, sabemos que há um
racismo cultural latente na nossa identidade coletiva. É um racismo
que tem origem no colonialismo, que foi alimentado na guerra colonial
e que se mantém latente, escondido, mas não esquecido. Não há ano
que passe sem que episódios de racismo e xenofobia (ainda) nos
espantem pela sua boçalidade e falta de racionalidade. Contra outros
tons de pele, contra os ciganos, contra outras culturas e contra
outras formas de sociabilidade.
A ciência há muito
nos mostrou que a diferença da cor de um órgão (a pele) não é
significativamente diferente da cor de outro (os olhos). Não explica
nada a não ser a história genética de quem possui tais
caraterísticas, não diferencia nada a não ser o preconceito de
quem as avalia. Ser racista ou xenófobo no século XXI é apenas ser
retrógrado e inculto. Ponto.
Volto às conclusões
do estudo. Os portugueses são mais recetivos a proteger refugiados
do que a acolher imigrantes. Procuro explicações. Talvez a
acolhedora mensagem que o Estado e a sociedade portuguesa souberam
construir nos últimos anos para responder à crise dos refugiados
seja uma boa explicação para este grau de aceitação. Talvez o
facto de Portugal ter sabido projetar uma imagem de país aberto aos
refugiados ajude a cimentar a ideia de que os refugiados não são um
inimigo. Talvez o número reduzido e a invisibilidade social dos
refugiados ajudem a explicar esta ocorrência.
E em relação aos
imigrantes? Porque existe uma tão grande oposição? Outras
explicações. Talvez porque, num momento de desemprego elevado
podemos ser (erradamente) levados a pensar que os imigrantes roubam
os “nossos” empregos. Os imigrantes em Portugal são hoje
complementares, mas não substituem a mão de obra nacional. Talvez
porque a imigração em Portugal tenha uma elevada concentração
geográfica num conjunto reduzido de regiões (na grande Lisboa e no
Algarve). Talvez porque o Estado e a sociedade portuguesa não tenham
sabido construir nos últimos anos uma mensagem impactante da
importância da imigração em Portugal. Talvez porque sublinhamos o
mérito dos “portugueses no mundo” mas nos esquecemos do mérito
dos “cidadãos do mundo em Portugal”.
Portugal vive um
inverno demográfico intensificado pelo efeito da emigração jovem
recente. A imigração não é uma panaceia para os problemas
portugueses, mas é um recurso que o país não se pode dar ao luxo
de hostilizar. Em complemento com uma estratégia para, no médio
prazo, criar as condições estruturais que promovam o regresso dos
que partiram recentemente, em complemento com o incrementar de
ligações com a diáspora, importa criar um plano nacional de
atração de imigrantes que nos ajudem a promover o desenvolvimento
económico e sociocultural. Um plano nacional de imigração que, à
semelhança do desenvolvido por países como o Canadá ou a
Austrália, compatibilize mobilidade e crescimento, compatibilize
morabeza com futuro.
Ao acolhermos e
integrarmos refugiados, gente como nós que foge de um conflito, da
violência e da miséria, damos um passo no sentido certo. Saibamos
(re)construir uma estratégia de acolhimento de imigrantes, construir
um plano para a emigração e para os emigrantes. Se o fizermos de
forma célere e eficiente, a Europa e o mundo saberão reconhecer a
nossa idiossincrasia secular de sermos e sabermos ser cidadãos do
mundo.
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