A atitude do promotor no que respeita o Património
Arquitectónico, os fabulosos interiores Sec. XIX “ecléctico-orientalistas” /
neo hindu/árabe , os materiais e as tipologias/ elementos decorativos, parece
ser correctíssima e portanto inteligente na área do investimento com
preservaçào total dos interiores … Espera-se que a intervenção no jardim que
parece ser correcta, não seja dominada pelo Zum-Zum da maquinaria e se torne
parte integrante da vivência do Todo, e nào portan...to num "no
place".
Pedagogia inspiradora para “outros” investidores e
respectivos Arquitectos ?
Estímulo para uma nova clientela que exige Autenticidade
Histórica e procura Arquitectos de Restauro ( invísiveis ) e rejeita
Arquitectos Afirmativos e demasiado intervenientes ?
( assinatura vísivel e destruidora do Património )
P.S. Apenas acrescentaria que infelizmente a escolha para o
conceito decorativo do Restaurante não foi a melhor … compacto e pesado,
sobretudo o mobiliário demasiado escuro, presente e calibrado, enchendo o espaço
sem ligeireza e dominando com a sua presença o espaço central …
A escolha foi de abrir o espaço à sua utilização pública
numa filosofia de não intervenção mantendo o seu carácter “patinado” e “shabby
chic” intacto, acompanhando assim a “onda/Vintage” que tem sido desenvolvida
últimamente no eixo Politécnica / D. Pedro V.
A associação imediata é com o malogrado projecto do
Palácio Sotto Mayor, mas este no
Principe Real, está muito menos isolado e mais apoiado pelas dinâmicas
comerciais e sociológicas da envolvente.
É sem dúvida positivo abrir este espaço ao Público, acima de
tudo pela pedagogia Patrimonial conseguida, mas
no futuro, o estado de
conservação dos estuques e pinturas decorativas vai exigir do Promotor, sem
dúvida, uma Conservação/ Restauro completa, cuidada e profissional. Assim ao
utilizar e revelar as maravilhas e riquezas Patrimonias destes Interiores é
acrescentada uma responsabilidade futura incontornável ao Promotor e às
Autoridades responsáveis pela defesa e gestão do Património Cultural.
António Sérgio Rosa de Carvalho
Embaixada. Às compras no
palácio sem precisar de visto
Por Maria Espírito Santo
publicado em 10 Set 2013 in (jornal) i online
Há roupa, decoração, cosmética, música, arte e mais planos para
o novo espaço recentemente inaugurado do Príncipe Real, em Lisboa
Um dia casa de família de bem, mais tarde reitoria de
faculdade, para passar a ser espaço de eventos privados, até set para rodagem
de uma série francesa. Ao palácio já só faltavam os vizinhos e conhecidos para
trazer a cada divisão o melhor que o comércio alternativo tem para dar.
Não é difícil de encontrar: está assinalado com um
"X" em bandeiras azuis, mesmo em frente ao jardim do Príncipe Real,
em Lisboa. A letra não tem muito que se lhe diga, quer dizer que aqui é lugar
de encontro. Duas estátuas seguram os candeeiros de cada lado, a anunciar a
subida com direito a carpete vermelha na escadaria. Um pouco antes, a um canto,
vendem-se plantas. A ideia da Embaixada é recuperar um edifício com história,
juntando o antigo ao moderno em plena harmonia, sem pretensiosismos. Um estilo
que combina com a zona.
"O que faz uma embaixada? Tenta ajudar com contactos,
informação, mas não assegura o sucesso de uma empresa. Tenta facilitar. No
fundo... é isso que fazemos." Catarina Lopes, directora-geral da Eastbanc,
resume a coisa em poucas palavras. O Palácio Ribeiro da Cunha é agora uma
espécie de centro comercial diferente, que prefere as pequenas empresas aos
nomes sonantes das grandes superfícies.
Desde 2005 que a Eastbanc e o seu mentor, Anthony Lanier,
lançaram vistas sobre o Príncipe Real e traçaram um novo objectivo na zona.
Adquirir os edifícios e dar-lhes outra vida tem sido a missão: hoje já se
contam 20 espaços de investimento da imobiliária.
Foi há um ano que olharam para o Palácio Ribeiro da Cunha e
viram algo novo. Depois da série de a época francesa "Maison Close"
ser gravada no interior, a empresa decidiu dar um rumo ao espaço que convidasse
a todo o público. Depois das obras, que recuperaram as infra- -estruturas mas
mantiveram a autenticidade, veio o processo de juntar as marcas a expor. Há
várias na mesma na loja, outras em corredores, nem todas estão de forma
permanente. É por aqui, por favor.
Artes e Ofícios A sensação é a de entrar numa casa e andar a
bisbilhotar as coisas dos outros. Cada quarto tem uma história para contar. No
piso de baixo, a Amélie au Théatre, uma marca já conhecida com criações, dos
sapatos à bijuteria, de inspiração passada e para fazer sonhar. Paredes meias,
a Teresa Lopes Alves, um espaço de música com antigas guitarras, discos e vinis
expostos em antigas gavetas de madeira. A poucos passos, tempo para ser
surpreendido pelo primeiro espaço exclusivo da Moleskine, reconhecida marca de
papelaria que na Embaixada apresenta um amplo leque de opções com bolsas e
outros acessórios. Mesmo ao lado, a decoração da Intemporal, com ofertas
inesperadas para casa - e logo adiante um novo lugar para um homem se entreter
em propostas no masculino, de calçado a aventais pontuados pela elegância da
pele ou do corte.
"A zona é cada vez mais atraente para o turismo e é um
turismo que está interessado em produtos únicos, inovadores e que sejam
específicos do país que estão a visitar", adianta Catarina enquanto
espreitamos outra sala, desta vez ocupada por quatro produtos diferentes: a
Paez, para calçar em todas as cores e feitios, O da Joana, para vestir no
feminino, a Menina e Moça, com acessórios para acompanhar, e ainda a decoração
para casa com opções de matéria-prima reciclável. Antes da escadaria, a Organii
em vertente bebé, produtos biológicos para os mais pequenos e até fraldas de
pano, que o passado tem destas coisas.
As pinturas em grande escala, na parede, ajudam à subida. Na
primeira porta é possível encontrar a Urze, uma junção de diferentes marcas com
atenção à matéria, especial destaque para casacos e outra moda personalizável
com lã da serra da Estrela. Capacetes, colares, bancos, skates, malas, uma
grande misturada de produtos, é a Temporary Brand, um espaço que acolhe
propostas muito diferentes, tempo para se perder a descobrir a cada canto. Na
próxima paragem, a Organii cosmética, que terá brevemente espaço dedicado a
massagens e outros tratamentos de bem-estar, a Boa Safra, com mais opções para
a casa, e a Pavão, com artesanato e extravagância. A mesma palavra serve de
passagem para a Storytailors, da dupla de criadores portugueses. A fechar o
segundo piso está uma sala multi-usos, neste momento ocupada com uma mostra de
calçado da Xuz, também de selo nacional.
Nos corredores, quadros com pinturas coloridas (também para
venda); já lá em baixo, sabrinas ou velas. Todos os projectos são bem-vindos
para experimentar o que é afinal ter negócio na zona. E é para isto que a
Embaixada serve, conta Catarina, para dar a oportunidade de novos nomes,
artistas e ideias chegarem ao grande público.
Outros Planos Na varanda do restaurante da Embaixada, o Le
Jardin, é possível apreciar a vista para as traseiras, ainda em fase de
reabilitação. Ao todo calcula-se um hectare de espaço ao ar livre que
brevemente deverá também ser estacionamento gratuito para quem estiver de
visita à Embaixada. Há ainda cavalariças que devem estar integradas num
projecto com pernas para andar: experiências de vinho do Porto que devem
acontecer entre essa zona e a cave, pronta para receber os turistas ansiosos
por uma lição com prova. Já o último piso - que neste momento não está aberto
ao público - deverá ficar reservado a ateliês, workshops ou pequenos escritórios.
Espalhar o conceito é o objectivo. Outros espaços, como o
Palácio Castilho (neste momento a funcionar como showroom da Pepe Jeans), podem
vir a acolher a lógica de centro comercial alternativo.
A Embaixada está aberta todos os dias. As lojas das 12h00 às
20h00 e o restaurante com horário alargado, para jantar.
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