TRANSPORTES
Uma pequena cábula para entender as mudanças que aí vêm
com a Carris Metropolitana
Novos autocarros começam a circular na quarta-feira, dia
1 de Junho, e vão implicar mudanças de numeração nos percursos e um período de
adaptação dos passageiros que apanham autocarros em Alcochete, Moita, Montijo,
Palmela e Setúbal. Este é um guia com as principais mudanças.
Cristiana Faria
Moreira
29 de Maio de
2022, 21:23
Muito vai mudar a
partir de Junho LUSA/
A par da redução
tarifária que, em 2019, tornou mais acessível circular na Grande Lisboa, a
melhoria do serviço do transporte rodoviário é condição essencial para garantir
o “direito à mobilidade” e atrair para o transporte público de quem vive e
trabalha na região. A partir de quarta-feira, está dado um passo nesse sentido,
com o arranque da operação da Carris Metropolitana, a marca única que pintou os
autocarros todos de amarelo, desenhou um novo mapa da rede, alterou números de
linha, retirou percursos e acrescentou outros. Avança agora em alguns
municípios da margem sul, e no início de Julho vai estender-se a território.
Eis um guia para que os passageiros não se percam.
O que muda a
partir de 1 de Junho nos autocarros da Grande Lisboa?
É o início da
operação de transporte rodoviário da Carris Metropolitana, que vai uniformizar
todos os autocarros que circulam na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e
centralizar a operação. O que é que isto quer dizer? Que embora sejam operados
por diferentes empresas os autocarros passarão a ser todos iguais, amarelos.
Assim, a distinção entre Rodoviária de Lisboa, Vimeca ou Transportes Sul do
Tejo vai desaparecer. Para já, os novos autocarros começam a circular em
Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal e, a 1 de Julho, nos restantes
município da AML.
Mas vai haver
mais autocarros? E mais horários?
A ideia é que de
facto isso aconteça. O novo desenho da rede prevê que a oferta seja aumentada
em 35%, relativamente à existente. Serão introduzidas novas linhas, 160 em
cerca de 820, mas esse reforço será feito, sobretudo, com mais horários, diz a
Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) que vai coordenar a operação.
Isso quer dizer
que a minha paragem ou percurso vai mudar?
Não exactamente,
sem bem que a numeração das linhas será radicalmente diferente. Estão previstas
algumas mudanças em paragens, embora a TML considere que essas terão pouca
expressão no conjunto. Para o novo desenho da rede, os 18 municípios foram
divididos em quatro grandes áreas: a área 1 integra Amadora, Oeiras e Sintra
(mais Lisboa e Cascais), a área 2 Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de
Xira, a área 3 Almada, Seixal e Sesimbra e a área 4 Alcochete, Moita, Montijo,
Palmela e Setúbal (mais Barreiro).
Cada linha terá
agora quatro dígitos. O primeiro corresponde precisamente à área em que o
concelho se localiza. Já o segundo identificará o concelho onde circula — ou se
circula entre concelhos — e os dois restantes indicam a linha. Por exemplo, o
autocarro 768, hoje operado pela Transportes Sul do Tejo, que circula entre
Palmela (Terminal) e Vila Nogueira de Azeitão, vai passar a ser o 4550, uma vez
que faz parte da área 4 e circula entre concelhos (5) da mesma área.
Os números dos
autocarros que vão circular nos diferentes concelhos da área 4 começam assim:
Alcochete (40XX)
Moita (41XX)
Montijo (42XX)
Palmela (43XX)
Setúbal (44XX)
Circulam entre
municípios da área 4 (45XX)
Circulam para
outros municípios fora da área 4 e Barreiro (46XX)
Circulam para
Lisboa e para outros municípios (47XX)
Circulam para
fora da AML (49XX)
A mesma lógica
será aplicada às restantes áreas. Além do novo número, as linhas foram
agrupadas quanto à sua extensão e estarão identificadas com uma cor: a Linha
Próxima (carreiras de proximidade - azul), a Linha Longa (maioria das carreiras
com serviço regular - vermelha), a Linha Rápida (ligações directas sobretudo em
auto-estrada - amarela) e a Linha Inter-regional (para viajar para fora da AML
- cor-de-rosa). Foram ainda criadas as linhas Praia (verde) e Turística
(laranja), que serão ainda desenvolvidas.
Onde posso
consultar as novas linhas? E os novos horários?
A informação
estará disponível no site da Carris Metropolitana, que criou um “conversor” de
linhas, a partir do qual os passageiros podem descobrir a nova numeração na
qual normalmente viajam. E também disponibilizou os horários referentes aos
municípios da área 4, podendo ser descarregado para o telemóvel. No final da
semana passada, abriram também os primeiros espaços Navegante em Alcochete,
Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Nesses espaços, funcionam serviços de apoio
ao passageiro para esclarecimento de dúvidas e a adesão e carregamento dos
passes. Tal como anteriormente, nos terminais Multibanco da região, nos pontos
Navegante e nas redes de agentes habituais. A Carris Metropolitana
disponibilizou também uma linha telefónica (210 418 800). As juntas de
freguesia e as câmaras municipais deverão também fazer divulgação de novas
linhas e horários.
Em Lisboa os
autocarros vão também mudar?
Não. Na capital
vai manter-se a operar a Carris, que é uma empresa municipal, e diferente da
Carris Metropolitana. O mesmo acontecerá com os transportes municipais de
Cascais e do Barreiro que também vão manter-se. O que se altera são as ligações
a estes concelhos.
O serviço vai
melhorar?
É essa a
promessa. A par do reforço dos horários, a Carris Metropolitana tem como grande
objectivo reforçar a fiabilidade e atrair mais pessoas. Claro está que, para
tal, é preciso que cumpram os horários. Para isso, a TML está a trabalhar num
sistema de monitorização em tempo real dos veículos, que admite não estar a
100% no início da operação devido à falta de componentes disponíveis no
mercado. Haverá ainda 370 painéis informativos, com o tempo que falta para o
próximo autocarro, que serão colocados pelas paragens, em estações ou locais
com muita afluência de pessoas e de transportes. Mas ainda não foram colocados.
E para quando uma
app dos transportes?
Espera-se que até
ao final do ano. Será uma app com a informação da Carris Metropolitana,
horários e linhas, e vai permitir a validação do título de transporte com o
telemóvel e a compra de viagens. A ideia é que a app vá também integrando
informações de outros meios de transporte e empresas, para uma verdadeira
circulação à escala metropolitana. Para tal, os validadores dos autocarros
necessitam de tecnologia NFC, o que, no momento, ainda nem todos têm.
Estão previstas
mudanças nos passes Navegante Municipal e Metropolitano?
Não. O preço de
30 e 40 euros vai manter-se, com as respectivas modalidades de desconto para
estudantes e pessoas mais velhas.
E haverá mudanças
no preço dos bilhetes ocasionais?
Sim. Com esta
concentração de gestão do transporte rodoviário, vão terminar 902 títulos de
transporte, sobrando, meia dúzia. Os preços vão variar consoante o tipo de
linha: próxima, longa, rápida ou inter-regional. Serão mais baratas se forem
comprados antes, como no sistema de zapping que existe, e mais caros a bordo do
autocarro. Este é o novo preçário:
- Linha Próxima:
0,85 ou 1,25 euros;
- Linha Urbana:
1,55 ou 2,60 euros;
- Linha Rápida:
3,10 ou 4,50 euros;
- Linha
inter-regional: entre 2,60 ou 3,60 euros comprado a bordo, caso a carreira saia
da AML.
Os autocarros vão
ser novos?
Muitos serão,
embora sejam também aproveitados alguns antigos. A Carris Metropolitana terá
uma frota de cerca de 1600 veículos, dos quais 1400 serão novos ou terão menos
de um ano. Será uma mudança significativa, uma vez que a idade média da frota
actual ronda os 15 anos. No anúncio do arranque da operação, em Abril passado,
foi deixado o compromisso de cerca de 5% da frota inicial ser movida a
combustíveis limpos, devendo essa percentagem crescer ao longo dos anos.
O que é a
Transportes Metropolitanos de Lisboa?
A TML foi criada
em 2020, na sequência do concurso público internacional lançado em 2019 para
assegurar o transporte rodoviário na Grande Lisboa por sete anos, no valor de
1,2 mil milhões de euros. Foi fundada pela AML, que a detém a 100%, para gerir
o serviço público de transporte rodoviário, que operará sob a marca Carris
Metropolitana. No entanto, apesar de os autocarros estarem todos uniformizados
e a sua gestão centralizada, o serviço continuará a ser prestado por empresas
de transporte. Estas terão agora de prestar contas à TML, que prevê
penalizações casos não cumpram o estipulado no caderno de encargos. Na área 1,
os autocarros responsabilidade da Viação Alvorada, na área 2 da Rodoviária de
Lisboa, na área 3 da Transportes Sul do Tejo e na área 4 da Alsa Todi.
Uma das primeiras
acções da TML foi alterar a imagem dos passes que se vendem na Grande Lisboa.
Se fez um passe há poucos meses, já não recebeu o antigo cartão verde Lisboa
Viva, mas sim o Navegante.
tp.ocilbup@arierom.anaitsirc
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