domingo, 6 de janeiro de 2019

Dezembro quente e com pouca chuva leva metade do país a situação de seca fraca


O clima vai mudar e muito. Bem-vindo ao Portugal tropical
Abrir a torneira e não cair um pingo de água, sair de casa de galochas e guarda-chuva num verão muito quente, invernos com mais dias de frio intenso, ondas de calor acentuadas, secas prolongadas, menos precipitação. Poderá ser assim o clima em Portugal daqui a meio século

Joana Capucho
30 Dezembro 2018 — 13:17

Se as previsões do Nobel da Paz Rajendra Pachauri estiverem certas, Portugal pode mudar drasticamente dentro de meio século. Para o ex-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, as mudanças no clima vão tornar o país mais desértico, afetar as praias, a agricultura, a pesca, o vinho e até a saúde dos seres humanos. Uma visão preocupante, mas que poderá não andar muito longe da realidade de 2064. Se é difícil fazer previsões meteorológicas com alguns dias de antecedência, mais complicado é adivinhar o que se passará daqui a mais de quatro décadas. Mas existem algumas hipóteses.

Alfredo Rocha, climatologista e diretor da licenciatura em Meteorologia, Oceanografia e Geofísica na Universidade de Aveiro (UA), traça um cenário pessimista: «Vamos ter um clima claramente mais quente, sobretudo no interior do país, onde podemos ter um aumento de três a quatro graus em relação à temperatura média atual, mais evidente no centro e norte. Já no litoral, o aumento andará na ordem de 1,5 a dois graus.» Para o docente, o cenário do Acordo de Paris é «dos mais conservadores» e impossível de cumprir. Este prevê que o aumento seja inferior a dois graus relativamente à era pré-industrial - mas já aumentou cerca de 1º C deste então.

O geofísico Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem uma visão mais otimista: «Em 2064, a temperatura média global vai certamente estar mais alta. A manter-se a tendência atual - aumento de 0,2º por década - teremos uma subida de mais ou menos um grau. Ressalva, no entanto, que há sempre incerteza associada ao que será o comportamento humano. «Se continuarmos a consumir combustíveis fósseis a este ritmo e com o aumento da população mundial, a temperatura continuará a subir de forma significativa.» (…) 


Dezembro quente e com pouca chuva leva metade do país a situação de seca fraca
Temperaturas máximas foram as terceiras mais altas dos últimos 87 anos. Precipitação ficou-se pelos 37% dos valores normais.

PÚBLICO 5 de Janeiro de 2019, 20:20

O mês de Dezembro foi quente e com pouca chuva, com a temperatura máxima a alcançar o terceiro valor mais alto em 87 anos. Mais de metade do território do país entrou numa situação de seca fraca, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A média da temperatura máxima foi de 15,21 graus, superior ao normal em 1,33 graus – e o terceiro valor mais alto desde 1931. Só se registaram números superiores em 2015 e 2016.

Já a temperatura média foi de 10,58 graus, significando que foi superior ao normal em 0,61 graus e o terceiro valor mais alto desde 2000.

A temperatura mínima, com uma média de 5,96 graus, foi próxima do valor normal.

Além de Dezembro ter sido classificado como quente, foi também um mês “muito seco em relação à precipitação”, uma vez que chuva correspondeu a cerca de 37% do valor normal, refere o IPMA. A situação levou a que, no final do mês, se verificasse "o surgimento da classe de seca meteorológica fraca", sobretudo a sul do Tejo.

Mais de metade do território do país – 53,3% – está numa situação de seca fraca, 13,7% na classe de seca normal e 33% na classe de chuva fraca.

O IPMA indica ainda que nos últimos oito anos o valor de precipitação mensal em Dezembro foi sempre inferior ao normal.

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