J.
Rentes de Carvalho: "Não há espaço para todos na Europa"
O
autor diz que o seu último livro - uma reflexão sobre como os
europeus lidam com os estrangeiros - foi abafado pela editora e pela
imprensa na Holanda devido ao seu tom polémico
25 Dezembro 2016 •
Marco Alves | FOTO: Rui Rodrigues
Eis um homem
ferozmente em guerra com o politicamente correcto. Rentes de Carvalho
falou à SÁBADO sobre o que escreveu em A Ira de Deus sobre a
Europa, um livro que, diz ele, não teve na Holanda a promoção
merecida pela editora nem pela imprensa por ser polémico.
A conversa teve
vários emails, porque algumas respostas pareciam ter mais energia do
que direcção. "Por certo extrairia mais das minhas respostas
se eu fosse um sujeito no género de comentador político, com um
manancial de respostas e soluções, todas eficientes e perfeitas. A
vida é que tem ensinado que neste género de problemas nunca há
soluções perfeitas, nem de agrado geral, e que só o tempo o dirá."
Usa termos no livro
como "mansidão", "covardia colectiva",
"comportamento bonzinho de não nos defendermos de quem nos
ataca", "respeitar quem não nos respeita", do
"laissez-faire laissez-passer". A que se refere?
Refiro-me
exactamente a isso mesmo: à mansidão de esperar que as coisas se
arranjem, que elas não se venham a mostrar tão más como parecem,
que os atentados do Bataclan, de Nice, e os mais, tenham sido apenas
da responsabilidade de espíritos tresloucados, que fechar os olhos e
assobiar para o lado é mais confortável do que tomar conhecimento
da realidade.
De que fala quando
diz que o problema está em não se exigir o cumprimento da lei aos
que vêm de fora, de "autoridades e funcionários a mostrarem-se
subservientes por medo de lhes chamarem racistas"? Os polícias
não prendem? Os juízes absolvem? Os jornalistas ignoram? Os
políticos não legislam?
Falo da situação
nos Países Baixos, que há 60 anos é a minha segunda pátria, e
onde tanto a sociedade como a política se acham, de certo modo,
manietadas por uma fama de tolerância que se tornou faca de dois
gumes. Porque, se abundam exemplos dessa tolerância, também não é
difícil provar o contrário. A um observador imparcial causará
estranheza que quando Wilders, o líder do PVV, pergunta ao público
"Vocês querem mais ou menos marroquinos na Holanda" lhe
movem um processo, mas quando depois de um incidente com turcos o
primeiro-ministro Rutte diz na televisão que era melhor que se
pusessem a andar, nada disso tem consequências. Dois pesos, duas
medidas.
Os holandeses de
origem marroquina que combateram na Síria ao lado do ISIS, mas
regressam à Holanda, às autoridades não interessa investigar nem
julgá-los pelo que lá fizeram. São assistidos, sim, para que,
embora a tenham negado, possam reintegrar-se na sociedade dos valores
democráticos e cristãos. E a maioria dos jornalistas não mostra
curiosidade pela bizarria dessas situações. Nem por muitas outras
mais. Leio e mantenho-me informdo o suficiente para poder dizer que
nos Países Baixos conheço apenas um jornal diário e um semanário
que correspondem ao que se chama uma imprensa livre de sectarismo. É
pouco.
Dá vários
exemplos de como o estado holandês e os seus agentes lidaram consigo
na condição de imigrante. Vê diferenças entre o seu caso e o
tratamento dado aos imigrantes africanos?
Não há comparação
possível entre um caso individual ocorrido há seis décadas e a
massa de imigrantes africanos que, legal ou clandestinamente, se
encontra nos Países Baixos. A meu respeito as autoridades, por muito
que isso me tenha desagradado, comportavam-se de maneira lógica,
querendo aplicar estritamente a lei. Por outro lado, a minha atitude
não era apenas de defesa, mas de suspeita: que justiça, por
exemplo, havia em exigir de mim impostos se eu não tinha ganhos? Ou
obrigar-me a respeitar leis que não se aplicavam à minha condição
de imigrado?
Na visão dos
imigrantes africanos e outros, acolhidos, agasalhados, a quem as
autoridades explicam gentilmente a lei e lhes dão tempo que a
compreendam e cumpram, um caso como o meu deve pertencer ao teatro do
absurdo.
Diz que o
politicamente correcto será a desgraça das sociedades ocidentais?
Porquê?
Porque é a negação
de uma realidade e do espírito crítico, a busca de harmonias
impossíveis, a exigência de nos pôr todos a olhar para o mesmo
lado, a marchar com o mesmo passo, a aceitar a mesma dieta sob pena
de desagradarmos ao grupo.
A que causas atribui
esse politicamente correcto? Medo, complexo de culpa branco? É a
isso que se deve o que chama de "maná de subsídios e ajudas",
o "aparato de assistência de que os beneficiados são os
primeiros a rir"?
A um medo dos "povos
bárbaros" ou complexo de culpa não será, antes um ingénuo,
mas na minha maneira de ver altamente perigoso e deslocado, anseio de
identificação com os "pobrezinhos", os infelizes, os
deixados por conta no que já não se pode chamar Terceiro Mundo, por
ser agora ofensivo. Esses, aliás, parecem não demonstrar muito
interesse pelo carinho que lhes querem dispensar, preferindo tomar
nas mãos o próprio destino, segundo a sua religião e tradições,
dispensando as modas de conduta vigentes em São Francisco, Berlim ou
Amsterdão.
A dificuldade que
teve com publicação deste livro na Holanda [diz que recebeu apenas
€19,90 de direitos de autor] é um dos sinais desse politicamente
correcto?
Sem dúvida.
Há uma frase
difícil de entender no seu livro: "Mostrar subserviência para
com quem nasceu e cresceu com um enraizado temor da autoridade
fatalmente conduz a extremos."
Por que digo isso?
Porque é o que penso. A experiência ensinou-me que assim é, a
História prova-o sem precisarmos de recorrer ao exemplo clássico da
revolta de Espártaco. De quem nasceu e viveu espezinhado, talvez nem
por milagre se possa esperar que de um dia para o outro compreenda e
aceite padrões de respeito, liberdade, igualdade e fraternidade.
Tão-pouco se lhe pode levar a mal que não compreenda, ou mesmo
recuse, o que desconhece.
Os recentes
atentados na Europa vão acabar com o politicamente correcto? E o que
aconteceu em 2016 (Brexit, ascensão de Marine Le Pen) é o primeiro
sinal? Vê aqui uma tendência, qualquer coisa como "os ventos
estão a mudar"? As populações estão mais intolerantes?
Creio que o
politicamente correcto está para durar, pelo menos até ao momento
em que o abanão seja forte bastante e cause susto. E é provável
que não seja a política mas a economia a causá-lo. A dura
realidade da precisão de três refeições ao dia, o abrigo de um
tecto e roupa para vestir, não se condói com os sentimentos
fictícios do Facebook. Não me parece que, como diz, as populações
estejam mais intolerantes. Já o eram, mas dá ideia de que aos
poucos irão deixando a apatia, descobrindo que de facto podem ter
voto na matéria. Só lhes chama "criaturas desprezíveis"
quem cuida que o mundo é um aquário onde os abastados nadam em
conforto. A esses não há cirurgia que lhes retire as cataratas.
Onde vê sinais de
que "os muçulmanos e as multidões da África, nem sempre
pacíficas" pretendem "pôr fim à velha ordem, fazer
adoptar os seus usos e costumes", "não olham a meios nem
sacrifícios para impor a sua ideologia" e "a Europa vai
continuar a ser presa fácil do Islão"?
Leia o Alcorão.
Leia os discursos dos imãs, e não precisa que sejam os dos
fanáticos. Vá aos bairros de Londres e das mais cidades inglesas
onde os muçulmanos são em maioria. Ou, para falar do que conheço
de perto, aos bairros de Amesterdão, Roterdão ou Haia numa situação
idêntica.
Além disso os
muçulmanos têm o que aos ocidentais em geral, e aos europeus em
particular, desgraçadamente falta: uma fé, orgulho no seu ideal, um
sonho a realizar. Por sua vez a Europa não tem fé, orgulho ou
ideal, aparenta ocupar-se mais com a superficialidade do dia-a-dia,
as férias, o rock, o hedonismo, o que é de pouca valia como
propósito na vida.
Diz que "pela
sua atitude e ideologia, os refugiados do Médio Oriente são
certamente uma ameaça" e que "mesmo sem violência, pela
simples presença e número, os refugiados contribuirão, senão para
destruir a Europa, de certeza para abalar os seus alicerces,
transformar as suas instituições, desestabilizar o equilíbrio e a
variedade das sociedades que a compõem". Como é que isto se
passaria, ou passa, na prática?
Em assuntos
semelhantes é tolice fazer suposições ou profecias, mas talvez se
possa ilustrar com o exemplo do que aconteceria com uma família
alemã, holandesa ou sueca. Digamos pai, mãe, dois ou três filhos;
gente com religião e decentes princípios de vida; cumpridores da
lei, bons vizinhos. Um dia as autoridades batem à porta e
anunciam-lhes que no seu espaço familiar devem alojar uma família
muçulmana, dezoito pessoas ao todo. E que essa boa gente tem
exigências de alimentação, reza cinco vezes ao dia, não quer
nudez à sua volta seja ela dos braços, nem álcool, nem símbolos
religiosos ou o que for que se reporte a outra fé. Diga-me de que
maneira se resolve esse puzzle.
Partilha a ideia de
que mais tarde ou mais cedo haverá uma guerra de civilizações na
Europa?
Se mo tivesse
perguntado antes do conflicto dos Balcãs (1991-2001) eu julgá-la-ia
uma impossibilidade, uma utopia. Hoje em dia não arrisco previsões,
mas se uma guerra me parece improvável, receio que para
desestabilizar a sociedade os atentados espectaculares se possam
mostrar mais eficientes do que uma série de batalhas.
É possível hoje,
em 2016, num mundo tão globalizado, usar termos como "identidade
europeia"?
Para políticos e
eurocratas é possível, sem ironia, fazer constantes referências à
identidade europeia, o que é também uma maneira de, plebeiamente,
garantirem o tacho. Mas o cidadão consciente e informado há muito
se deu conta de que a identidade europeia está à mercê de
circunstâncias e interesses que têm mais a ver com a situação de
cada país membro do que com as construções políticas, económicas,
ou os diktats de Bruxelas.
Estas multidões de
imigrantes não se restringem a zonas das cidades pela mesma razão
que todas as outras comunidades de imigrantes o fazem (veja-se as
Chinatowns ou as Little Italies), não havendo aí necessariamente
postos avançados para uma conquista nem uma guetização imposta
pelas autoridades?
Nos países do norte
da Europa as autoridades fazem o possível por disseminar pelas
províncias os centros de acolhimento dos refugiados, mas acontece
que em muitos casos eles simplesmente recusam esse acolhimento, com o
curioso argumento de que as províncias não oferecem suficientes
diversões ou possibilidades de desenvolvimento, e nelas a vida é
monótona. Dá-se ainda o facto de aos refugiados ser garantida a
liberdade de movimento, nada os impedindo de se deslocarem para as
cidades e, eventualmente, resolverem os seus próprios problemas
através da ajuda de compatriotas com residência legal.A guetização
decorre, em parte, dessas circunstâncias, de factores económicos e
das deficiências de planeamento.
Concorda com as
proibições a determinadas vestes islâmicas que têm sido
implementadas em França? Há quem critique isso, defendendo que é
próprio de um Estado totalitário dizer às pessoas como se devem
vestir. O que acha?
Mesmo fora dos
limites das normas ocidentais da decência – já vi senhoras
holandesas de biquíni a fazer compras no supermercado – sou de
opinião que cada um se deve poder vestir como lhe apetece. O
problema surge naquelas circunstâncias em que as autoridades e o
funcionalismo necessitam de identificar a pessoa. Mesmo que aflija ou
irrite, e que os hábitos muçulmanos sejam outros, a lei é para ser
cumprida e igual para todos.
Partilha as ideias
de alguma ideologia americana e europeia de que os brancos caminham
para a minoria demográfica nos EUA e em alguns países da Europa,
logo, para a extinção a longo prazo, e como tal é necessário
agir, fechar fronteiras?
É ilusório pensar
em muros, arame farpado ou patrulhas para fechar fronteiras. Há não
sei quantos navios de não sei quantas Marinhas a patrulhar o
Mediterrâneo para travar a avalanche de refugiados, e o resultado é
o que sabemos. Ocorre-me por vezes o pensamento cínico de que a
solução talvez fosse pagar aos passadores da Máfia o suficiente
para que eles abandonassem o negócio.
Sendo um homem tão
experiente e cultivado, como é que se iludiu com o projecto europeu?
Nunca lhe passou pela cabeça que "o sonho europeu" iria
crescer até se tornar um "monstro burocrático"?
Eu sinceramente fui
na cantiga de que com a França e a Alemanha de braço dado, as
fronteiras abertas, uma moeda única, não somente haveria união na
Europa, como isso se iria reflectir na economia, no desenvolvimento,
nas relações entre os países e não sei quantas melhorias mais.
Mas no final dos
anos 80 já se me tinham caído as escamas dos olhos e, francamente,
desde então pertenço à legião dos pessimistas. Não se me dá que
o Brexit se repita e haja mais países a deixar a EU, mas se assim
for só tenho pena que Portugal perca então a suculenta teta que
tanto entusiasmou Mário Soares. Teta ilusória, diga-se de passagem,
porque não há almoços nem benefícios grátis e, de uma maneira ou
outra, quem pagou apresenta sempre a factura.
O que quer dizer
quando diz que a Holanda "tem a ilusão de que a arte e a
cultura são para todos"? Ou perguntado de outro modo, porque
diz que tal é uma ilusão?
Porque se, num
sentido geral, a arte e a cultura devem estar ao alcance de todos, é
uma fantasia acreditar que há uma maioria, ou mesmo uma grande
massa, que aproveita da arte e da cultura, ou tem ideia do que se
trata. Custe aos bem intencionados, e àqueles que delas fazem
comércio e indústria, a arte e a cultura são ocupação de uma
minoria. Não há lei, força ou estímulo que suceda em empurrar a
arte e a cultura pelas goelas abaixo de quem, para sobreviver, tem
oito horas de trabalho e dezasseis para resolver os problemas da sua
existência e conseguir algum repouso. Arte e cultura para todos?
Bela ilusão.
Mesmo sabendo que o
seu intuito era apenas dar um testemunho, e não propor medidas,
queria perguntar-lhe se concorda com o fecho de fronteiras.
É como já disse,
nem preciso de concordar. Não há força, muro, arame farpado, que
feche hermeticamente qualquer fronteira.
Quando Angela Merkel
abre as portas do seu país a milhões de refugiados não respondeu a
um imperativo ético?
Talvez. Mas foi
ingénua se acreditou que a Alemanha iria partilhar a sua decisão. E
imprudente também, porque não mediu as consequências nem aceitou
as recomendações dos que lhe aconselhavam menos entusiasmo
humanitário e um maior sentido da realidade.
Deve refrear-se o
entusiasmo humanitário?
O entusiasmo
humanitário implica, muitas vezes, o esquecimento ou desdém dos
aspectos desagradáveis da realidade, deixando para outros, ou para
os que vierem depois, o clássico descalçar da bota.
Que lição retira
do facto de Pim Fortuyn ter sido assassinado por um holandês pelo
que dizia sobre os imigrantes e o islão?
O assassino de Pim
Fortuyn era menos um adepto do Islão do que um defensor dos direitos
dos animais. O verdadeiro motivo e as circunstâncias do assassinato
mereciam ser investigadas para lá da superficialidade com que o
foram, deixando no público a impressão de ter sido um assunto em
que era melhor não tocar. Não faltaram suposições de conspiração
e cumplicidades, mas o caso passou à História, com a anotação de
ter sido, nos Países Baixos, o primeiro assassinato político desde
1672.
Que marcas tiveram
na sociedade holandesa esse assassinato, em 2002, ainda mais seguido
de outro, de Theo Van Gogh, em 2004?
Menos do que seria
de esperar. O assassinato de Theo Van Gogh decorreu num momento em
que partido trabalhista (PVDA), embora na oposição, gozava de
grande popularidade, e os seus partidários advogavam ideias e tinham
simpatias que eram diametralmente opostas às do comentador e
jornalista. Da atitude tomada por essas criaturas, e da do então
burgomestre de Amsterdam, membro eminente do PVDA, que dias depois
foi tomar chá a uma mesquita "para acalmar os ânimos dos
muçulmanos", o menos que se pode dizer é que foi repelente.
Tem medo?
Tivesse eu medo, mas
não tenho, antes tristeza, porque num mundo em que parecem imensas
as possibilidades de melhoria para todos, gastamos a vida e o tempo
em inimizades, conflitos bárbaros, entretemo-nos com criancices, dá
ideia de que hoje em dia as pessoas não envelhecem a caminho de
alguma sabedoria, antes com tendência de retrocederem para o
infantilismo.
LETTER FROM OUDE
PEKELA
Migration
anxieties deepen ahead of Dutch elections
Perception
of rising crime is hard for mainstream politicians to counter, facts
notwithstanding.
By NAOMI
O'LEARY 12/27/16, 5:32 AM CET
OUDE PEKELA, the
Netherlands — As the Netherlands prepares for elections in March,
immigration is emerging as one of the defining issues of a campaign
pitting Prime Minister Mark Rutte against the anti-Muslim firebrand
Geert Wilders. And few places illustrate the tensions over the issue
better than Oude Pekela, a village of roughly 8,000 residents close
to the German border.
Syria may be
thousands of kilometers away, but the fallout of its civil war has
reached the town’s orderly streets. Like many places in the
country, the response to a sharp rise in the number of asylum seekers
mobilized residents fearful of the impact of immigration on their
communities.
The number of people
who claimed asylum in the Netherlands doubled in 2015 as thousands of
Syrians made their way to the country, often through difficult
journeys across Europe.
The result was that
asylum seeker centers, many in provincial surroundings far from the
Netherlands’ cosmopolitan cities, rapidly increased the numbers of
people they hosted, bringing in bunk beds and temporary shelters to
make space.
Rush to welcome
migrants
In Oude Pekela,
locals said, it suddenly seemed like the newcomers were everywhere —
walking on the roadside, filling the supermarket to buy groceries,
taking up seats on the bus to the nearby town of Winschoten.
“Our community is
too small for this number of people,” said Heye Meyer, a
60-year-old former construction worker, sitting on his mobility
scooter outside the supermarket. “We are afraid.”
Self-appointed
anti-crime groups have ballooned in the Netherlands from 124 groups
in 2012 to 661 in 2016.
Like elsewhere in
the country, discomfort grew into protests, citizen street patrols
and a building momentum among small-scale political groups opposed to
immigration that could prove decisive when Dutch voters head to the
polls in March.
The numbers of
asylum applications to the Netherlands was a fraction of those next
door in Germany. In 2015, there were some 56,900 applicants; from
January to November 2016, another 26,600. But the sharp increase
meant that normal procedures to acclimatize local communities were
rushed, according to Dutch asylum agency COA.
“Everything had to
be done quick,” recalled spokesman Jan Willem Anholts. “You have
to take time for these changes, and last year there was no time. But
then again, nobody had to sleep outside or under a bridge.”
Ahmad, 20, a refugee
from Aleppo, said it might have been better for new arrivals like
himself to have been placed in a city. “It is maybe strange for
them that we are here. It is a small town, with many old people,”
he said. “It could be better in Amsterdam.”
Tensions came to a
head in September when a wildcat protest, fueled by rumors of
harassment by asylum seekers shared over social media, formed outside
the asylum center gates. Police kept the crowd back, but the mayor
was forced to issue an emergency order to disperse the protest.
Shortly afterward, he promised to cut the number of people housed in
the center.
That was the month
the neighborhood watch began patrolling the village with the aim of
stamping out anti-social behavior and harassment, reporting any
wrongdoers to the police.
Such self-appointed
anti-crime groups have ballooned in the Netherlands from 124 groups
in 2012 to 661 in 2016, according to a study by sociologist Vasco
Lub, raising fears of vigilantism.
Crime perceptions
and anxieties
Official statistics
show that reported crime is falling among all nationalities and has
halved since 2005, but the rise in neighborhood watches, often
coordinated over WhatsApp chat groups, reflects a widespread
perception among residents that the streets are less safe.
Asylum applications
are dropping, but the political movements that grew in response to
worries about the influx show no sign of going away. As the election
approaches, a constellation of overlapping groups and activists share
reports of misdeeds by immigrants, fueling a sense that the
Netherlands is under siege.
One such group,
Kameraadschap Noord-Nederland, which describes itself as
“national-minded people with a socialist heart,” has organized
repeated protests against asylum seekers in the area.
United We Stand’s
Facebook page features streams of posts about misdeeds by asylum
seekers.
Another, United We
Stand Holland: Protecting Our Citizens, was formed after an incident
in which locals accosted an Oude Pekela asylum seeker and handed him
over to police, accusing him of harassment. (A statement released
afterward by authorities said that the man had “behaved
inappropriately” toward a 12-year-old girl in a supermarket, but
had not committed a crime.)
In the run up to
Christmas, United We Stand has switched its focus to gifting hampers
to households. And as the election approaches, it and other groups
like it have turned their attention making sure their voices are
heard.
United We Stand’s
Facebook page features streams of posts about misdeeds by asylum
seekers, perceived attacks on Dutch culture, and updates about Geert
Wilders.
“People are tired
of it! And rightly so!” the group wrote on Facebook this month as
it shared a poll that showed Wilders’ Freedom Party had increased
its lead against Rutte’s People’s Party for Freedom and
Democracy. “Wilders is the only hope for a better governance of
this country.”
Authors:
Naomi O'Leary
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