sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

22,3 % das pessoas nascidas em Portugal vivem fora do país



22,3 % das pessoas nascidas em Portugal vivem fora do país
Céu Neves
30 DE DEZEMBRO DE 2016

O peso da emigração portuguesa no mundo é sete vezes superior à da população. O Reino Unido continua primeira escolha dos últimos anos.

O número de emigrantes nascidos em Portugal superou os 2,3 milhões, 22,3% da população portuguesa, o que significa que continuamos a ser um país de emigrantes. Um dado sublinhado por Rui Pena Pires, coordenador do Observatório da Emigração, que ontem apresentou o relatório de 2015. Destaca, "com surpresa", duas outras informações: a subida da emigração para Angola e a manutenção em alta de portugueses em França. O volume de saídas não aumenta pelo terceiro ano consecutivo, 110 mil pessoas, o que se considera elevado,

Portugal é o 27.º país do mundo com mais emigrantes e o sétimo na Europa. As Nações Unidas indicam 243 milhões de migrantes internacionais em 2015, 3.3% da população mundial. Destes, 2.3 milhões são portugueses, 0.9% do total de emigrantes, percentagem sete vezes superior ao peso da população de Portugal no contexto internacional (0.14%).

Tais números desequilibram a balança demográfica, já que o número de imigrantes é bastante inferior. E, segundo as conclusões do Observatório da Emigração, "é improvável, nos próximos anos, uma redução do volume da emigração significativa para os níveis anteriores à crise", anteriores a 2008.

Em 2015, a emigração subiu no Reino Unido (RU), Espanha, Dinamarca e Angola. Desceu na Suíça Luxemburgo e Noruega. Faltavam os dados estatísticos da França - entraram mais 18 480 portugueses - e de Angola - mais 6 715 -, para fazer uma avaliação final sobre a emigração em 2015.

"A única coisa que podemos afirmar é que a emigração não cresceu, se estabilizou ou se teve uma descida é algum que não podemos afirmar com certeza", disse Rui Pena Pires na apresentação do Relatório da Emigração 2015. Explicou: "mantém-se em valores claramente superiores a cem mil saídas por ano, ou seja, a níveis que, na história recente, só têm paralelo com os movimentos populacionais dos anos 60 e 70 do século XX". Em 2013 ter-se-á atingindo o pisco de emigrantes, 120 mil.

Apresentou as conclusões na presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Os governantes salientaram a "estabilização" do fluxo emigratório e como os efeitos da crise se refletiram na saídas do País.

"É fácil notar o efeito específico da crise desde 2008 e, depois, com particular expressão com o programa de ajustamento entre 2011 e 2014, no reforço da saída de emigrantes portugueses", disse Augusto Santos Silva. Além de sublinhar algumas das conclusões do relatório, José Luís Carneiro, referiu a atividade da secretaria de Estado das Comunidades no apoio aos emigrantes, às associações e à língua portuguesa (ver caixa). Uma das iniciativas, a curto prazo, é a migração da base de dados consulares baseado num ato único de inscrição, evitando a duplicação de registos de alguém que emigre para diferentes países. Outra é o lançamento do Espaço Cidadão, em Paris, estando prevista a abertura do segundo, em Londres.

Reino Unido continua a liderar

O Reino Unido recebeu 32 301 portugueses em 2015, uma nova subida, embora a um ritmo mais lento do que até 2013, e que coloca este país na primeira escolha dos portugueses. Houve uma retoma da emigração para Espanha, mais 12% pelo segundo ano consecutivo. "E, surpreendentemente, uma aceleração da emigração para Angola, um crescimento de 31,7% em relação a 2014. Os consulados de Angola em Lisboa e no Porto registam 6 715 vistos, mas falta a informação de Faro. A crise do petróleo marcou o território angolano a partir do final de 2015, o que significa que fora muitos os portugueses a entraram no início desse ano.

Angola é o quinto país do mundo para onde os portugueses emigram, depois do RU, França, Suíça (12 325 mas diminuiu), Alemanha (9 195, baixou) e Espanha (6 639). Manteve-se a tendência para a diminuição da emigração para a Alemanha e Suíça, a partir de 2013, embora se mantenha num patamar elevado. Também desceu no Luxemburgo, 3 525 entradas em 2015, menos 8% do que em 2014.


Os dados do Observatório da Emigração baseiam-se nas estatísticas das entradas de emigrantes permanentes nos países de destino. Estão, no entanto, próximos dos do Instituto Nacional de Estatística, 103 203, baseados num inquérito à população.

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