EDITORIAL
A
relevância do jornalismo
O
consórcio de jornalistas de investigação Investigate Europe, do
qual o PÚBLICO faz orgulhosamente parte, é um serviço público
imprescindível.
11 de Dezembro de
2016, 5:55
Surgiram hoje os
primeiros resultados de uma investigação internacional às agências
europeias que asseguram a segurança das fronteiras externas. Esta
investigação, da qual o PÚBLICO faz orgulhosamente parte, reúne
jornalistas de oito países europeus que estão desde há três meses
a construir o puzzle misterioso das políticas europeias e dos seus
decisores em matéria de defesa e segurança das fronteiras externas.
O trabalho deste
Investigate Europe revela três dados preocupantes: a promiscuidade
existente entre quem define as políticas e quem delas beneficia, o
descontrolo executivo de uma Comissão Europeia refém de grupos de
interesses poderosos e o preocupante desprezo pela privacidade dos
dados individuais dos cidadãos.
As próximas semanas
vão mostrar a dimensão deste problema e os próximos meses darão
origem a novas investigações que denunciem potenciais conflitos de
interesse nos organismos internacionais. É um serviço público
imprescindível: a União Europeia só tem a ganhar com um jornalismo
que cumpre o seu papel. Hoje, a massa crítica da análise sobre a UE
perde-se em grupos de reflexão mais ou menos académicos, enquanto
as forças políticas nacionais abusam da simplificação e
desinformam activamente os seus eleitores: tudo o que acontece de mau
é culpa de Bruxelas, tudo o que acontece de bom é apesar de
Bruxelas. Compete à imprensa europeia criar espaços de discussão
credíveis que ajudem a UE a não ser um clube fechado de políticas
incompreensíveis pelos seus cidadãos. A cooperação entre meios
transnacionais, de que este Investigate Europe é um excelente
exemplo, é a única forma de permitir a concretização de
investigações relevantes.
Só a pressão de
uma opinião pública esclarecida e informada pode ajudar a União
Europeia a corrigir o caminho em que se tem afastado dos cidadãos.
Só a discussão nos fóruns públicos, de que a comunicação social
é o melhor exemplo, pode permitir que o Parlamento Europeu e as
outras entidades que representam os cidadãos na UE possam actuar em
seu nome.
Está em cima da
mesa a discussão sobre a importância do jornalismo para o processo
democrático. Os NSA Files revelados por Edward Snowden, os Panama
Papers e este Investigate Europe são os melhores exemplos do que tem
de ser feito para demonstrar a relevância do trabalho jornalístico
no mundo em que vivemos. É disto que é feito o nosso compromisso
diário com os nossos leitores e com a comunidade em que nos
inserimos.
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