MOBILIDADE
Moedas propõe que obras na ciclovia da Almirante Reis
avancem sem consulta pública
Presidente da autarquia apresentou proposta alternativa à
do BE, do Livre e da vereadora independente Paula Marques, que queriam ouvir a
população e realizar estudos.
Luciano Alvarez
30 de Maio de
2022, 15:01
Houve um volte
face na polémica na ciclovia da lisboeta Av. Almirante Reis. O BE tinha
apresentado uma proposta para ouvir a população e realizar estudos sobre o
projecto, o que não parava as obras já em curso, mas nesta segunda-feira Carlos
Moedas apresentou uma proposta alternativa à dos bloquistas para que as obras
avancem, o que, no entender da oposição, faz com que as obras avancem, de
facto, mas sem implicar a realização da consulta e dos estudos desejáveis.
A proposta do
presidente da autarquia, que já afirmou ter ouvido “mais de 600 pessoas”, foi
apresentada em reunião extraordinária da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Diz
see uma “alternativa à Apresentação de um Projecto de Alteração fundamentado
para a ciclovia da Av. Almirante Reis, nos termos da proposta” subscrita pelas
vereadoras Beatriz Gomes Dias (BE), Paula Marques (independente eleita pela PS)
e por Rui Tavares (Livre). “Propomos que a Câmara Municipal delibere dar
continuidade à execução dos trabalhos em curso de acordo com o projecto de
execução e cronograma anexos”, é escrito.
Em comunicado, o
BE afirma que Carlos Moedas “apresentou uma proposta para a manutenção das
obras de alteração da ciclovia da Almirante Reis sem estudos independentes, sem
pareceres e sem consulta pública formal como estava patente na proposta do
Bloco, do Livre e da vereadora Paula Marques”.
Recorda também
que está na Assembleia Municipal de Lisboa “uma petição para a manutenção da
ciclovia assinada por 1500 pessoas e que não se conhecem estudos independentes
(como o prometido estudo do LNEC) ou mesmo o projecto técnico de alteração da
ciclovia, conhecendo-se apenas a planta e cronograma”.
A Beatriz Gomes
Dias reafirmou que a proposta apresentada “vai ao encontro do consenso atingido
na última reunião de câmara, em que se decidiu em questões semelhantes que
tinha de ser feita uma consulta pública e estudos independentes”.
Em comunicado, os
vereadores do PCP revelam que irão apresentar uma proposta para a criação de um
Plano Urbano participado para a Avenida Almirante Reis que “integre e valorize
uma verdadeira participação pública e actue no conjunto de problemas urbanos,
ambientais, sociais através do cruzamento de conhecimentos e recursos.”
Esta proposta,
acrescentam, irá apresentar “projectos de reabilitação de espaço público numa
área de intervenção alargada”, que “valorizem as relações de vizinhança, as
acções e dinâmicas locais, as redes ecológicas, os sistemas de mobilidade
suave, a acessibilidade universal e o comércio local”. Os comunistas consideram
a ciclovia “como parte fundamental deste eixo, e as várias manifestações
públicas de moradores e organizações, que exigem um processo de discussão
pública mais aberto e qualificado, e ainda que, a realidade urbanística, as
áreas de circulação pedonal e cruzamentos estão longe de cumprir os mínimos no
que respeita às acessibilidades e que urge dar prioridade ao transporte público
e ao transporte de emergência”.
Já a vereadora
Paula Marques, citada pela Lusa, defendeu que a proposta para a realização de
consulta pública “já serviu o propósito” de pensar o que será feito na
Almirante Reis “com dados concretos”.
Diz, porém, que o
documento apresentado por Carlos Moedas “é apenas um desenho sem a necessária
fundamentação técnica”, mas que permite concluir que é relevante o aumento do
número de bicicletas a circular na avenida e que “não faz sentido avançar com
propostas de alteração na ciclovia à pressa” quando já a partir de setembro
esta artéria vai ser interrompida com obras do Plano Geral de Drenagem de
Lisboa (PGDL).
Na proposta de
Carlos Moedas é reafirmado que “decorrente do processo de auscultação e dos
actuais dados de qualidade ambiental, de ruído e mobilidade, mostra-se
necessário libertar o sentido ascendente, promover uma saída fluida do tráfego
do centro para a periferia; instalar a ciclovia, bidireccional na faixa
descendente, partilhada, não segregada, condicionar o acesso à baixa de tráfego
excessivo e, em simultâneo, promover condições de segurança e conforto para os
utilizadores”.
O presidente da
autarquia acrescenta que “foram efectuadas várias visitas de campo, técnicas e
temáticas, para discussão e validação da proposta” com diversas entidades, “que
contribuíram para a consistência da solução agora proposta”.
“Foram igualmente
realizados ensaios com a Carris, EMEL e com o Metropolitano de Lisboa para
testar diferentes soluções e cenários”, acrescenta.
Entre os
documentos apresentados por Carlos Moedas estão desenhos e estudos técnicos,
inclusive dados sobre o trânsito na Avenida Almirante Reis, a calendarização da
intervenção, que prevê a duração de “83,5 dias”, e a estimativa orçamental de
construção civil e sinalização, que inclui dois cenários, um que custa 290 mil
euros e que prevê a “hidroinjeção para remoção da ciclovia no sentido
ascendente, bem como a remoção da sinalização horizontal em ambos os sentidos”,
e um outro que tem o preço de cerca de 400 mil euros e sugere a “hidroinjeção
de lancil a lancil no sentido ascendente” e a remoção da sinalização horizontal
no sentido descendente.
Novas regras em
Arroios
Na passada
sexta-feira foram apresentados os mapas da obra, que revelam que a circulação
no Mercado de Arroios, que actualmente se faz no sentido dos ponteiros do
relógio, vai ser invertida.
Na Rua Carlos
Mardel, junto ao mercado de Arroios, o sentido é igualmente invertido, são
criados alguns pontos de estacionamento e é retirada a faixa bus. Segundo uma
fonte da autarquia, aqui o sentido teve de ser invertido “porque os autocarros
não conseguiam fazer a viragem para entrar na Rua Morais Soares”.
Até agora, a
circulação na Carlos Mardel fazia-se no sentido entre a Morais Soares e a
Alameda, mas, no primeiro troço, ou seja, entre a Morais Soares e o Mercado de
Arroios, havia uma faixa bus que circulava em sentido contrário aos carros.
Esta faixa é agora suprimida e substituída por estacionamento em espinha, tal
como existe no outro troço da rua, depois do mercado. Os autocarros continuam
assim a circular no mesmo sentido em que já circulavam, mas já sem faixa
dedicada e os automóveis passam a dirigir-se também na mesma direcção, na mesma
faixa de rodagem.
tp.ocilbup@zeravla.onaicul
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