quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

"Os bairros estavam desertos" / Lisboa é quase três vezes mais cara do que os arredores Habitação

Escandalosamente alienada, irresponsável e irrealista, ou simplesmente mentirosa, entrevista do Presidente da Associação de Proprietários.
O direito a morar em Lisboa ligado aos efeitos perversos do Turismo e Gentrificação terão que ser os temas dominantes destas Autárquicas.
OVOODOCORVO

"Os bairros estavam desertos"

26 DE JANEIRO DE 2017
00:24

O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Luís Menezes Leitão, acredita que alojamento local afeta apenas dois bairros em Lisboa

Foi lançada uma petição pelo direito de morar em Lisboa. É assim tão difícil?

Devo dizer que parece haver um grande erro de perspetiva. As dificuldades que de facto existem para morar em Lisboa, como a questão do alojamento local, tem expressão em dois bairros de Lisboa e num do Porto e são bairros que estavam desabitados. Vê-se por vezes alguma reação contra o alojamento local, mas a verdade é que tem trazido emprego a esses bairros, que estavam completamente desertos.

Há a questão das rendas altas.

Quando à situação das rendas tem havido uma subida, até mais no preço de venda do que no âmbito do arrendamento. O setor imobiliário tem sofrido com a desconfiança do governo em relação ao arrendamento, prorrogação dos contratos, os aumentos do IMI. São coisas que estão a afetar o setor imobiliário. Se se recordar a partir de 2012 as rendas começaram a cair no preço. Quando se recuou na liberalização das rendas, em 2014 criou-se uma desconfiança do mercado. Concordamos que é preciso repovoar Lisboa que tem neste momento a mesma população que tinha na década de 1920.

E como se faz esse repovoamento?

Não há propriamente vontade das próprias pessoas em ocupar zonas de Lisboa porque estas estão a perder condições, como a perda de estacionamento com estas obras. E não estou a referir ao centro da cidade. Mesmo noutras zonas.

Mas o preço das rendas e das casas não está inflacionado?

Com certeza. Mas o turismo não é o fator determinante. A subida de rendas tem a ver com a desconfiança das medidas e impostos sobre o imobiliário. Só se pode fazer face a isto subindo o valor das rendas.

Os proprietários preferem arrendar a estrangeiros?

Com a lei que prorrogou os contratos, houve muita gente que preferiu arrendar a estrangeiros. Não quer dizer que se pague mais, apenas que se espera que não fiquem para sempre.

Lisboa é quase três vezes mais cara do que os arredores
Habitação

26 DE JANEIRO DE 2017
00:25
Ana Margarida Pinheiro

O preço do metro quadrado em Lisboa aumentou, em alguns casos, mais de 37% nos últimos três anos

Os preços das casas em Lisboa não param de aumentar. Com mais procura e novos incentivos à reabilitação, os imóveis para venda chegam a estar hoje 37% mais caros do que em 2013. A justificar este crescimento está um mercado de compra e venda mais ativo, empurrado por programas de apoio ao investimento estrangeiro e novo fôlego no crédito à habitação. E o alojamento local também ajudou a inflacionar os preços.

Com o mercado imobiliário mais ativo, especialmente nas grandes zonas urbanas, há outra nuance que salta à vista - os preços das casas em Lisboa são até três vezes superiores aos das cidades dos arredores. O preço médio por metro quadrado na cidade de Lisboa era no final do ano passado de 3404 euros, o que significa que é difícil encontrar uma casa de apenas cem metros quadrados - um T3, por exemplo - por menos de 300 mil euros. No Barreiro, por exemplo, o metro quadrado é de 884 euros e de 879 euros no Montijo. Mais próximo só em Cascais, onde os valores sobem para 2293 euros por metro quadrado. Em Sintra, a média é de 1219 euros e em Oeiras pagam-se 1865 euros por metro quadrado, tornando os arredores de Lisboa mais atrativos para quem quer comprar casa, mostram dados facultados pela Confidencial Imobiliário ao DN/Dinheiro Vivo.


E mesmo dentro da cidade de Lisboa os valores variam e muito. A freguesia mais cara é a de Santo António, que envolve a Avenida da Liberdade e o Príncipe Real, onde o metro quadrado sobe para 5254 euros. Em Santa Maria Maior, Avenidas Novas e freguesia da Misericórdia, pagam-se mais de 4000 euros por metro quadrado.

Dentro de Lisboa, a zona mais barata é Santa Clara. Na freguesia que substituiu as antigas freguesias da Charneca e Ameixoeira os valores praticados são 1531 euros por metro quadrado. Marvila e Beato são as duas outras zonas de Lisboa onde os valores estão abaixo dos 2000 euros por metro quadrado, as restantes praticam preços bastante superiores.


Um estudo da JLL mostra que o mercado tem crescido especialmente no segmento premium, com o surgimento de novos projetos, especialmente para investidores com maior poder financeiro. Ao todo, a consultora imobiliária contou 800 novos fogos em 2016, estimando preços entre 3500 e 8000 euros por metro quadrado, nas principais zonas da capital. Neste segmento premium, de casas mais luxuosas, a subida de preços é da ordem dos 19% nos últimos três anos.

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