Quanto ao seu opositor, o socialista afirma que "Fernando Seara não pensa ser presidente da Câmara de Lisboa, senão teria feito um programa com princípio, meio e fim e que fosse exequível".
"Afectos" ... ou simplesmente POPULISMO !? |
A sobriedade de António Costa e a exuberância de Fernando Seara
Não são só partidos e programas eleitorais que afastam os dois candidatos a Lisboa, mas também o seu estilo de fazer campanha
Um é sóbrio, contido, cumprimenta homens e mulheres
com apertos de mão, entrega-lhes folhetos com as suas propostas e apresenta o
candidato à junta de freguesia, que segue ao seu lado nas acções de rua, na
dianteira da comitiva. O outro é exuberante, dá beijos às senhoras, distribui
elogios e gracejos, parece não pensar duas vezes antes de falar e segue no meio
do seu grupo de apoiantes, para quem deixa a tarefa de entregar prospectos.
Na campanha para a Câmara de Lisboa, não são só as filiações partidárias e os
programas eleitorais que distinguem António Costa e Fernando Seara. O PÚBLICO
acompanhou ontem o socialista num passeio pela Quinta das Conchas, no Lumiar, e
o social-democrata numa visita à Feira da Luz, em Carnide, e constatou que os
dois principais candidatos à autarquia têm pouco ou mesmo nada em comum na forma
como interagem com os eleitores. António Costa chegou à Quinta das Conchas à hora marcada, saudou o grupo de apoiantes que o esperava à entrada e, sem perder tempo, começou a caminhada pelo jardim. Foi à cafetaria, ao parque infantil, aos relvados onde várias famílias faziam piqueniques e aos bancos de jardim, e fez por cumprimentar cada uma das pessoas que lá se encontravam. Só quem corria ou jogava futebol escapou.
O socialista distribuiu sorrisos, apertos de mão e brochuras onde apresenta as suas "cinco marcas fundamentais para os próximos anos". Ouviu algumas queixas de munícipes, nomeadamente sobre a higiene urbana e o trânsito, e muitos votos de boa sorte. Em troca, deixou promessas de melhorias na lavagem e varredura das ruas, conselhos sobre a melhor forma de circular na Avenida da Liberdade e desejos de felicidades e de um bom domingo.
No fim, António Costa disse ao PÚBLICO que o facto de as televisões terem decidido não cobrir a campanha e de rádios e imprensa o estarem a fazer "de forma esporádica" o obriga a apostar mais do que nunca "em contactos de proximidade" com os eleitores. Quanto ao seu opositor, o socialista afirma que "Fernando Seara não pensa ser presidente da Câmara de Lisboa, senão teria feito um programa com princípio, meio e fim e que fosse exequível".
Já o candidato da coligação PSD/CDS/MPT, que de manhã tinha feito uma arruada entre as Docas e Belém, visitou a Feira da Luz à tarde e uma das primeiras coisas que fez ao chegar, com algum atraso, foi transmitir aos seus apoiantes que por uma questão de "respeito" não queria interferir com a procissão que estava prestes a começar.
Fernando Seara pediu a algumas das pessoas que o acompanhavam que tomassem a dianteira e seguiu no meio do grupo. Respondeu sem pressas às perguntas dos jornalistas, a quem garantiu que tem saído das acções de rua "surpreendido" com as "manifestações de simpatia". Sobre se elas se reflectirão em votos, o candidato encolheu os ombros e disse que isso "já é outra matéria".
Enquanto falava sobre algumas das suas propostas para Lisboa, como o prolongamento do Túnel do Marquês, que, segundo diz, custará "não mais de 25 milhões de euros (...) se não houver nenhum embargo da obra por parte de nenhum especialista em embargos", e sobre a "meninice" passada no Colégio Militar, Fernando Seara deixou para os seus apoiantes o contacto com os eleitores. E a distribuição de folhetos com as ideias para a freguesia, t-shirts e caixas de comprimidos.
No caminho para as farturas, pelas quais perguntou insistentemente gritando que a sua "querida mãe" lhe tinha dado dinheiro para as comprar, falou com algumas das pessoas com as quais se cruzou. Recebeu palavras de apreço pelo trabalho em Sintra, deu beijos e elogios e comparou a sua careca com a de um transeunte.
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