“Fui eu que ganhei as eleições sozinha” ( !!??
)
“Ainda estamos em
aprendizagem” ( !!?? )
Joacine Katar
Moreira
Livre volta a
corrigir Joacine, mas não retira confiança a deputada
O partido esteve
reunido durante aproximadamente oito horas este domingo. Em comunicado, Livre
garante que continua unido e compromete-se a focar-se no programa eleitoral.
Documento desmente tese de que candidatura da deputada não teve apoio da
direcção.
Liliana Borges
Liliana Borges 24
de Novembro de 2019, 23:09
Depois de um
fim-de-semana de troca de acusações entre a direcção do Livre e Joacine Katar
Moreira, o partido emitiu um comunicado onde afasta a tese de que a deputada
não tem o apoio da direcção, conforme a própria se tinha queixado, e reiterou
um voto de agradecimento a todos aqueles que contribuíram para a eleição da
deputada.
Num comunicado
enviado ao PÚBLICO após a conclusão da reunião da assembleia do Livre, o
partido repetiu as palavras de Rui Tavares e diz-se perplexo com os
acontecimentos que marcaram os últimos dias.
“Assumimos as
dificuldades de comunicação e queremos garantir que estamos a trabalhar em
conjunto para as resolver, reafirmando que o partido continua unido e focado em
torno do seu programa político e eleitoral”, garante a nota.
No mesmo
documento, é ainda reiterada a posição, “estabelecida ao longo dos seis anos de
existência do partido, na defesa dos Direitos Humanos e subscrevendo os
princípios do Direito Internacional contra os colonatos ilegais na Palestina”.
Já ao início desta
tarde, à entrada para a reunião, o fundador do Livre Rui Tavares prometeu o
regresso à trilha de um “partido sério e empenhado nos verdadeiros temas”, mas
a fricção entre o Livre e a sua única deputada eleita Joacine Katar Moreira não
parece ter abrandado.
“Quero deixar uma
mensagem a todos aqueles que votaram no Livre, seguem a política portuguesa, a
todos os nossos concidadãos: é a de que sei que muitos estão perplexos e quero
que tenham consciência de que nós também estamos”, declarou.
Já Joacine Katar
Moreira também garantiu que é “absolutamente impossível” desvincular-se do
partido, reforçando que vai “cumprir absolutamente” o mandato de quatro anos.
“É aqui onde eu hei-de estar, é aqui onde eu estou e aqui onde irei obviamente
cumprir absolutamente o que me foi mandatado”, declarou a deputada antes de
entrar na sede do partido, da qual sairia horas depois, sem mais comentários
aos jornalistas.
Depois do
comunicado da direcção do partido ter afirmado que estava “preocupado” com o
sentido de voto da deputada — uma vez que não não reflectia as tomadas de
posição oficiais do partido sobre a questão palestiniana — Joacine Katar
Moreira afirmou que a “abstenção não se deveu a uma falta de consciência ou
descaso desta grave situação, mas à dificuldade de comunicação” com a actual
direcção do Livre, da qual é parte integrante, para além de deputada única do
partido. “Foram três dias de contacto infrutífero para saber dos
posicionamentos da direcção relativos ao sentido de voto das propostas que nos
chegaram, onde esta constava”, disse numa nota enviada ao PÚBLICO. Por não
saber qual a posição da direcção do Livre decidiu abster-se, justificou. A
justificação não convenceu a direcção e a troca de ataques continuou.
O encontro da
assembleia do partido já estava agendado antes de a polémica dominar o dia de
ontem. A troca de acusações começou através de comunicados, primeiro do Livre e
depois de Joacine Katar Moreira, e terminou com a deputada a dizer que não
sentia apoio por parte da direcção do partido e do seu fundador, Rui Tavares.
“Fui eu que ganhei as eleições, sozinha, e a direcção quer ensinar-me a ser
política”, disse em declarações ao jornal Observador, à margem de um jantar
comemorativo do aniversário do partido este sábado, em Lisboa.
No sábado, Joacine
Katar Moreira atirava as responsabilidades da discussão pública para o partido
e diz que a troca de comunicados poderia ter sido evitada, se o Livre não
tivesse avançado com o primeiro comunicado, uma vez que a direcção do partido
tinha encontro marcado.
Posteriormente,
Pedro Nunes Rodrigues, da direcção do Livre assegurou à Lusa que nunca foi
pedido pelo gabinete de Joacine Katar Moreira qualquer apoio específico no voto
sobre a Palestina, mas adiantou que o partido continuará a trabalhar com a
deputada “para que a legislatura corra da melhor forma, sem problemas de
comunicação”.
Apesar da tensão
que domina o Livre, a deputada garantiu que tem “interesse” em manter uma boa
relação com a direcção do partido, “quer ao nível da relação institucional,
quer ao nível da responsabilização”, ainda que ressalve que até agora isso
“nunca aconteceu”. E aponta a idade do partido, que este sábado celebrou o 6.º
aniversário: “Ainda estamos em aprendizagem”, disse ao Observador.
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