sexta-feira, 2 de julho de 2021

Ministério Público pede caução de 5 milhões de euros para Joe Berardo

 

IMAGEM DE OVOODOCORVO


Ministério Público pede caução de 5 milhões de euros para Joe Berardo

 

O juiz Carlos Alexandre vai ter a decisão final sobre as medidas de coacção.

 

Sónia Trigueirão

2 de Julho de 2021, 14:05

https://www.publico.pt/2021/07/02/sociedade/noticia/ministerio-publico-pede-caucao-5-milhoes-euros-joe-berardo-1968801

 

O Ministério Público pediu uma caução de 5 milhões de euros para que o empresário madeirense, Joe Berardo, saia em liberdade, abdicando assim de solicitar que o arguido fique em prisão preventiva, tal como avançou ontem o PÚBLICO. A decisão final será tomada a qualquer momento pelo juiz Carlos Alexandre.

 

Os dois arguidos voltaram esta sexta-feira ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa. Ambos foram detidos na terça-feira, no âmbito de uma operação de investigação aos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) levada a cabo pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.

 

O empresário e André Luiz Gomes estão indiciados pelos mesmos crimes: burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais, falsidade informática, falsificação, abuso de confiança e descaminho ou destruição de objectos colocados sob o poder público.

 

No âmbito da mesma investigação já foram constituídos 13 arguidos e é possível que a lista venha a aumentar. Além de Berardo e de André Luiz Gomes, são também arguidos Renato Berardo e Jorge Sabino Rodrigues Berardo, filho e irmão do empresário madeirense.

 

Do rol de arguidos fazem ainda parte o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Carlos Santos Ferreira, suspeito de ter favorecido Berardo na concessão de empréstimos bancários, e Sofia Catarino, vogal do conselho de administração da Associação de Colecções e Fátima Câmara, contabilista na Madeira.

 

A Sociedade Luiz Gomes & Associados, Atram — Sociedade Imobiliária S.A. (detida a 100% pela mulher de Berardo, Carolina Berardo), Associação Colecção Berardo, Associação de Colecções, Moagens e Associadas S.A. e Metalgest – Sociedade de Gestão, SGPS, S.A. são também arguidas.

 

Em causa neste processo estão suspeitas em relação à forma como Berardo conseguiu obter, em 2006, empréstimos da CGD, que, nove anos depois, em 2015, ainda revelavam uma exposição daquele banco à Fundação Joe Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos malparados. Mas não foi só: o grupo de Berardo terá, segundo o comunicado da PJ, causado no total “um prejuízo de quase mil milhões de euros” à CGD, ao Novo Banco e ao BCP, “tendo sido identificados actos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património”.

 

Berardo terá montado um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, como forma de conseguir escapar aos credores.

 

Entre outras coisas, o empresário terá contraído um empréstimo na CGD de 349 milhões de euros destinados a comprar acções do BCP, que viriam a desvalorizar-se pouco depois. Segundo a PJ, o grupo de Berardo “tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar”. E as autoridades parecem suspeitar de que os créditos terão sido conseguidos através das relações privilegiadas de Berardo com o Governo liderado por José Sócrates.

 

Segundo o comunicado da PJ, a investigação foi iniciada em 2016 e “identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime”.

 

tp.ocilbup@oarieugirt.ainos

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