POLÍTICA
MONETÁRIA
BCE prepara várias subidas das taxas a partir de Julho
Em declarações recentes, Christine Lagarde admite que o
banco central está “numa posição de sair das taxas de juro negativas no final
do terceiro trimestre”.
Sérgio Aníbal
29 de Maio de
2022, 6:41
Os sinais que
chegam de Frankfurt são cada vez mais claros. Forçados a reagir perante uma
inflação alta, os membros do conselho de governadores do Banco Central Europeu
(BCE) preparam-se para começar a subir taxas de juro já durante este Verão e
por diversas vezes até ao final do ano.
O processo de
normalização da política monetária na zona euro, que até há alguns meses se
pensava vir a ser feito de forma lenta e progressiva, parece agora que vai
ocorrer de forma rápida durante a segunda metade deste ano. Depois de vários altos
responsáveis do BCE terem sinalizado a possibilidade de que a primeira subida
de taxas de juro possa ocorrer já na reunião de Julho, a presidente da
instituição deixou, esta semana, pouco espaço para dúvidas.
“Estou à espera
que as compras líquidas [de activos] acabem logo no início do terceiro
trimestre. Isso vai permitir que as taxas de juro comecem a subir na nossa
reunião de Julho”, afirmou Christine Lagarde, acrescentando que, “com base nas
actuais circunstâncias”, o banco central está “numa posição de sair das taxas
de juro negativas no final do terceiro trimestre”.
Neste momento, a
taxa de juro de refinanciamento do BCE (aquela a que emprestam dinheiro aos
bancos no curto prazo) está em zero, mas a taxa de juro de depósito (aquela a
que remuneram os bancos que depositam as suas reservas no banco central)
encontra-se em -0,5%. As palavras indicam que, em princípio, Lagarde está a
apontar para uma subida de 0,25 pontos em Julho e outra subida logo em
Setembro.
Nos mercados, a
expectativa é a de que as subidas de taxas continuem ao longo do quarto
trimestre, o que significa que as taxas directoras do BCE vão poder afastar-se
de zero até ao final do ano. Para as taxas de juro do mercado, sejam as
Euribor, sejam as aplicadas pelos bancos nos depósitos, sejam as conseguidas
pelo Estado nas suas emissões de dívida pública, a consequência vai ser também
uma subida.
tp.ocilbup@labina.oigres
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