terça-feira, 31 de maio de 2022

Moedas propõe que obras na ciclovia da Almirante Reis avancem sem consulta pública

 



MOBILIDADE

Moedas propõe que obras na ciclovia da Almirante Reis avancem sem consulta pública

 

Presidente da autarquia apresentou proposta alternativa à do BE, do Livre e da vereadora independente Paula Marques, que queriam ouvir a população e realizar estudos.

 

Luciano Alvarez

30 de Maio de 2022, 15:01

https://www.publico.pt/2022/05/30/local/noticia/moedas-propoe-obras-ciclovia-almirante-reis-avancem-consulta-publica-2008213

 

Houve um volte face na polémica na ciclovia da lisboeta Av. Almirante Reis. O BE tinha apresentado uma proposta para ouvir a população e realizar estudos sobre o projecto, o que não parava as obras já em curso, mas nesta segunda-feira Carlos Moedas apresentou uma proposta alternativa à dos bloquistas para que as obras avancem, o que, no entender da oposição, faz com que as obras avancem, de facto, mas sem implicar a realização da consulta e dos estudos desejáveis.

 

A proposta do presidente da autarquia, que já afirmou ter ouvido “mais de 600 pessoas”, foi apresentada em reunião extraordinária da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Diz see uma “alternativa à Apresentação de um Projecto de Alteração fundamentado para a ciclovia da Av. Almirante Reis, nos termos da proposta” subscrita pelas vereadoras Beatriz Gomes Dias (BE), Paula Marques (independente eleita pela PS) e por Rui Tavares (Livre). “Propomos que a Câmara Municipal delibere dar continuidade à execução dos trabalhos em curso de acordo com o projecto de execução e cronograma anexos”, é escrito.

 

Em comunicado, o BE afirma que Carlos Moedas “apresentou uma proposta para a manutenção das obras de alteração da ciclovia da Almirante Reis sem estudos independentes, sem pareceres e sem consulta pública formal como estava patente na proposta do Bloco, do Livre e da vereadora Paula Marques”.

 

Recorda também que está na Assembleia Municipal de Lisboa “uma petição para a manutenção da ciclovia assinada por 1500 pessoas e que não se conhecem estudos independentes (como o prometido estudo do LNEC) ou mesmo o projecto técnico de alteração da ciclovia, conhecendo-se apenas a planta e cronograma”.

 

A Beatriz Gomes Dias reafirmou que a proposta apresentada “vai ao encontro do consenso atingido na última reunião de câmara, em que se decidiu em questões semelhantes que tinha de ser feita uma consulta pública e estudos independentes”.

 

Em comunicado, os vereadores do PCP revelam que irão apresentar uma proposta para a criação de um Plano Urbano participado para a Avenida Almirante Reis que “integre e valorize uma verdadeira participação pública e actue no conjunto de problemas urbanos, ambientais, sociais através do cruzamento de conhecimentos e recursos.”

 

Esta proposta, acrescentam, irá apresentar “projectos de reabilitação de espaço público numa área de intervenção alargada”, que “valorizem as relações de vizinhança, as acções e dinâmicas locais, as redes ecológicas, os sistemas de mobilidade suave, a acessibilidade universal e o comércio local”. Os comunistas consideram a ciclovia “como parte fundamental deste eixo, e as várias manifestações públicas de moradores e organizações, que exigem um processo de discussão pública mais aberto e qualificado, e ainda que, a realidade urbanística, as áreas de circulação pedonal e cruzamentos estão longe de cumprir os mínimos no que respeita às acessibilidades e que urge dar prioridade ao transporte público e ao transporte de emergência”.

 

Já a vereadora Paula Marques, citada pela Lusa, defendeu que a proposta para a realização de consulta pública “já serviu o propósito” de pensar o que será feito na Almirante Reis “com dados concretos”.

 

Diz, porém, que o documento apresentado por Carlos Moedas “é apenas um desenho sem a necessária fundamentação técnica”, mas que permite concluir que é relevante o aumento do número de bicicletas a circular na avenida e que “não faz sentido avançar com propostas de alteração na ciclovia à pressa” quando já a partir de setembro esta artéria vai ser interrompida com obras do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL).

 

Na proposta de Carlos Moedas é reafirmado que “decorrente do processo de auscultação e dos actuais dados de qualidade ambiental, de ruído e mobilidade, mostra-se necessário libertar o sentido ascendente, promover uma saída fluida do tráfego do centro para a periferia; instalar a ciclovia, bidireccional na faixa descendente, partilhada, não segregada, condicionar o acesso à baixa de tráfego excessivo e, em simultâneo, promover condições de segurança e conforto para os utilizadores”.

 

O presidente da autarquia acrescenta que “foram efectuadas várias visitas de campo, técnicas e temáticas, para discussão e validação da proposta” com diversas entidades, “que contribuíram para a consistência da solução agora proposta”.

 

“Foram igualmente realizados ensaios com a Carris, EMEL e com o Metropolitano de Lisboa para testar diferentes soluções e cenários”, acrescenta.

 

Entre os documentos apresentados por Carlos Moedas estão desenhos e estudos técnicos, inclusive dados sobre o trânsito na Avenida Almirante Reis, a calendarização da intervenção, que prevê a duração de “83,5 dias”, e a estimativa orçamental de construção civil e sinalização, que inclui dois cenários, um que custa 290 mil euros e que prevê a “hidroinjeção para remoção da ciclovia no sentido ascendente, bem como a remoção da sinalização horizontal em ambos os sentidos”, e um outro que tem o preço de cerca de 400 mil euros e sugere a “hidroinjeção de lancil a lancil no sentido ascendente” e a remoção da sinalização horizontal no sentido descendente.

 

Novas regras em Arroios

Na passada sexta-feira foram apresentados os mapas da obra, que revelam que a circulação no Mercado de Arroios, que actualmente se faz no sentido dos ponteiros do relógio, vai ser invertida.

 

Na Rua Carlos Mardel, junto ao mercado de Arroios, o sentido é igualmente invertido, são criados alguns pontos de estacionamento e é retirada a faixa bus. Segundo uma fonte da autarquia, aqui o sentido teve de ser invertido “porque os autocarros não conseguiam fazer a viragem para entrar na Rua Morais Soares”.

 

Até agora, a circulação na Carlos Mardel fazia-se no sentido entre a Morais Soares e a Alameda, mas, no primeiro troço, ou seja, entre a Morais Soares e o Mercado de Arroios, havia uma faixa bus que circulava em sentido contrário aos carros. Esta faixa é agora suprimida e substituída por estacionamento em espinha, tal como existe no outro troço da rua, depois do mercado. Os autocarros continuam assim a circular no mesmo sentido em que já circulavam, mas já sem faixa dedicada e os automóveis passam a dirigir-se também na mesma direcção, na mesma faixa de rodagem.

 

tp.ocilbup@zeravla.onaicul

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