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OPINIÃO
O empurrão (pela encosta abaixo) de Marcelo a Cabrita
A relação, pois, entre Cabrita e Marcelo não é fácil e
não vai melhorar. Veremos se um dia o seu nome constará da lista de
remodeláveis que Costa levará (um dia) a Belém.
Helena Pereira
2 de Julho de
2021, 7:39
https://www.publico.pt/2021/07/02/politica/opiniao/empurrao-encosta-abaixo-marcelo-cabrita-1968785
Não restam muitas
dúvidas de que Marcelo Rebelo de Sousa já não aguenta ver Eduardo Cabrita à
frente do Ministério da Administração Interna. O recente episódio com o
Presidente ao lado do ministro a comentar o acidente que aquele teve na A6 (e
que provocou uma vítima mortal) e a convidá-lo a dar, pela primeira vez,
explicações públicas sobre o ocorrido aos jornalistas foi um atestado de
incapacidade passado ali mesmo a Cabrita. Nunca antes se tinha visto um
Presidente a queimar calmamente e em directo para as televisões um ministro que
o ladeava e que só pôde contar com a máscara anticovid para lhe dar alguma
protecção.
O que disse e fez
Marcelo? Primeiro, que o caso tem que ser investigado como qualquer outro e não
interessa se se trata de um ministro ou de A, B ou C. Segundo, deu a palavra a
Cabrita para que este falasse (“Se quiser”) e , perante a recusa, deixou o
sublinhado: “Não, entende que não”.
O historial entre
ministro e Presidente não é fácil. No caso do cidadão ucraniano morto nas
instalações do SEF no aeroporto de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa pressionou
publicamente para que Costa repensasse a continuidade do ministro. Recusou-se
sempre dizer se entendia que Cabrita tinha condições para continuar no cargo,
fez paralelismos com a situação da ministra Constança Urbano de Sousa que se
demitiu na sequências dos graves incêndios de 2017, lembrando que era preciso
avaliar se o governante continuava a ser a pessoa mais indicada para o cargo.
“Naturalmente surge uma outra questão: saber se aqueles que deram vida ao
sistema durante um determinado período podem ser protagonistas do período
seguinte, se não devem ser outros os protagonistas”, comentou Marcelo que não
conseguiu levar a sua avante.
Eduardo Cabrita é
um dos ministros mais próximos de António Costa que o continua a segurar (até
quando?) e, talvez embalado por esse apoio, chegou mesmo, na sequência daquela
polémica, a verbalizar o impensável: que Marcelo ainda teria que lhe agradecer
pelo facto de ter criado as condições que permitiram a recandidatura. Confuso?
Ora recorde.
“Depois dos
incêndios florestais de Outubro de 2017 [quando substituiu Constança Urbano de
Sousa na Administração Interna], garanti três anos de segurança absoluta, com
zero vidas perdidas de civis em incêndios rurais e três anos sucessivos abaixo
da média ardida dos últimos três anos. De tal maneira que essa que era uma
condicionante, uma questão que poderia determinar a não-recandidatura [de
Marcelo Rebelo de Sousa] à Presidência da República, foi afastada”, declarou o
ministro da Administração Interna em conferência de imprensa no final de uma
reunião do Conselho de Ministros.
A relação, pois,
entre Cabrita e Marcelo não é fácil e não vai melhorar. Veremos se o seu nome
constará da lista de remodeláveis que Costa levará (um dia) a Belém.

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