quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Rússia "rouba" aliados à União Europeia e Barroso atira-se a David Cameron


Rússia "rouba" aliados à União Europeia e Barroso atira-se a David Cameron
Por António Ribeiro Ferreira
publicado em 12 Set 2013 in (jornal) i online

Arménia, Moldávia, Geórgia e Ucrânia voltaram costas a Bruxelas e só têm olhos para Moscovo. E o referendo no Reino Unido sobre a Europa é irresponsável e populista
A União Europeia não tem política externa. Os exemplos são muitos e a recente crise na Síria mostrou mais uma vez que a Europa a uma só voz é um mito em que só alguns acreditam. Mas Bruxelas tenta alargar a sua influência, não só com novas adesões, como aconteceu recentemente com a Croácia, que se tornou o seu 28.o membro, mas também com parcerias políticas e económicas com países que são disputados igualmente pela poderosa Rússia de Putin e Medvedev. E o vencedor, pelo menos para já, é claramente o novo czar da Rússia.

Ontem em Estrasburgo, no discurso sobre o Estado da União, Durão Barroslo decidiu abrir o livro e fazer uma série de queixinhas aos eurodeputados. E acusou Moscovo de estar a tentar limitar a soberania de alguns países que querem estabelecer laços mais profundos com a União Europeia. O presidente da Comissão Europeia lamentou que a Arménia, por exemplo, que estava prestes a estabelecer um acordo com Bruxelas, tivesse rompido as negociações para se atirar para os braços de Moscovo. Mas além da Arménia, Durão Barroso deu os exemplos da Moldávia e da Geórgia, que estão a ser fortemente pressionadas pelos russos para seguirem o caminho dos arménios. O pior, no entanto, é a Ucrânia. O maior país da região, que já foi o celeiro da antiga União Soviética, está com o coração partido entre Bruxelas e Moscovo. E, para espanto do presidente da Comissão Europeia, os ucranianos, apesar das liberdades e de tudo o mais que a União Europeia oferece aos povos do mundo, está a um passo de abraçar de novo os seus vizinhos russos, uma aliança que nunca deixou de existir mas que pode tornar-se muito penosa para Bruxelas.

ATAQUE A DAVID CAMERON
 Outros alvos de Durão Barroso em Estrasburgo foram David Cameron e o Partido Conservador. Tudo pelo referendo anunciado pelo chefe do governo britânico no início do ano sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. O presidente da Comissão Europeia atirou forte sobre Londres e disse que o UKIP, o partido eurocéptico, pode não só vencer o referendo como as próximas eleições europeias de 2014. Durão Barroso acusou David Cameron de não ter capacidade política para confrontar o UKIP e de preferir adoptar posições eurocépticas e populistas para tentar impedir a fuga do eleitorado. Mas, advertiu Barroso, "o eleitorado, entre a cópia e o original, prefere sempre o original".


Sem nada a perder, já que é pouco provável que se mantenha como presidente da Comissão Europeia depois das eleições europeias, Durão Barroso, depois de ter perdido pontos junto de Merkel e Hollande, ganhou ontem, com certeza, mais um poderoso inimigo. Teias que a Europa tece.

Sem comentários: