quinta-feira, 29 de julho de 2021

Prédios dos grandes grafitti na Fontes Pereira de Melo vão ser reabilitados

 


LISBOA

Prédios dos grandes grafitti na Fontes Pereira de Melo vão ser reabilitados

 

Emparedados há muito, os edifícios serviram de tela à arte urbana e existe agora um projecto para a sua reabilitação, que contempla a construção de dois novos prédios no mesmo quarteirão.

 

João Pedro Pincha e Lusa

27 de Julho de 2021, 18:38

https://www.publico.pt/2021/07/27/local/noticia/predios-grafitti-fontes-pereira-melo-vao-reabilitados-1972036

 

A Câmara de Lisboa adiou a discussão de um projecto para requalificar o conjunto de três edifícios abandonados na Avenida Fontes Pereira de Melo que ganhou notoriedade nos últimos anos devido aos seus grafitti de grandes dimensões. Depois de muitos anos de abandono e degradação, com uma petição pública e um incêndio pelo meio, autarquia e proprietário chegaram a acordo. Para trás ficou a intenção de ali erguer uma torre, propondo-se agora a manutenção das fachadas, do número de pisos à superfície e a reconstrução da cobertura.

 

O conjunto de edifícios, que ocupa um quarteirão entre a Fontes Pereira de Melo e as ruas Martens Ferrão e Andrade Corvo, é um dos últimos exemplos de arquitectura de finais do século XIX e princípios do XX naquela zona da cidade, que cresceu por iniciativa de Ressano Garcia. No terreno existiam ainda mais dois edifícios da mesma época, mas foram demolidos em 2004.

 

O projecto da empresa Azipalace, do grupo hoteleiro Sana, prevê a reabilitação dos três edifícios existentes, a construção de dois e a demolição de uma estrutura em lajes de betão existente nas traseiras. Os novos edifícios serão construídos na Rua Martens Ferrão (sete pisos e aproveitamento da cobertura em sótão) e na Rua Andrade Corvo (seis pisos e aproveitamento da cobertura em sótão). Os cinco imóveis destinam-se maioritariamente ao uso habitacional, ainda que incluam áreas de serviços. Prevê-se a criação de 136 fogos.

 

No ano passado, a Assembleia Municipal de Lisboa analisou uma petição com 396 assinaturas que pugnava pela salvaguarda do quarteirão, tendo recomendado à câmara que tomasse “as necessárias diligências junto do proprietário para acabar com a degradação desses edifícios situados numa das mais importantes avenidas da cidade”. Em Março deste ano deflagrou um incêndio na cobertura dos prédios. Segundo informações então recolhidas pelo PÚBLICO, a PJ acredita ter-se tratado de um acidente, até porque os imóveis eram usados por pessoas sem-abrigo.

 

Depois de chumbada a pretensão de uma torre, os serviços de Urbanismo da autarquia emitiram em Junho um parecer favorável ao projecto “condicionado à necessidade de a operação urbanística assegurar a instalação de uma creche para 42 crianças”, em alternativa à cedência de uma parcela para aquele fim.

 

Numa nota enviada às redacções e à Câmara de Lisboa, o movimento cívico Fórum Cidadania LX transmitiu um “aplauso fervoroso” ao vereador Ricardo Veludo pelo facto de submeter para discussão este projecto. “Não sendo o projecto ideal, porque, uma vez mais, estamos perante o esventramento do subsolo para efeitos de estacionamento automóvel, com a consequente impermeabilização do solo e uma maior presença de carros no centro da cidade, onde por sinal existem metropolitano e várias carreiras de autocarro, trata-se de um projecto que representa uma vitória para a cidade e para todos os que lutaram para que aquele conjunto singular da Avenida Fontes Pereira de Melo não fosse demolido”, salienta o movimento.

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