Censos2021: Ministra da Coesão diz que Portugal vai
precisar de imigrantes
Lusa
28 Julho 2021
"Perdemos população, o que é preocupante, não só no
interior mas em todo o país", disse Ana Abrunhosa, depois de os Censos
2021 terem revelado que Portugal perdeu 2% da população.
A ministra da
Coesão Territorial disse esta quarta-feira que a perda de população é
preocupante e
que Portugal vai
ter de trabalhar numa política de imigração muito ativa e acolhedora para fazer
face aos investimentos previstos.
“Estando nós num
período especial de investimento, vamos precisar de muita mão de obra, de
muitos trabalhadores, e acredito que isso só se consegue com uma política muito
ativa de atração de imigrantes e tratando-os bem”, disse Ana Abrunhosa aos
jornalistas, no final da sessão evocativa da 50.ª empresa incubada no Habitat
de Inovação Empresarial nos Setores Estratégicos (HIESE) de Penela, no distrito
de Coimbra.
Os dados
divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que na
última década, entre 2011 e 2021, Portugal registou um decréscimo populacional
de 2% e acentuou o padrão de litoralização e concentração da população junto da
capital. Para a ministra, os resultados preliminares dos Censos 2021 não são
“uma surpresa” e refletem um problema que “não é de hoje, mas de décadas, e não
é exclusivo de Portugal”.
População residente caiu 2% para 10.347.892 numa década
“Perdemos
população, o que é preocupante, não só no interior mas em todo o país, e só
ganhamos população em duas zonas. Para recuperarmos a economia do país, e com o
investimento que planeamos fazer, grande parte desse investimento tem de ser
feito por pessoas que não temos”, salientou. Segundo Ana Abrunhosa, “esta perda
de população não pode nem deve significar que os territórios do interior fiquem
desertos”.
“A perda de
população não pode significar desertificação e o facto de hoje termos ciência e
tecnologia também significa que podemos, com menos pessoas, continuar a ocupar
estes territórios”, sublinhou. No entanto, a governante salientou que o país
tem de ser realista e que “mesmo com políticas ativas para a natalidade e de
atração de imigrantes, muito dificilmente nos territórios do interior se
voltará a recuperar população de há 100 anos”.
“A perda de
população no interior não é de hoje, não é de ontem nem de antes de ontem é de
há várias décadas. Mas uma coisa é certa, nos territórios do interior vamos
conseguir estancar a perda de população e não permitir que estes territórios
fiquem desertificados”, frisou. O problema da desertificação “é da Europa” e,
em Portugal, “exige soluções coletivas, não só do Governo, das autarquias, mas
também da sociedade civil”, completou.
Portugal tem hoje
10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundos os resultados
preliminares dos Censos 2021. Em termos censitários, a única década em que se
verificou um decréscimo populacional tinha sido entre 1960 e 1970, indicou o
INE. Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e
5.430.098 mulheres (52%). A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05
de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia
19 de abril.
(Notícia
corrigida às 21h47: trata-se de imigrantes e imigração e não de emigrantes e
emigração)
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