O quiosque está em fase final de montagem em pleno empedrado
da rua que ladeia a Praça do Município
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Câmara instala quiosque no meio de uma rua lateral à Praça do Município
Quiosque impede agora o acesso de carros à Rua do Arsenal. Câmara não diz se consultou os serviços de tráfego sobre o corte da rua
O vereador José Sá Fernandes afirmou em Julho, em
declarações à agência Lusa, que a sua ideia "é que não haja um sítio aonde vamos
[em Lisboa] em que não haja um quiosque..." A imagem usada pelo responsável pelo
espaço público da cidade parece estar em vias de concretização. Nos últimos
dias, apareceu um quiosque verde, de grandes dimensões, mesmo em frente aos
Paços do Concelho. Não num canto qualquer, mas no leito de um arruamento de
cubos de granito, que ladeia a praça e que constitui o prolongamento natural da
Rua do Comércio.
A rua, com um passeio de um lado e a placa central da Praça do Município do
outro, tem um ramal de acesso ao parque de estacionamento subterrâneo ali
existente, imediatamente antes do sítio em que o quiosque está a ser instalado,
e estabelece a ligação rodoviária com a Rua do Arsenal. Durante a última
alteração introduzida no esquema de circulação automóvel da praça, a saída deste
arruamento para a Rua do Arsenal foi cortada com a colocação de floreiras
amovíveis, impedindo assim, precariamente, a passagem de carros, e ficando a
ligação àquela artéria a fazer-se, apenas para os veículos autorizados, por uma
outra via que passa junto à porta de entrada nos Paços do Concelho.O quiosque que se encontra em fase final de montagem foi colocado logo a seguir ao acesso ao parque de estacionamento, no meio do empedrado, com uma base em betão e com ligações subterrâneas às infra-estruturas de serviço, nomeadamente de água e electricidade. Caso seja decidido, por uma qualquer razão, repor a circulação automóvel no local, será necessário deitar abaixo toda esta estrutura. A utilização da rua em situações de emergência fica igualmente impedida.
De acordo com o assessor de imprensa do vereador José Sá Fernandes, o novo equipamento vai dispor de uma esplanada com mesas e cadeiras, como muitos outros que têm vindo a ser instalados na cidade, e destina-se à venda de comidas e bebidas. A sua exploração será efectuada por uma empresa que ganhou o concurso lançado pela câmara para o efeito "há quatro ou cinco meses." Segundo a mesma fonte, o objectivo da autarquia consiste em "dinamizar a praça" e "atrair gente", uma vez que actualmente não existe ali nenhum estabelecimento do género.
O PÚBLICO quis saber se a Direcção Municipal de Mobilidade e Transportes foi solicitada a pronunciar-se sobre a localização daquele equipamento, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta do gabinete do vereador. Outras fontes camarárias garantem porém, sem se quererem identificar, que não foi pedido nenhum parecer àqueles serviços.
A instalação do quiosque estava ontem à tarde a ser comentada no local por alguns transeuntes, que falavam da decisão como uma "locucura" e recordavam o facto de ainda no mês passado ter sido assinalado o 25.º aniversário do incêndio do Chiado - lembrando que o combate às chamas foi então prejudicado pela existência de floreiras na Rua do Carmo, que dificultaram a passagem dos carros de bombeiros.
A propósito desta iniciativa camarária, o deputado do CDS João Gonçalves Ribeiro, que integra a lista da coligação PSD/CDS/MPT candidata à câmara, contactou ontem o PÚBLICO, afirmando-se "preocupado" com aquilo a que chamou "os excessos do vereador Sá Fernandes, que não salvaguardam as devidas medidas de segurança e bom-senso". O deputado acrescentou que "este quiosque à porta da câmara é a prova de que quem verdadeiramente manda na autarquia não é o dr. António Costa, mas o vereador Sá Fernandes".
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