Estrangeiros já representam metade das dormidas no Porto e Norte
De saída da presidência da Associação de Turismo do Porto e Norte, Vladimiro Feliz faz um balanço muito positivo do turismo internacional na região. E ainda há por onde crescer
O crescimento dos turistas estrangeiros que visitam o
Porto e o Norte do país tem sido imparável. "O Porto está na moda", diz
Vladimiro Feliz, o presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP) e
vereador do Turismo na Câmara do Porto. Os números oficiais comprovam-no. Os
estrangeiros representam já 50% das dormidas na cidade e há novos mercados a
desenharem-se. Os estrangeiros não têm parado de chegar, mas a região ainda quer
mais.
Apesar do crescimento verificado - as dormidas de estrangeiros representavam
apenas 41% do total, em 2009, e 48%, em 2012 -, a ATP não atingiu completamente
os objectivos a que se tinha proposto para o ano passado. "Queríamos chegar aos
2,2 milhões de dormidas e ficamos a 23 mil desse objectivo", explica Vladimiro
Feliz. Um número que leva a ATP a considerar que conseguiu "99%" do objectivo
pretendido e que não a fez baixar os braços. "Para este ano temos o objectivo de
conseguir mais 135 mil dormidas do que no ano passado e, no primeiro semestre,
já aumentámos 134 mil. Portanto, se mantivermos este ritmo, as perspectivas são
muito boas", diz o presidente da ATP, entidade responsável pela promoção externa
da região.A ajudar a este crescimento não está tanto o mercado espanhol que, por tradição, encabeça a lista dos visitantes estrangeiros na região - ocupando, sempre, o 1.º lugar, nos dados referentes a 2004-2012, a que o PÚBLICO teve acesso. Os dados relativos ao primeiro semestre de 2013 revelam que o número de dormidas de espanhóis no Porto e Norte cresceu apenas 3%, quando há mercados que cresceram muito mais. "As dormidas de alemães aumentaram 32% e as dos franceses, 28%. Mas há vários países com aumento de dois dígitos. As dormidas dos Estados Unidos da América, por exemplo, cresceram 26%, da Escandinávia, 16% e da Holanda, 13%", afirma Vladimiro Feliz.
E, depois, há o Brasil, que também não tem parado de crescer. Em 2004, o país ocupava apenas a 6.ª posição na lista dos mercados que mais procuravam o Porto e Norte de Portugal, mas desde 2010 que não larga o 3.º lugar. No primeiro semestre deste ano cresceu mais 11%. "Há uma ligação muito forte dos brasileiros ao nosso país, por razões históricas. Nós tivemos alguma intervenção na divulgação do destino, mas é óbvio que o aumento do poder de compra da classe média brasileira, que tem hoje mais possibilidade de viajar, também pesou neste crescimento", diz Feliz.
O Brasil, a par com a França (que se aproxima "perigosamente" de Espanha, em busca da liderança dos países que mais turistas enviam para a região) e a Alemanha são, por isso, os países em que a ATP quer continuar a apostar, na procura do seu objectivo de fazer crescer ainda mais o número de dormidas no Porto e Norte. A nova aposta, no designado "mercado emergente", vai toda para os EUA, onde a constante divulgação do Porto como destino turístico, através de artigos publicados no New York Times e no Financial Times, ou pela inclusão da cidade como um dos destinos favoritos do gigante do turismo Lonely Planet, captou a atenção dos norte-americanos. "Tenho encontrado muitos turistas jovens, da Califórnia, do vale de Napa, com ligações ao vinho e que, por isso, também se interessam por esta região", afirma Vladimiro Feliz.
Muito mais camas
A ATP acredita que pode ainda crescer nos Estados Unidos e também no Reino Unido ou na Rússia, de onde chegam cada vez mais turistas, via Lisboa. A aposta, defende o presidente à beira de abandonar funções, tem de passar pela realização de grandes eventos e também pela consolidação do Porto como destino de turismo de negócios. A aposta em "nichos de mercado", como o golfe, é mais uma das estratégias em que a região deve continuar a apostar, na expectativa de manter o Porto no mapa do turismo mundial, diz.
Para já, a cidade e a região souberam responder ao aumento da procura. O aeroporto é uma mais-valia e as companhias low-cost - que, no Porto, passaram de transportar 162.771 passageiros, em 2005, para atingir os 1.613.675 em 2011 - um bem inestimável para a chegada de cada vez mais estrangeiros. E a hotelaria também soube responder ao aumento da procura.
O Norte passou de ter 29.523 camas disponíveis em 2001 para as 42.107, em 2012. Os hotéis ainda dominam o sector e, dentro desta categoria, a oferta de quatro estrelas é a mais preponderante - no ano passado havia 12.150 camas disponíveis neste segmento. Já se têm ouvido alguns apelos de responsáveis hoteleiros do Porto a pedir contenção na abertura de novos hotéis, mas Vladimiro Feliz não está preocupado. "O controlo é o próprio mercado que o faz e a percepção que temos é que a concorrência foi saudável", defende
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