G20. Putin irrita Cameron quando diz que Reino Unido é
pequena ilha
Por Sérgio Soares
publicado em 7 Set 2013 in (jornal) i online
Presidente russo terá dito que Reino Unido é uma
"pequena ilha que não conta para nada". Moscovo já negou mas polémica
virou afronta
A última coisa que um inglês gosta de ouvir é piadas sobre a
pequenez do seu país. Mas terá sido isso mesmo que aconteceu na Cimeira do G20,
quando o presidente russo se referiu àquele país como uma "pequena ilha
que não conta para nada".
Acontece que a Grã-Bretanha, embora já não tenha um império,
parece continuar a pensar como se tivesse e recebeu a piada como uma afronta
nacional.
Não foi de estranhar que David Cameron tenha de imediato
proclamado uma orgulhosa defesa do país face à piada russa.
Depois de recordar que o Reino Unido combateu o fascismo no
século xx e aboliu a escravatura no século xix, disse que o seu país
"inventou a maioria das coisas que valia a pena inventar, incluindo todos
os desportos que actualmente se praticam no mundo".
Na quinta-feira, o porta-voz do presidente russo, Dmitry
Peskov, teve de negar que este tenha apoucado o Reino Unido como sendo
"uma pequena ilha a que ninguém presta atenção".
Ontem Cameron voltou à carga: "Disseram-me que os
russos desmentem em absoluto as observações, que ninguém proferiu perante mim.
Mas deixem-me ser claro. A Grã-Bretanha pode ser uma pequena ilha, mas desafio
alguém a encontrar um país com uma história igualmente orgulhosa, um coração ou
resiliência tão grandes. A Grã-Bretanha é uma ilha que ajudou a limpar o
fascismo do continente europeu e foi resoluta durante a Segunda Guerra
Mundial", disse.
O chefe do governo britânico mencionou também que o país é a
sexta economia mundial, com a quarta força militar, gracejando: "Para as
pessoas que vivem na Irlanda do Norte, quero dizer que não somos apenas uma
ilha, mas sim uma colecção de ilhas. Não quero que ninguém nas Shetlands ou em Orkney
se sinta deixado de fora por isto."
"Não aceito esses comentário de modo nenhum",
disse, insistindo que a Grã-Bretanha continua a ser uma potência nos assuntos
mundiais.
O isolamento a que Cameron foi votado na cimeira do G20
agravou-se porque o presidente Barack Obama escolheu para conversações
bilaterais o presidente da França, François Hollande, e não ele próprio.
Seja como fora, a polémica chegou a casa e os principais
jornais ingleses mencionam o incidente e alguns publicam artigos laudatórios
sobre a Grã-Bretanha.
"TAMANHO NÃO IMPORTA" escreveu o historiador Tim
Stanley nas páginas do "The Telegraph", elecando dez questões que
comprovam a superioridade a ilha.
O articulista começa por dizer que os britânicos não
sentiram necessidade de matar a família real em 500 anos e que se vestem melhor
que os oligarcas russos, que andam de fato de treino pelas ruas de Londres.
Os britânicos acham o fascimo disparatado; alguns russos
adoram-no. Os britânicos têm um alfabeto que faz sentido; os filmes britânicos
duram apenas 90 minutos; os britânicios nunca poriam um cão no espaço; não têm
um Chernobyl, porque levam a segurança a sério; não há casamentos arranjados;
os britânicos sentem-se confortáveis com a sua sexualidade e são "gay
friendly". A homosexualidade não faz parte do carácter russo, a menos que
se contem Ivan, o Terrível, Tchaikovsky, Sergei Eisenstein, Sergei Diaghilev,
Nijinsky, Sophia Parnok, Rudolf Nureyev...
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